Olá amigos leitores,
Hoje estou sofrendo daquela "enfermidade" dos escritores, embora não seja uma escritora mas uma simples blogueira: "Bloqueio do escritor". Geralmente, durante a semana já vou pensando sobre o quero escrever. Muitas vezes a inspiração vem durante o banho (a água, para mim, é um ótimo catalisador de ideias); outras vezes são fatos do cotidiano, livros, palestras que assisto, conversa com amigos.
Mas hoje a ideia que me veio foi escrever sobre minha experiência pessoal nesse primeiro ano de pandemia (como assim, primeiro ano? Teremos outro ou outros anos? Eu acredito que sim.) Aqui em Curitiba, para nós, o "fique em casa" inicial aconteceu em 20.03.2020, e acredito que em todo o Brasil; em muitos países foi antes.
Talvez alguns de vocês poderão lembrar-se de suas experiências e possam também buscar juntar os pedaços de vossas vidas através de minha narrativa. Cada pessoa teve uma experiência diferente, mas creio que até o momento presente, ninguém permaneceu intacto. Quando falo de "juntar os pedaços de vossas vidas" não me refiro a juntá-los para formar um todo igual ao que era antes dessa situação - refiro-me a juntar os pedaços para uma análise criteriosa do que permanecerá e do que deverá ser descartado para sempre.
Nossas vidas seguem num crescimento constante e sempre há mudanças - muitas vezes as ignoramos e tentamos permanecer em nossa "zona de conforto", mas como dizem, "o tempo é implacável" - há que mudar para evoluir sempre - é a lei da vida.
Bem, vamos à experiência - quando o tal do "fique em casa" foi decretado, me senti como uma prisioneira num campo magnético/virtual de concentração (quem acompanha meu blog, escrevi sobre o livro de Viktor Frankl "O Sentido da Vida", passado num campo de concentração nazista - meu primeiro texto, após a apresentação do blog). Pois é. O valor que mais aprecio na vida é a liberdade - e ela me foi tirada; decidiram que eu fazia parte do "grupo de risco" - idosa (tinha 63 anos na época, hoje já tenho 64 anos). Ativa, dinâmica, saudável e alegre como sou, ainda não tinha me imaginado como idosa - mas para o Brasil eu era. Muitos países atribuem às pessoas com mais de 80 anos, a pecha de "idoso".
Bem, depois do choque inicial, foi nossa decisão, de meu marido e eu, de não aceitar o que estavam nos impondo. Assim, como moramos numa casa com jardim, podíamos tomar nosso sol/ar/chuva diários e realmente nos penalizamos daqueles que moravam em apartamentos.
Nosso bairro é muito bom e caminhávamos todos os dias após o almoço numa praça perto de casa e não deixamos de nos exercitar. Não temos filhos e nossos pais já não pertencem mais a esse mundo, então não havia nenhum filho para nos dar "ordens" e nenhum "idoso" para nos preocupar. É óbvio que tomávamos nossas precauções como a distância, a máscara e o "banho" de álcool gel - nossa vantagem, eu considero uma vantagem, é não temermos a perda da vida, afinal de contas, depois de um tempo você percebe que não será eterno, mesmo que deseje. Isso não quer dizer que não tive raiva, angústia, conflito - até hoje não pude estar com minha irmã e sobrinha que moram em São José dos Campos - SP; minha outra sobrinha que mora no exterior, estava grávida e resolveu ter o bebê no Brasil; o bebê nasceu e eles três, minha sobrinha, o marido e o bebê ficaram em São José dos Campos até outubro e eu não o conheci, só pela internet; nem pude estar com meus amigos queridos de São Paulo - Capital (costumava ir para São Paulo - Capital uma vez por mês para proferir uma palestra e ver meus amigos). Hoje sinto saudades ainda de tudo isso e aguardo o momento de poder voltar a vê-los e abraçá-los.
Assim, os dias, as semanas, os meses foram passando e eu fui modificando meu estado interior - a raiva deu lugar a uma expectativa mais tranquila - afinal de contas, são tantas atitudes esdrúxulas dos governantes e das pessoas que se eu tivesse que ter reações de surpresa, de angústia, de temor, de raiva, de desespero, já teria sido hospitalizada ou com o tal de Covid-19 ou de um ataque de nervos.
Então como consegui manter um certo equilíbrio? Tentarei relatar resumidamente.
Hoje posso dizer que a pandemia trouxe-me uma visão diferente da vida no planeta Terra (sempre me achei um ET e agora tenho certeza que sou um.) (Na década de 70 havia um seriado de ficção científica chamado "Os Invasores" que dizia que os ETs já estavam entre nós...ahahahah)
Primeiramente, olhei para dentro de mim e resolvi deliberadamente isolar-me de todos - nada de encontros via Zoom, Google Meet, etc. Queria entender quem eu era e o que estava fazendo aqui e como continuar essa jornada. Como gosto de ler, devorei (e ainda devoro) muitos livros (bendito hábito). Aprendi sobre o poder do pensamento positivo (sim, alguns livros de auto ajuda, os quais sempre critiquei negativamente), meditação, ecologia (li muito sobre árvores - tenho um texto no blog sobre isso também), física, astronomia.
Por uma dessas sincronicidades do destino, no início da pandemia, alguém me enviou no WhatsApp uma lista de "120 filmes, séries e documentários para despertar uma nova consciência na quarentena"; assisti a todos e alguns deles comprei livros sobre os assuntos e pesquisei outros na Internet. Enquanto isso, fazia minhas orações diárias (lembrar do Mestre Jesus sempre traz força ao espírito), caminhava ao sol, fazia ioga (três vezes por semana), meditava - ah, um fator importante, continuávamos a comer as mesmas coisas de sempre nos horários costumeiros e acordávamos e dormíamos na mesma hora habitual todos os dias. Tudo isso continua uma prática constante. As noites insones foram raras e felizmente, a vizinhança deu trégua nas noites de sexta e sábado, então o silêncio foi bom.
Durante esse ano aprendi muito sobre mim, sobre os outros e sobre o mundo - continuo aprendendo. "Conheci" pessoas incríveis que se não fosse pela pandemia não teria conhecido. Lembro de algumas: Viktor Frankl, Ana Cláudia Quintana Arantes, Wayne Dyer, Ludwig Von Mises, Jordan B. Peterson, Charles Darwin, Deolindo Amorim, Papa Francisco, J.J.Benitez, Caio Copolla, Luís Ernesto Lacombe, Rodrigo Constantino, Louise Hay, Deepak Chopra, Sri Prem Baba, Ana Rita Alves, Jason Stephenson, Luís Felipe Pondé, Tatiana Feltrin, Antônio Donato Nobre (esse "conheci" ontem), Gretchen Rubin, Rajshree Patel, Dostoievsky, Kim Kataguiri. Algumas dessas pessoas já conhecia e assim busquei me aprofundar mais em suas vidas, teorias, ideias.
Descobri teorias e sistemas que nunca tinha ouvido falar: fractais, ho'oponopono, evolução índigo, universo holográfico, zeitgeist, o poder da água, samadhi, samsara, zen, matemática, pathwork, etc.
Quem desejar pode pesquisar os nomes e os temas na Internet. Nem tudo me agradou, mas descobri que há muitos ETs por esse mundo afora - não sou a única. Assim me senti acolhida por essas novas informações e fui resgatando partes boas de minha pessoa e tentando descartar as partes não tão boas.
Depois de um tempo, já acostumada à nova rotina, resolvi compartilhar com os outros minhas descobertas e assim surgiu o blog "Refletindo" em setembro de 2020. Há muito tempo que venho realizando trabalhos voluntários para auxiliar outras pessoas, não muito materialmente, mas mais expandindo suas consciências. Alguém já disse que quando auxiliamos outros a trilhar seus caminhos somos mais felizes - é a pura verdade.
Finalizando, consegui desfazer o "bloqueio de escritor" e escrevi um bom texto (pelo menos é o que acho). Espero ter auxiliado alguém. Quanto à pandemia - caso ela persista mais tempo do que o esperado, estou pronta para continuar aprendendo, lendo, caminhando, meditando e esperando continuar fazendo a parte que me cabe nesse mundão de Deus!
Boa semana a todos!
Até!
P.S. Futuramente, para não ter outro "bloqueio de escritor" aceito de bom grado, sugestões de temas para desenvolver e trazer mais reflexões a todos.
Bela trajetória, Sônia. A pandemia não trouxe modificações na minha rotina, pois amo ficar em casa com meus livros. Os estudos presenciais foram substituídos pelos virtuais. Um dos benefícios foi menos gasto com combustível, estacionamento e academia (esta não pretendo voltar). Como também moro em casa, tenho espaço amplo para me exercitar, caminhando. Em novembro, meu marido contraiu o vírus e alguns dias após, tive os primeiros sintomas do Covid. Ele ficou hospitalizado por dez dias (sem intubação 🙏). Eu fiz o tratamento em casa. É vida que segue!
ResponderExcluirÉ vida que segue mesmo. Grata por compartilhar sua opinião. Que bom que estão bem agora. Falta me sugerir um tema, já que praticamente você é uma seguidora assídua do blog. Boa semana Margarida.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirSônia, sugiro você abordar a ansiedade e consequências.
ExcluirAgradeço sua sugestão. O texto dessa semana já estava em andamento, então sua sugestão, inclusive muito boa e atual, ficará para outra semana.
ExcluirInteressante, cada um teve uma reação com este período de isolamento. Eu, como a Margarida, não tive grandes alterações na minha rotina. Também moro em casa, gosto muito dos trabalhos domésticos ( quando a dor nas costas permite) como jardinagem, pequenos consertos, manutenção do carro, faço a minha caminhada diária, além dos estudos preparatórios para os grupos de estudo que participo. O que acho falta é das reuniões familiares semanais de antes. Mas como tudo é aprendizado, vamos em frente. Quanto à sugestão de tema, considero vc uma pessoa eclética, e todas as suas reflexões são ótimas. Bom final de semana.
ResponderExcluirGrata por compartilhar também seu momento de isolamento. Às vezes é importante falar sobre ele e compartilhá-lo para que outros também possam sentir-se acolhidos.
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