Olá leitores,
Vamos então ao segundo compromisso de acordo com Don Miguel Ruiz, um nagual tolteca: "Não leve nada para o lado pessoal."
A atitude de levarmos certas situações, alguns diálogos, conversas com outras pessoas para o lado pessoal é bastante comum. E por que isso acontece?
Na psicologia aprendi que quando uma pessoa emite uma opinião sobre outra pessoa, por exemplo, estando ela presente ou não, essa pessoa está se referindo a ela própria. Em realidade, com a experiência percebi que é realmente assim que as coisas ocorrem.
Don Miguel dá o exemplo de uma pessoa na rua que xinga uma outra de estúpida. A pessoa que foi xingada pode pensar: "Como ele sabe? Será clarividente? Ou todos percebem que não passo de um estúpido?" Ela pode já ter interiorizado em outras ocasiões de sua vida essa ideia por ter sido chamada de estúpida e ter acreditado nisso. A outra pessoa que xingou na rua está falando dela mesma pois nem conhece o outro.
"Você leva tudo para o lado pessoal porque concorda com o que está sendo dito." Isso acontece porque você se dá muita importância. Don Ruiz chama essa característica de egoísmo/importância pessoal. Eu chamo de orgulho/vaidade/onipotência. É como se você fosse o centro do mundo e todos estivessem olhando para você.
Claro que isso também é egoísmo, pois trata-se do meu olhar para mim mesma. Don Ruiz explica: "Cometemos a presunção de achar que tudo é sobre "nós". Durante o período de nossa educação - ou domesticação - aprendemos a levar tudo para o lado pessoal. Achamos que somos responsáveis por tudo. Eu, eu, eu e sempre eu!"
Todas as pessoas vivem no seu próprio mundo, em sua própria mente e muitas vezes, esse mundo é completamente diferente do mundo em que vivemos. "O que dizem, o que fazem e as opiniões que emitem estão de acordo com os compromissos que as pessoas possuem em suas mentes."
Se alguém comenta que você engordou, pare e pense: "Eu engordei mesmo, de verdade?" Se sim, Ok a pessoa teve uma boa percepção e se esse comentário não te abalou, siga em frente. Mas, se o fato não é real, ou se é mas você não gostou do comentário, não leve para o lado pessoal. "A verdade é que essa pessoa está lidando com os próprios sentimentos, crenças e opiniões. Ela está tentando envenená-lo, e se você levar isso para o lado pessoal, então estará aceitando esse veneno, que se torna seu. Levar as coisas para o lado pessoal torna você presa fácil desses predadores, os feiticeiros de palavras. Eles conseguem captar sua atenção com uma pequena opinião e injetam todo o veneno que desejam; como você levou para o lado pessoal, acaba aceitando tudo."
"Você aceita o lixo emocional deles, que passa a ser o seu. Mas se você ignorar tais comentários, estará imune, mesmo no meio do inferno. Imunidade ao veneno no meio do inferno é a dádiva desse compromisso."
"Quando você leva os acontecimentos para o lado pessoal, sente-se ofendido e sua reação é defender suas crenças e criar conflitos. Você faz uma tempestade num copo de água, porque tem a necessidade de estar certo e tornar todos os outros errados. Você também tenta estar certo, fornecendo suas próprias opiniões."
Toda essa disputa de opiniões traz um grande desgaste inútil - todos saem abalados e cansados - acredito até que algum aprendizado possa sair desse conflito, mas se não levo as coisas para o lado pessoal, saio da situação mais leve e ainda por cima devolvo o problema, o desafio, o comentário ou a fala para a outra pessoa que originou a situação.
Hoje conversando com uma pessoa, esta contou-me sobre uma discussão familiar, onde a maioria dos membros da família tinham a mesma opinião sobre um assunto e só um ente familiar tinha uma opinião diferente e isso fez com que houvesse uma ruptura temporária na relação. A pessoa que me relatou o fato fazia parte do grupo que tinha a mesma opinião sobre o tema. Ela também relatou que todos do grupo familiar eram de opinião de que essa pessoa era difícil de lidar e que estava claro que eles estavam certos e ela errada, por eles estarem em grande número. Sim, é comum uma maioria estar certa numa situação e a minoria equivocada. Entretanto, esta não é a regra geral. Uma pessoa, olhando de fora do contexto, analisando os dois lados poderá perceber o contrário. Porém, tudo são opiniões e opiniões. Ninguém é detentor da verdade absoluta - pareceu-me nesse caso que a pessoa ilhada com a opinião diferente, poderia estar levando tudo para o lado pessoal não querendo "dar o braço a torcer", como dizemos. A pessoa que me contou a história disse que a pessoa difícil levava realmente tudo para o lado pessoal - é a visão de quem me contou o relato.
Esse relato trouxe-me reflexões sobre como essa pessoa, que leva as coisas para o lado pessoal, sentiu-se após a discussão com a família. Como podemos ajudar alguém que leva as coisas para o lado pessoal? Ajudando-o a se conscientizar do fato? Explicando a situação? Apenas ouvindo, aceitando e não dizendo nada? Acolhendo-o como uma pessoa momentaneamente equivocada? Ou melhor, olhando para nós mesmos e tentando perceber o porquê estamos nessa situação e que lição podemos tirar desse evento?
Bem, as reflexões deixo a cargo de vocês.
O que as pessoas pensam a nosso respeito não deveria ser importante para nós - mas sim o que nós pensamos sobre nós mesmos.
Don Ruiz afirma: "Não levo as coisas para o lado pessoal. O que quer que você pense, como quer que se sinta, sei que é problema seu, não meu. É a forma como você vê o mundo. Não se trata de nada pessoal. Você está lidando consigo mesmo, não comigo. Os outros vão ter outra opinião, de acordo com seu sistema de crenças. Portanto, nada do que pensem a meu respeito corresponde a mim, mas a eles."
"Não leve nada para o lado pessoal, porque ao fazer isso você sofre por nada."
"Quando realmente enxergamos as pessoas como elas são, sem levar para o lado pessoal, nunca poderemos ser feridos pelo que elas digam ou façam."
"Transformar esse segundo compromisso num hábito evitará muitos aborrecimentos em sua vida. Sua raiva, inveja e ciúme irão desaparecer; até mesmo a tristeza irá dissolver-se quando você aprender a não levar as coisas para o lado pessoal."
"Uma grande quantidade de liberdade fica acessível quando você deixa de levar as coisas para o lado pessoal. Você se torna imune à magia negra, e nenhum encantamento é capaz de afetá-lo, não importa quão poderoso seja. Todo mundo pode mexericar a seu respeito, ou lhe enviar veneno emocional intencionalmente, mas se você não levar para o lado pessoal, estará imune. Quando não aceitamos a dor emocional, ela se torna pior para quem a enviou, e não consegue nos atingir."
Esse é um compromisso para colocar na porta da geladeira.
"Não leve nada para o lado pessoal."
Ao introjetar esse segundo compromisso poderemos ir a qualquer lugar que ninguém poderá nos atingir, pois compreenderemos que cada pessoa tem sua história pessoal que na maioria das vezes não tem a ver com você. E, se, por um acaso, você atrair magneticamente algum tipo de comentário ou crítica em sua caminhada, exercite esse compromisso - você estará isento da influência de outrem e ao mesmo tempo poderá dar a oportunidade para o outro de refletir sobre a própria responsabilidade do ato.
Boa semana!
Ligo este compromisso com o de terça-feira passada. Quando ouço uma opinião a meu respeito e que, por orgulho, (já me conscientizei de que é este o sentimento), sinto-me desconfortável, procuro me calar. Santo remédio 🙏 . É o ditado "quem cala, consente". Gratidão por mais esta reflexão, Sônia.
ResponderExcluirOi Margarida. Que bom que estejas introjetando já os dois compromissos. Semana que vem sairá o terceiro. Grata pelo seu comentário e por compartilhar suas impressões.
ExcluirExcelente Sonia, eu nunca tinha pensado na questão de que quando ela emite uma opinião sobre outrem ela está referindo-se a ela própria. Pensando bem, é muito melhor relevarmos a opinião dos outros, principalmente se não condizem com a verdade, o problema está no velho orgulho e egoísmo. Olhando para mim mesmo, vejo que melhorei ao longo da vida nesta questão, hoje evito contendas, deixo pra lá, mas ainda não consigo deixar de ficar chateado. A vida é uma escola mesmo. Grato pelo texto.
ResponderExcluirGostei de sua expressão "a vida é uma escola mesmo". A todo momento temos oportunidades para compreender a verdade. Basta colocarmos ouvidos e olhares atentos nelas. Grata pelo comentário.
ExcluirFantástico Sônia! Algo simples e até óbvio, mas que ficam às margens no dia a dia. Gostei muito da reflexão e do quanto podemos nos blindar dos desequilíbrios, tendo a disciplina de não levarmos as coisas do lado pessoal! Abraços
ResponderExcluirGrata pelo comentário Eduardo. A ideia é nos lembrarmos disso diariamente. A vida fica mais leve.
ExcluirOlá Sônia. Um excelente ano de 2021 na sua vida! Um belo texto para reflexão de Don Miguel Ruiz. E gostei quando você sintetizou o tema na frase: "[...] O que as pessoas pensam a nosso respeito não deveria ser importante para nós - mas sim o que nós pensamos sobre nós mesmos. [...]". Abraços!
ResponderExcluirOi Princis. Que saudades. Grata pelo comentário. E que possamos continuar com nosso autoconhecimento. Bom ano para vc e sua familia tbm.
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