terça-feira, 12 de janeiro de 2021

FILHOS, REGRAS E LIMITES

 Caros amigos leitores,

A quinta regra do livro de Jordan Peterson "Doze Regras para a Vida" é: "Não deixe que seus filhos façam algo que faça você deixar de gostar deles".

Todos nós gostaríamos que nossos filhos fossem bem recebidos em todos os lugares - mas para que isso ocorra eles precisam ser bem preparados para enfrentar o contexto social.

Para facilitar o entendimento da ideia, imaginemos dois cenários.

O primeiro cenário: você está num restaurante almoçando com seu cônjuge e uma criança, melhor imaginar duas crianças, irmãs, filhas de um casal que também está almoçando, estão brincando, correndo por entre as mesas do restaurante enquanto seus pais estão alheios, conversando ou no celular.  Muitas pessoas e inclusive você sentem-se incomodados com a cena e o equilíbrio de um almoço tranquilo é quebrado.  Você olha para os pais na esperança de que eles percebam a atitude dos filhos, mas eles não se mexem.  Em algum momento você tem a vontade de pedir a eles que "deem um jeito nos filhos" ou até pensa em pedir às próprias crianças que parem de correr pois elas podem se machucar ou causar algum acidente.  Mas, é óbvio que você só tem vontade, e não faz nada porque, afinal de contas, esse não é o seu problema.  Outro sentimento que pode vir à tona nessa situação é a antipatia "gratuita" por essas crianças.  Em realidade, a responsabilidade pela atitude dos filhos nessa situação é dos pais. Já presenciei essa cena muitas vezes, infelizmente, e em algumas delas o garçom ou um funcionário do restaurante acabaram chamando a atenção das crianças.

Agora, vamos para o segundo cenário.  Você está almoçando com seu cônjuge num restaurante e num dado momento você nota um fato incomum - há, numa das mesas, uma família composta do casal, pai e mãe, e dois filhos pequenos, da mesma idade dos filhos do primeiro cenário, entretanto todos estão comendo - há celulares, pouca conversa e os pais ajudam os filhos a se servirem e comerem.  Eu presenciei este acontecimento e após ter almoçado, em minha saída do restaurante, fui até a mesa deles, pedi licença e elogiei os filhos do casal e disse à eles, os pais, que fizeram um bom trabalho.  Eles me responderam que faziam o melhor que podiam e que passaram aos filhos o que aprenderam dos próprios pais.  Talvez eu tenha sido intrometida, mas creio que boas maneiras deveriam ser a regra da humanidade, mas como não o são mais, um elogio é um estímulo para que as pessoas continuem no caminho onde estão.  Infelizmente, os maus modos em sociedade só podem ser lamentados. Não cabe crítica direta à eles.

Então, analisado os dois cenários, em qual deles as crianças recebem vibrações positivas e amorosas por parte dos outros? A resposta à essa pergunta é óbvia - no segundo cenário. 

Jordan Peterson relata sua própria experiência com seus filhos: "Quando nossos filhos eram pequenos e nós os levávamos para os restaurantes, eles atraíam sorrisos. (Peterson tem um casal de filhos, hoje devem estar na faixa dos 30 anos). Eles se sentavam à mesa e comiam educadamente.  Eles não se mantinham dessa maneira por um longo tempo, mas nós também não ficávamos muito tempo.  Quando eles começavam a ficar indóceis, depois de ficarem sentados por 45 minutos, nós sabíamos que era a hora de irmos embora.  Era parte do trato.  Comensais, em algumas ocasiões, nos disseram como era agradável ver uma família feliz.  Nós não éramos sempre felizes e nosso filhos não se comportavam sempre de maneira adequada.  Mas, na maioria das vezes, eles o faziam e era maravilhoso ver as pessoas reagindo tão positivamente à presença deles.  Era realmente bom para as crianças.  Elas podiam perceber que as pessoas gostavam delas.  Isso também reforçava o bom comportamento delas.  Essa era a recompensa."

Nesta regra, Jordan Peterson nos faz refletir sobre nossa postura com relação à educação de nossos filhos.

Ao observarmos como os outros interagem com nossos filhos seria muito gratificante notarmos como há harmonia nessa interação; percebermos como a companhia de nossos filhos é agradável para quem com eles se comunicam.

Peterson afirma que "a capacidade das crianças perceberem as consequências de seus atos a longo prazo é muito limitada.  Os pais são os árbitros da sociedade.  Eles ensinam as crianças a se comportarem de um modo que outras pessoas possam ser capazes de interagir significativamente e produtivamente com elas - disciplinar uma criança é um ato de responsabilidade."

O capítulo dessa regra é bem longo, mas uma das coisas que mais me chamou a atenção foram algumas dicas de disciplina e limite de regras ao educarmos nossas crianças.

"Há dois princípios gerais de disciplina.  O primeiro: limite as regras.  O segundo: use a menor força necessária para reforçar essas regras."

"Sobre o primeiro princípio você poderá perguntar - Como assim limitar as regras?"

Aqui vão as sugestões, as quais achei muito interessantes e diretas (em realidade, muitas delas eu nunca havia pensado):

"Não morda, chute ou bata, exceto em auto defesa."

"Não torture ou acosse outras crianças, assim você não vai terminar sendo preso."

"Coma de uma maneira civilizada e grata, assim as pessoas ficarão felizes de tê-lo na casa delas, e satisfeitas de alimentá-lo."

"Aprenda a compartilhar, assim as outras crianças brincarão com você."

"Preste atenção quando os adultos lhe dirigirem a palavra, assim eles não o odiarão e poderão até ensiná-lo alguma coisa."

"Vá para a cama em paz, assim seus pais poderão ter uma vida particular e não se ressentirão de sua existência."

"Cuide de suas coisas, porque você precisa aprender e porque você tem sorte de tê-las."

"Seja uma boa companhia quando algo divertido está ocorrendo, assim você será convidado para se divertir."

"Faça com que as pessoas fiquem felizes de tê-lo por perto, assim eles sempre gostarão de tê-lo por perto."

"Uma criança que conhece essas regras será bem vinda em qualquer lugar."

Algumas dessas sugestões, na minha opinião, são muito diretas e por vezes, pesadas, mas podemos adaptá-las e usar de expressões mais suaves.  Entretanto, concordo com elas e achei muito interessante a maneira de Peterson educar suas crianças.

Como reflexão de hoje pergunto: Você já havia pensado nessas ideias antes? O que achou delas?

Até semana que vem!


  

4 comentários:

  1. Excelentes sugestões. Sempre adotei com os meus filhos educar pelo exemplo, com muita conversa, evitando situações que nos incomodam nos outros. Somos individualidades e cada filho deve ser trabalhado de forma customizada. Uma boa semana Sonia

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    1. Grata Marcos. Gostaria que vc comentasse sobre o texto anterior " Ano velho". Seus comentários tbm me trazem reflexões.

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  2. A educação é "hereditária", graças aos Céus.😉 Sou filha de poloneses. Austeros, disciplinados e honestos. Às vezes sentia remorso por sermos demasiado firmes com nossa filha em algumas circunstâncias, até o dia em que ela comentou por onde andavam e como estavam alguns de seus colegas do Ensino Fundamental e concluiu com a frase:"ainda bem que vocês me educaram na linha dura".🙏

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    1. Grata pelo seu comentário Margarida. Com certeza fez com que outros leitores tbm refletissem.

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