segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

NÃO TIRE CONCLUSÕES

Caros amigos,

Hoje comentaremos o terceiro compromisso de acordo com Don Miguel Ruiz "Não tire conclusões".  Esse compromisso, na minha opinião, é o mais difícil de cumprir.

Quem, nos dias atuais não tira conclusões de tudo o que ocorre, principalmente quando não temos todas as informações dos fatos ao nosso alcance?  Eu diria que o ser humano, com poucas exceções, é campeão em tirar conclusões.

O mais extraordinário dessa atitude é que acreditamos nessas conclusões como se fossem verdadeiras.  Você já pensou nisso?  Reflitamos.

Enquanto escrevia esse texto, um amigo contou-me um fato que havia ocorrido com ele, o qual ilustra perfeitamente o tema de hoje.  Ele se considera um fotógrafo amador e sai quase todas as tardes de sua casa para tirar fotos nos arredores do bairro em que reside - gosta de tirar fotos abstratas, mas também tira fotos de flores, plantas, insetos, pássaros, animais - não tira fotos de pessoas.  Nesta tarde em especial, ao retornar de sua jornada fotográfica, ele me relatou o ocorrido.

Havia uma casa com muro azul e perto dele, uma roseira em flor de flores vermelhas - ele tentou fazer a foto da flor contrastando com o muro, mas achou que não ficaria boa, assim desistiu da foto.  Continuou caminhando e logo um rapaz o interpelou na rua,  se poderia lhe fazer uma pergunta; com a anuência de meu amigo, ele assim o fez, constrangido.  A mãe do rapaz o havia enviado para saber porque ele estava tirando fotos da casa (a dita com o muro azul).  Meu amigo explicou tratar-se de um hobby- ele tem um blog de fotografias.  O rapaz, meio sem graça, depois disso, se afastou.

Então, meu amigo continuou sua caminhada e parou na padaria para tomar seu cafezinho e respectivo pão de queijo costumeiros.  Quando saiu da padaria, como a luz do fim da tarde ainda estava bonita, resolveu ir até uma praça para tirar fotos de um mural que havia sido pintado recentemente - esse mural é bem colorido e tem figuras de pássaros, animais e flores.

Enquanto caminhava, se dirigindo para a praça, obviamente, pela calçada , uma van fez um retorno rápido na rua e parou bruscamente ao lado de meu amigo.  A pessoa saiu do veículo interpelando-o sobre o fotografar.  Ele morava na casa de muro azul e queria saber porque ele havia tirado fotos da casa, do muro.  Meu amigo explicou que era um fotógrafo amador e que tirava fotos de flores e de pássaros e não de casas.  Meu amigo achou que esse homem era, talvez, o pai do menino.  A pessoa continuou dizendo que ele tinha que ter licença para tirar fotos da casa dos outros e que ele tinha receio que meu amigo postasse as fotos nas redes sociais difamando-o.  Neste momento, meu amigo percebeu que estava à frente de uma pessoa desiquilibrada, paranoica, que talvez tivesse passado por uma experiência ruim recentemente, ou que tinha alguma "culpa no cartório", como dizemos.  Então, com toda a calma do mundo, meu amigo explicou sobre seu hobby, falou do blog e perguntou se ele queria acessá-lo para checar a verdade.  O homem não quis o endereço do blog, ficou sem graça, assim como o rapaz anteriormente, desculpou-se, entrou no carro e foi embora.

Amigos, veja o que acontece quando tiramos conclusões  - em época de pandemia, meu amigo caminha pelo bairro para tirar fotos, pois não se pode viajar - ele costuma tirar fotos em suas viagens; a paranoia de quem fica diariamente nas redes sociais ou na TV cresce; algumas pessoas não aguentam o isolamento social e imaginam em cada um, uma sombra do mal.  E cá estou eu a tirar conclusões...

O dono da casa do muro azul tirou conclusões e levou para o lado pessoal - quase criou um conflito do nada.

Don Ruiz explica que "criamos muito veneno emocional apenas tirando conclusões e fazendo isso de forma pessoal, porque geralmente começamos a tagarelar sobre nossas conclusões.  Lembre-se, fofocar é a forma como nos comunicamos no sonho do inferno e transferimos veneno de uns para os outros.  Como ficamos com medo de pedir esclarecimentos, tiramos conclusões e acreditamos estar certos sobre elas; depois as defendemos e tentamos tornar a outra pessoa errada.  Sempre é melhor fazer perguntas do que tirar conclusões, porque as conclusões nos predispõem ao sofrimento."

Ele traz um bom exemplo de mal-entendido e conclusões erradas.  "Você resolve se casar, e pressupõe que sua companheira enxerga o casamento da mesma forma que você.  Depois, vivem juntos e descobrem que não é verdade.  Isso cria um bocado de conflito, mas, mesmo assim, você não tenta esclarecer seus sentimentos a respeito do casamento.  O marido chega do trabalho, a esposa está brava, e o marido não sabe por quê.  Talvez seja porque a mulher tirou uma conclusão.  Sem lhe dizer o que quer, presume que ele a conheça tão bem que saiba o que ela deseja, como se pudesse ler sua mente.  A mulher fica brava porque o marido não atinge essa expectativa.  Tirar conclusões num relacionamento leva a muitas brigas, dificuldades e desentendimentos com pessoas que supostamente amamos."

Nós tiramos conclusões precipitadas porque acreditamos que todos pensam como nós.  Achamos que todos sentem como nós, julgam como nós e sofrem como nós.  Isso ocorre, muitas vezes, naturalmente, inconscientemente - se pararmos para raciocinar, obviamente, veremos que não é assim - as pessoas são diferentes de nós.  Talvez por isso, muitos de nós têm medo de sermos autênticos, de sermos nós mesmos na presença dos outros.  Acreditamos que todos estarão nos julgando, assim como, muitas vezes, fazemos com os outros.

"Se os outros nos contam algo, tiramos conclusões; se não nos contam, também tiramos, para preencher nossa necessidade de saber e suprir a necessidade de comunicação.  Mesmo quando escutamos alguma coisa e não compreendemos, tiramos conclusões e depois acreditamos nelas.  Tudo isso porque não temos a coragem de fazer perguntas."

Don Ruiz nos conforta com a seguinte ideia: "Imagine o dia em que você não vai tirar conclusões sobre seu parceiro e, mais tarde, com todas as outras pessoas em sua vida.  Sua forma de se comunicar irá mudar completamente, e seus relacionamentos não mais sofrerão com compromissos criados por falsas presunções."

"A forma de evitar tirar conclusões é fazer perguntas.  Se você não compreende, pergunte.  Tenha a coragem de perguntar até que as coisas fiquem tão claras quanto possível, e, mesmo assim, nunca imagine que sabe tudo o que há para saber numa determinada situação.  Uma vez ouvida a resposta, não terá de tirar conclusões, porque saberá a verdade."

Quando perguntamos e não tiramos conclusões nossa palavra se torna impecável.

"Se nos comunicarmos sempre assim, nossa palavra se tornará impecável.  Se todos os humanos pudessem se comunicar com a impecabilidade da palavra, não existiriam guerras, violência ou mal-entendidos.  Todos os problemas humanos poderiam ser resolvidos se tivéssemos uma comunicação boa e clara."

Esses três compromissos devem fazer parte de nossos hábitos.  A informação e a ideia de que eles trazem são apenas sementes em nossa cabeça.  "O que realmente faz diferença é a ação.  Reafirmar a ação várias vezes fortalece sua vontade, alimenta a semente e estabelece uma base sólida para que os novos hábitos germinem.  Depois de muitas repetições, esses novos compromissos se tornarão uma segunda natureza."

A prática desses compromissos traz a verdadeira liberdade pessoal.

Portanto, não tire conclusões - pergunte o que quer saber.  Se não der para perguntar esqueça o evento ou a situação e cuide de sua vida.

A pessoa da casa de muro azul tinha uma conclusão em sua mente, mas ao fazer as perguntas ao meu amigo, mudou sua conclusão, quer dizer, imagino que sim.  Bem, teve a oportunidade de mudar sua conclusão inicial...

A reflexão de hoje:  você já tirou conclusões precipitadas que te levaram para um beco sem saída?

Semana que vem trarei o último compromisso.

Até lá!




  



 


 

6 comentários:

  1. Quando tiro conclusões, julgo alguém ou uma situação com um único ponto de vista: o meu. É o "telefone sem fio": ouço e repasso minha opinião, o que julgo ter ouvido. Se não entendo e tenho humildade em perguntar, esclareço muitos equívocos. Mas o bom mesmo é não deixar que um comentário, uma situação me traga aborrecimentos e com a minha curiosidade maléfica eu possa piorar a situação. "Entra por um ouvido e sai por outro" traz leveza.

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    1. Até nosso ouvir pode trazer equívocos. O ideal mesmo é sempre ouvir atentamente e falar pouco. Quanto a tirar conclusões sobre os eventos, o ideal é olhar pelo lado bom.

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  2. É isso mesmo, Margarida.
    Nestes dias em que, de fato, nenhum telefone tem fio, e a facilidade de repassar ou "contaminar" é grande, a tentação de tirar conclusões em uma fração de segundo não tem limites

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    1. Grata pelo comentário pontual. Quando ficamos tempo demasiado nas redes sociais a contaminação é certeira.

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  3. Concordo com vc Sonia, é um compromisso difissilimo de ser cumprido, ainda mais nós dias de hoje. O meu vizinho, na frente da minha casa viu um carro parado várias vezes na rua e não deu bola, até que um dia ele chegou em casa e deu de cara com sua casa arrombada. A polícia prendeu os bandidos e um deles era o cara que ficava parado na rua.
    Acho que as conclusões não devem ficar apenas no campo mental, devemos esclarecer a situação o quanto antes, conversando, ou se tiver dúvidas quanto à segurança, chamar a polícia para esclarecer a situação.

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    1. Puxa que situação dificil desse seu vizinho. Não tiremos conclusões mas fiquemos de olho em circunstâncias estranhas... grata pelo seu comentário Marcos. Concordo, muitas vezes a policia pode nos auxiliar nesses casos.

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