sexta-feira, 30 de junho de 2023

A DAMA DAS ABELHAS

Olá leitores,

Esta semana vou compartilhar com vocês um pequeno conto de minha lavra o qual ficou "tamborilando" em minha mente esses dias.

"Era uma vez uma garotinha muito mal humorada - ela tinha muitas dificuldades no trato social, parecia não gostar de ninguém e apesar de realizar atividades "normais" de sua faixa etária , ela não aturava ninguém - na escola, no esporte, em casa.  Isso trouxe a ela um apelido: "broncosa".

Entretanto, apesar dessa sua atitude perante os humanos, em relação aos animais, ela era todo amor e delicadeza, principalmente dedicada aos insetos.  Ela gostava muito de ficar sozinha, pois percebeu que ninguém a compreendia - ela não gostava de fazer tudo o que as outras crianças faziam.  Ela preferia a companhia da natureza - as árvores (suas mentoras), as flores, os pássaros e mais que tudo os insetos.

Como era uma criança nascida no século passado, ela tinha ganho na escola um aparato de plástico de uns 7 cm mais ou menos, um compartimento, onde havia numa ponta uma lente de aumento e uma tampa na outra ponta; tipo um pequeno binóculo, mas para um olho só, um monóculo então, mas não para olhar fora, mas para olhar para dentro, parecido com um caleidoscópio.  Nesse compartimento era colocada uma pequena foto em negativo, tipo slide antigo, (se me lembro bem, pois também sou dessa época) e apontando-se para a luz, para o sol, podia-se visualizar a foto.  Não sei se me compreendem, mas ela tirava a foto do compartimento fechado e colocava um inseto vivo, uma formiga por exemplo, e quando apontava para a luz, por causa da lente, a formiga era aumentada de tamanho. Assim ela percorria o jardim de sua casa a cata de insetos para esse aparato - besouros, abelhas, pequenos caracóis - tudo era perscrutado com detalhe.

Ela era considerada estranha, e para os dias de hoje logo a diagnosticariam "autista", embora ela participasse das atividades da escola e das tarefas do lar a contento.

Seus melhores momentos na vida eram no jardim.  Uma ocasião, sua mãe, lavando roupa no tanque, colocou no chão uma bacia com água e a garotinha, logo viu uma vespa se aproximando para beber água na beira da bacia - ficou maravilhada com a cena e colocou o dedo perto da vespa e esta subiu nele - a mãe, vendo a cena ficou desesperada, logo achando que a vespa iria ferroar a menina.  Entretanto, esta calmamente saiu de perto com a vespa no dedo pedindo a mãe que se acalmasse pois estava assustando o inseto - este saiu do dedo, sem causar nenhum mal à garota e voou para longe.

Então a garotinha cresceu, tornou-se adolescente, namorou, cursou a faculdade (numa área que foi "incentivada" por seu pai, para ganhar dinheiro - nada a ver com a natureza), entrou para o mercado de trabalho, namorou muito (nenhum homem a compreendia totalmente, embora ela fizesse esforços para agradar pois achava que precisava casar para ter segurança).  Assim, depois de muito trabalhar em diversas áreas (sempre era mandada embora), cursou outra faculdade na área de humanas para ver se entendia os outros (ela sabia quem era e não abria mão disso) - queria compreender como conviver nesse mundo que, aos seus olhos, era incompreensível, pois só entendia a natureza que a aceitava como ela era sem críticas.

Assim, finalmente quando ela tinha desistido de buscar o homem "perfeito" para ela, ele apareceu - tão estranho quanto ela - arredio, mal humorado, fechado, voltado para as artes em geral - ela ficou encantada com ele - eu diria que um encantou o outro - parecia realmente um feitiço.

A família dela não gostou dele de início, mas talvez, pensaram, ele seja bom para ela, e o aceitaram.  Então, pela ordem natural da vida, casaram-se.  Mudaram-se para outra cidade, compraram uma casinha com um belo jardim (exigência dela).  Como companhia tinham um comedouro de pássaros e muitos deles vinham todos os dias alegrar o café da manhã deles - ela colocava todos os dias bananas, laranjas e mamão para eles.

Obviamente esse quintal tinha a paixão dela: insetos - borboletas, besouros, abelhas, mamangavas, vespas, lagartas, taturanas, caracóis, lesmas e é claro flores, muitas flores para os insetos se alegrarem.

O mundo evoluiu (?) e com essa evolução muitas pessoas voltaram-se para a natureza - era preciso preservá-la para as gerações futuras.  Então, ela deixou de ser "esquisita", "estranha" para ser uma pessoa avant-garde, futurista.

Nesse período, os cientistas perceberam que as abelhas estavam desaparecendo e com elas a própria humanidade poderia perecer, pois sem a polinização, plantas, flores, plantações poderiam também, com o tempo, desaparecer.  Houve, inclusive, um cientista que afirmou que a abelha era o animal mais importante do planeta.

Ela, amante de abelhas, relembrou seus dias de infância e resolveu construir um apiário em sua casa com total aprovação do marido (este havia se tornado um fotógrafo da natureza, tendo vendido muitas fotos para galerias de arte).  Eram realmente um casal perfeito, pelos menos aos olhos dos dois.

E, assim foi feito, e a partir desse dia, ela ficou conhecida na cidade como a "dama das abelhas" - aqueles pequenos seres alados que ela tanto amava e que recebia delas por conta desse amor, o mais doce mel de todos."

Bem, acho que não dá para refletir muita coisa nesse conto, mas ele me foi inspirado e resolvi colocá-lo no papel.

Boa semana!








 

terça-feira, 20 de junho de 2023

"VIAGEM AO CENTRO DA TERRA"

Caros leitores,

O livro do mês de junho de nosso Clube de Leitura foi "Viagem ao Centro da Terra" de Júlio Verne.  Ele foi escrito em 1864.  Duas versões deste livro já foram transformadas em filme - vi as duas, entretanto nunca tinha lido o livro e gostei.  Como o título traz, um mineralogista e seu sobrinho, juntamente com um guia resolvem enfrentar esse desafio, quando o tio encontrou um texto/documento escrito por um cientista, dentro de um livro raro.  Este relata que realizara a tal viagem ao centro da Terra.

A viagem se inicia num vulcão na Islândia e termina também num vulcão na Itália.

A história traz situações bizarras, encontros com animais pré-históricos, ossadas e até um mar com uma estranha claridade "solar".  Há muito suspense, momentos claustrofóbicos e a aventura de encontrar coisas inusitadas.

Na minha opinião, a melhor frase do livro e que nos traz reflexão é: "A ciência, meu rapaz, é feita de erros, mas de erros que é bom cometer, pois conduzem à verdade."

Nossa discussão do grupo foi interessante. A história é uma ficção científica onde nossa imaginação correu solta e até houve quem pesquisou sobre as camadas da Terra e os elementos químicos que a compõem.  E, novamente o objetivo do Clube de Leitura foi alcançado: uso da imaginação, a pesquisa e a aquisição de novos conhecimentos.

Bora ler o livro?

Boa semana!


 

sexta-feira, 16 de junho de 2023

AUSÊNCIA DE LIMITES

Caros leitores,

Como o título já o diz, hoje falaremos sobre limites, ou melhor, como lidar com a ausência de limites.

No dicionário Aurélio, limite é: 1. linha de demarcação; 2. linha real ou imaginária que separa dois terrenos ou territórios contíguos; 3. ponto que não se deve ou não  se pode ultrapassar; fronteira. No texto de hoje, então, definiremos limite, mesclando algumas definições acima, como uma linha imaginária que não se deve ultrapassar.

Bem, então a que tipo de limite estamos nos referindo? Estamos falando do limite de ação de cada indivíduo no que se refere à sua vida e a de seu semelhante.  Até onde cada um pode agir no que diz respeito a si e ao outro. A ideia aqui é fazer uso de nossos direitos levando em consideração os direitos alheios; é também fazer a escolha de nossas atividades diárias respeitando as escolhas dos outros.

Em realidade, se todos pensassem como nós tudo seria mais fácil, não é? Ledo engano.  Haveria a dificuldade do progresso uma vez que haveria somente um caminho - felizmente a vida traz obstáculos, percalços a todos nós e cada um deve trilhar o seu caminho particular.

Como saber até onde devemos ir e quando parar, como perceber que um limite foi transposto? Obviamente, primeiramente em momento de interiorização, devemos nos questionar sobre os nossos limites - nós os temos? Quais são eles? Eles são úteis, são saudáveis? A que ou a quem eles servem? Devemos transpô-los? Sim ou não? Depois de respondermos a essas questões, partamos para a ação.  Algumas vezes não conseguimos responder a todas as perguntas, então que busquemos ajuda para esta tarefa.  Muitas vezes, após ajuda externa e reflexão interna, conseguimos agir.

Em nosso planeta, e primordialmente, em nosso país, em minha opinião, há uma grande dificuldade de exercitarmos nossa liberdade; muitos acreditam que o Estado deve prover tudo (até emprego assalariado!).  Esta crença dificulta sobremaneira o exercício do livre arbítrio e, concomitantemente, o autoconhecimento, e este, por sua vez, também dificulta o progresso individual e coletivo.

Os limites são vitais nos relacionamentos humanos.  Quando estabelecemos fronteiras saudáveis, crescemos com a autoestima, lidamos melhor com nossos sentimentos, aprendemos a amar verdadeiramente e com isso nos proporcionamos segurança interior. Limites determinam o equilíbrio das relações pessoais, facilitam o bom senso. A pessoa desonesta, consciente ou inconscientemente, diz "poder fazer o que não pode" ou "possuir o que não tem".

Pessoas que não possuem limites são pessoas desorganizadas, descontroladas - sua ausência de limites é bilateral ou seja, não se importam que outros invadam o seu território e com isso, acreditam que todos são assim, ou seja, elas acabam invadindo de forma constante e usual, a privacidade alheia, transgredindo territórios emocionais dos outros e o pior que tudo, acreditam estar no direito de fazer isso.  Muitas vezes, alguns desses indivíduos agem acreditando que fazem  o bem para os outros, mas ao invés disso tolhem o livre arbítrio de outrem trazendo com isso desequilíbrio espiritual, emocional e social para todos.

Para o desenvolvimento de limites saudáveis, há que se aprender a dizer "sim", ou a dizer "não" quando se fizer necessário - uma vez desenvolvidos estes limites tem-se uma percepção exata de até onde é permitido ir em relação aos outros ou a si mesmo.

Assim como não devemos controlar os outros, também não devemos permitir que os outros nos controlem desrespeitando nosso livre arbítrio - essa é a parte mais difícil.  Aprender a não controlar a vida alheia é um exercício trabalhoso onde também exercitamos nosso autoconhecimento.  Entretanto aprender a não ser controlado pelos outros é, em alguns casos, um exercício mais árduo - há que se usar de uma estratégia para não "melindrar" a pessoa que deseja "controlar" nossa vida ou até para não cortar laços de relação com ela.  Em algumas circunstâncias a quebra desse laço pode se fazer necessária.  Há que se analisar cada situação.  Ressaltamos aqui, que pessoas que desejam controlar nossas vidas são adultos infantilizados e inseguros.  Se fazemos isso com os outros, é o que somos - infantis e inseguros emocional e espiritualmente.

Todas as vezes que quisermos que os outros pensem, sintam ou ajam de acordo com nossos padrões de vida, estamos desrespeitando seus limites emocionais, mentais e espirituais.  Dessa maneira, atrairemos, fatalmente, pessoas que farão a mesma coisa conosco.  Sempre damos aquilo que possuímos.  Então, como querer que os outros respeitem nossos limites ou nossa privacidade se ainda não conseguimos criar nossos próprios limites?

Termino o texto de hoje com as palavras  de Hammed, um pensador: "Enquanto os indivíduos abrirem mão de seu poder pessoal, dado por Deus, de sentir, pensar, agir e de conduzir-se no agora com o melhor de si, e permitirem que os outros determinem quando devem ficar alegres ou tristes, o que devem dizer ou fazer, ou como lidar com determinada situação, serão como folhas perdidas no solo durante uma tempestade: conduzidas aleatoriamente para onde o vento levar..."

Boa semana e boa reflexão!






 

sexta-feira, 9 de junho de 2023

POSICIONE-SE!

Olá leitores amigos,

Atualmente vivemos tempos estranhos onde muitas coisas que aprendemos ao longo de nossa existência estão sendo colocadas em xeque, isto é, estamos sendo apresentados a novas teorias, novas maneiras de viver, forçando-nos (pelo menos uma parte das pessoas) a analisar o mundo que nos cerca e o comportamento dos outros e o nosso próprio.

No planeta, muitos afirmam que chegou o Apocalipse - nada mais correto, uma vez que o significado dessa palavra em grego quer dizer "Revelação" e não o fim do mundo como popularmente se diz.

Para aqueles que possuem olhos de ver e ouvidos de ouvir, percebem novas revelações a cada dia.  Então, muitas vezes, o novo traz consigo uma parcela de medo, de insegurança, de intranquilidade, de estranhamento, de desarmonia.

Desde 2020 tenho assistido muitas "lives" de vários canais do YouTube - e assim tenho descoberto e conhecido muitas coisas, as quais não tinha ideia que existissem - devem ser as tais revelações esperadas.  Nessa empreitada é difícil separar o que é mentira ou ilusão da verdade, embora esta última, muitas vezes, é uma questão de raciocínio, maturidade e bom senso.

Sempre fui uma pessoa com sede de saber - gosto muito de estudar, de ler, e de conhecer outros tipos de cultura.  Então, nessa busca infinita de conhecimento, procuro não descartar nada de imediato - há muitas reflexões a realizar nessa jornada.

Algumas "lives" se apresentam, ao meu ver, incompletas, e, por isso, vou atrás de assuntos similares a fim de completar, pelo menos em parte, meu saber sobre aquele assunto.

Uma das entrevistas/"lives" me chamou muito a atenção e é por causa dela que tenho pautado e tentado modificar minha maneira de ver o mundo, e, por tabela, modificar alguns comportamentos.

O entrevistado sugeria que cada um de nós deveria basear a vida em três pilares.

O primeiro pilar diz respeito à neutralidade - nada de "esquerda" ou "direita", por exemplo.  Esse primeiro pilar só tem sentido quando também levarmos em consideração os outros dois.  Muitas pessoas poderão "apelidar" os "neutros" e aliás, o fazem, de "isentões".

No dicionário Aurélio, ambas as palavras são praticamente colocadas como sinônimos, entretanto também há diferenças.

Isento: desobrigado, imparcial, livre.

Neutro: que julga sem paixão, que não toma partido nem a favor, nem contra numa discussão, contenda.

Bem, antes de completar minha reflexão, vamos ao segundo pilar: o desapego.  Este pilar completa o outro, certo? Até aqui alguém poderia pensar: "Então como viver neste mundo? Não ter opinião sobre nada? Ficar sempre em cima do muro? Que tipo de personalidade seria esta?"

E, assim chegamos no terceiro pilar: a retomada do poder pessoal.

Outra pergunta que poderia advir desse terceiro pilar - o que é o poder pessoal?

O poder pessoal, como a palavra já diz é a minha individualidade, minha personalidade única que não está vinculada a nenhum grupo, a nenhuma instituição, a nenhuma crença ideológica, filosófica, religiosa em particular.

Em um dos livros ao qual estou lendo, e que suscitou este texto de hoje, juntamente com essa "live" mencionada, o personagem principal faz a seguinte pergunta: " Como impor esses conhecimentos aos nossos contemporâneos que já se cristalizaram e se mumificaram no seu pensar referente a acontecimentos que a evidência e a lógica demonstram não estarem de acordo com a verdade?"

A cada dia que passa tento viver sob esses três pilares e o que me auxilia é tentar compreender que cada pessoa é diferente embora sejamos todos humanos. A neutralidade me ajuda a perceber outros pontos de vista; o desapego me descondiciona da paixão nos julgamentos e me faz compreender que estou de passagem e, portanto, nada possuo além do corpo/veículo para viver a vida e da minha individualidade.

Para retomar meu poder pessoal entendo que a cada dia aprendo algo novo sobre o mundo e sobre todos que nele habitam e que viver em harmonia com este universo, fazendo ao outro o que gostaria que fosse feito à mim é a grande meta e grande "sacada" de Jesus.

A ideia de viver sob a égide desses três pilares consiste em cada um encontrar o seu caminho pessoal, enveredar por ele, vivendo uma vida plena de paz, alegria, fraternidade, simplicidade e através desse exemplo de vida, contagiar outras pessoas para que façam o mesmo - esta é uma das alternativas para melhorar a vibração do planeta.

Muitas reflexões e outras ideias "apareceram" enquanto escrevia esse texto, mas ficam para outra oportunidade.

Finalizo completando que esse "novo" caminho que estou seguindo é árduo - existem muitas quedas por ele, mas levanto e continuo a andar.

Boa reflexão!







 

VISITA A SÃO PAULO

Caros leitores, Este ano, em nossa ida para Sampa para visitar amigos que lá deixamos, visitamos 15 pessoas.  O ano passado ficamos 6 dias e...