terça-feira, 10 de maio de 2022

O SILÊNCIO PERTURBADOR

Caros amigos leitores,

Uma das coisas que mais prezo nessa vida, além da liberdade, é o silêncio.

O Silêncio tem aquela característica única - ou é almejado ou é odiado.  Para muitas pessoas ele é aguardado com ansiedade, mas para outras pessoas ele é eliminado rapidamente com algum som assim que ele se manifesta.

Agora, por exemplo, enquanto escrevo essas linhas paira no ar um silêncio relativo - o bairro onde moro é geralmente quieto e tranquilo - raramente há trânsito, vez ou outra passa um avião e, felizmente, o som de pássaros enche o ar, talvez devido ao nosso jardim.  Nem todas as casas da rua possuem um jardim.  O nosso é razoavelmente grande, pois temos treze árvores.  O João-de-barro e o Bem-te-vi disputam o jardim com suas melodias, mais parecendo um desafio que os violeiros costumavam realizar em outras épocas.

Embora a tranquilidade reine em minha residência, nem sempre estou em casa e, então, o silêncio se faz inexistente em outros ambientes.  Assim anseio por ele nas ruas, no transporte coletivo, nos restaurantes, nas lojas...  Hoje até nos templos religiosos ele é escasso.

As pessoas sempre precisam encher o ar com palavras; talvez com receio de que o seu silêncio seja interpretado como um sinal de alguma doença mental, de estranhamento.  Cada vez que entro num restaurante deparo-me primeiramente com uma música de fundo (aliás, nem é "de fundo", é "de frente" mesmo) - o local, a disposição das mesas, o aroma da comida - esses ficam em segundo plano. Sempre me questiono porque se colocam músicas cantadas (raramente há músicas instrumentais, suaves) uma vez que todos falam ao mesmo tempo e falam num volume alto, pois a música compete com a conversa das pessoas.  Há argumentos de que com a música alta, pessoas que "conversam" numa mesa não conseguem ouvir a conversa de outra mesa, trazendo uma certa privacidade, se podemos chamar desse modo.  Assim todos falam alto e o local se torna insalubre para consumir uma comida saudável.  Sem levar em conta a TV - em todos os locais (do universo...) há uma TV ligada - num restaurante, tira todo o prazer de consumir a comida e do papo com os amigos e/ou familiares.

Meu argumento pessoal é de que quando adentramos um ambiente silencioso temos uma tendência a mantê-lo deste modo - ouso sonhar com um restaurante desta estirpe.

Como também valorizo a liberdade, como já citei, respeito o livre arbítrio de qualquer pessoa, mas infelizmente parece que poucas pessoas fazem uso dele escolhendo momentos de silêncio, de quietude.

Pouco se apercebem que o estresse dos centros urbanos tem como principal vilão  o ruído, o barulho constante, o movimento.  Costumo dizer que o silêncio não é para os fracos - há que se ter uma dose de boa vontade, concentração, consciência para elegê-lo em algum momento do dia.

A pessoa cercada de ruído é aquela que tem muita dificuldade de buscar o silêncio.  Isso acontece porque dentro dela existe um barulho, um ruído tão grande impossibilitando-a à quietude - ela necessita criar no exterior ou estar num ambiente ruidoso exatamente para acalmar seu "barulho" interno, mas o ideal é constatá-lo, analisá-lo para tentar eliminá-lo, ou na melhor das hipóteses, amenizá-lo.  E, para essa finalidade necessitamos de silêncio - para ouvirmos o que nosso eu, nossa alma quer nos dizer.

A nossa reflexão de hoje é a sugestão de fazer silêncio dentro de nosso íntimo.  Buscar no recôndito de nosso ser, a essência do silêncio - da paz, da quietude, da tranquilidade.  E, se houver algum "ruído" interno questioná-lo do porquê ele nos perturba.

Boa reflexão!

Até a semana que vem.



 

2 comentários:

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