Caros leitores,
Como o título já o diz, hoje falaremos sobre limites, ou melhor, como lidar com a ausência de limites.
No dicionário Aurélio, limite é: 1. linha de demarcação; 2. linha real ou imaginária que separa dois terrenos ou territórios contíguos; 3. ponto que não se deve ou não se pode ultrapassar; fronteira. No texto de hoje, então, definiremos limite, mesclando algumas definições acima, como uma linha imaginária que não se deve ultrapassar.
Bem, então a que tipo de limite estamos nos referindo? Estamos falando do limite de ação de cada indivíduo no que se refere à sua vida e a de seu semelhante. Até onde cada um pode agir no que diz respeito a si e ao outro. A ideia aqui é fazer uso de nossos direitos levando em consideração os direitos alheios; é também fazer a escolha de nossas atividades diárias respeitando as escolhas dos outros.
Em realidade, se todos pensassem como nós tudo seria mais fácil, não é? Ledo engano. Haveria a dificuldade do progresso uma vez que haveria somente um caminho - felizmente a vida traz obstáculos, percalços a todos nós e cada um deve trilhar o seu caminho particular.
Como saber até onde devemos ir e quando parar, como perceber que um limite foi transposto? Obviamente, primeiramente em momento de interiorização, devemos nos questionar sobre os nossos limites - nós os temos? Quais são eles? Eles são úteis, são saudáveis? A que ou a quem eles servem? Devemos transpô-los? Sim ou não? Depois de respondermos a essas questões, partamos para a ação. Algumas vezes não conseguimos responder a todas as perguntas, então que busquemos ajuda para esta tarefa. Muitas vezes, após ajuda externa e reflexão interna, conseguimos agir.
Em nosso planeta, e primordialmente, em nosso país, em minha opinião, há uma grande dificuldade de exercitarmos nossa liberdade; muitos acreditam que o Estado deve prover tudo (até emprego assalariado!). Esta crença dificulta sobremaneira o exercício do livre arbítrio e, concomitantemente, o autoconhecimento, e este, por sua vez, também dificulta o progresso individual e coletivo.
Os limites são vitais nos relacionamentos humanos. Quando estabelecemos fronteiras saudáveis, crescemos com a autoestima, lidamos melhor com nossos sentimentos, aprendemos a amar verdadeiramente e com isso nos proporcionamos segurança interior. Limites determinam o equilíbrio das relações pessoais, facilitam o bom senso. A pessoa desonesta, consciente ou inconscientemente, diz "poder fazer o que não pode" ou "possuir o que não tem".
Pessoas que não possuem limites são pessoas desorganizadas, descontroladas - sua ausência de limites é bilateral ou seja, não se importam que outros invadam o seu território e com isso, acreditam que todos são assim, ou seja, elas acabam invadindo de forma constante e usual, a privacidade alheia, transgredindo territórios emocionais dos outros e o pior que tudo, acreditam estar no direito de fazer isso. Muitas vezes, alguns desses indivíduos agem acreditando que fazem o bem para os outros, mas ao invés disso tolhem o livre arbítrio de outrem trazendo com isso desequilíbrio espiritual, emocional e social para todos.
Para o desenvolvimento de limites saudáveis, há que se aprender a dizer "sim", ou a dizer "não" quando se fizer necessário - uma vez desenvolvidos estes limites tem-se uma percepção exata de até onde é permitido ir em relação aos outros ou a si mesmo.
Assim como não devemos controlar os outros, também não devemos permitir que os outros nos controlem desrespeitando nosso livre arbítrio - essa é a parte mais difícil. Aprender a não controlar a vida alheia é um exercício trabalhoso onde também exercitamos nosso autoconhecimento. Entretanto aprender a não ser controlado pelos outros é, em alguns casos, um exercício mais árduo - há que se usar de uma estratégia para não "melindrar" a pessoa que deseja "controlar" nossa vida ou até para não cortar laços de relação com ela. Em algumas circunstâncias a quebra desse laço pode se fazer necessária. Há que se analisar cada situação. Ressaltamos aqui, que pessoas que desejam controlar nossas vidas são adultos infantilizados e inseguros. Se fazemos isso com os outros, é o que somos - infantis e inseguros emocional e espiritualmente.
Todas as vezes que quisermos que os outros pensem, sintam ou ajam de acordo com nossos padrões de vida, estamos desrespeitando seus limites emocionais, mentais e espirituais. Dessa maneira, atrairemos, fatalmente, pessoas que farão a mesma coisa conosco. Sempre damos aquilo que possuímos. Então, como querer que os outros respeitem nossos limites ou nossa privacidade se ainda não conseguimos criar nossos próprios limites?
Termino o texto de hoje com as palavras de Hammed, um pensador: "Enquanto os indivíduos abrirem mão de seu poder pessoal, dado por Deus, de sentir, pensar, agir e de conduzir-se no agora com o melhor de si, e permitirem que os outros determinem quando devem ficar alegres ou tristes, o que devem dizer ou fazer, ou como lidar com determinada situação, serão como folhas perdidas no solo durante uma tempestade: conduzidas aleatoriamente para onde o vento levar..."
Boa semana e boa reflexão!
Muito bom, amei . E como diz o ditado: " ...........a vida do outro é sempre do outro" .
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