Amigos leitores,
Hoje, como início de nossas fábulas, serão descritas três histórias que tratam do mesmo tema. Será um texto longo, mas de grande reflexão, principalmente devido à situação atual.
História:
Numa caçada, o caçador, de tocaia, percebendo um coelho mais afastado, atirou nele e o matou. Por causa do estampido, todos os outros coelhos puseram-se a correr e a buscar segurança em cavidades subterrâneas.
Entretanto, em pouco tempo, eles voltaram a superfície e continuaram com suas vidas corriqueiras, alheios e esquecidos do perigo que há pouco os afugentara.
Outra história:
Quando cães passam por vizinhanças diferentes, lugares estranhos aos que lhe são habituais, provocam a ira dos cães locais; estes últimos começam a latir e até tentar dar dentadas nos primeiros. Eles pressentem uma invasão no seu território e uma ameaça aos seus domínios.
Outra história
Lenda Egípcia do Peixinho Vermelho
Comunidade de peixes vorazes e gordalhudos, elegeram um rei e viviam despreocupados, entre a gula e a preguiça. Comiam tudo sem preocupação pelos que não conseguiam acesso à comida e usavam os espaços para descanso.
Um peixinho vermelho menosprezado, mal alimentado, começou a estudar e a observar o lago. Conhecia todos os buracos e todos os ladrilhos e aprendeu onde a lama se acumularia por ocasião dos aguaceiros. Encontrou a grade do escoadouro.
"Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?". Optou pela mudança.
Mesmo magro, perdeu escamas ao passar pela grade estreitíssima.
Conheceu novas paisagens, flores e sol, cheio de esperança. Fascinou-se pelo oceano e pelas novidades.
Imprevidente, foi tragado por uma baleia, mas orou e voltou às correntes marinhas.
Passou a tomar cuidado com as coisas novas que conhecia e aprendeu a evitar os perigos e tentações.
Encontrou outros peixinhos delgados e estudiosos tanto quanto ele no Palácio de Coral.
Lembrou-se dos peixes do lago e sentiu compaixão, quis consagrar-se à salvação e ao progresso deles.
Com a colaboração de irmãos benfeitores do Palácio de Coral, empreendeu a viagem de volta, imaginando que causaria surpresa falando sobre as novidades e possibilidades além do tanque.
Os peixes continuavam ociosos e pesados, disputando larvas e minhocas. Gritou anunciando a sua volta, mas ninguém havia percebido a sua saída.
Falou com o rei do lago, mas foi ridicularizado e acusado de mentiroso. Expôs a sua experiência, mas gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção.
Diante da pequena grade de escoamento: "Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas? Grande tolo! Vai-te daqui! Não nos perturbes o bem-estar... Nosso lago é o centro do Universo... Ninguém possui vida igual à nossa!..."
O peixinho fez a viagem de retorno e instalou-se no Palácio de Coral. Depois de algum tempo, aconteceu uma seca devastadora e todos os peixes pachorrentos pereceram atolados na lama.
Moral da História:
Nas três histórias comparemos o homem e a sua dificuldade com as ideias novas.
Na primeira história, imaginemos uma tempestade. Na sua eminência, os homens procuram proteção, colocando sua vida em segurança. Depois, passada a tempestade, eles acabam se expondo ao perigo novamente.
Essa história demonstra que depois do primeiro impacto (estampido do tiro; tempestade) ter passado, as coisas se acomodam. O novo pode surgir sem desestabilizar o que já existe. Ele pode coexistir com o já conhecido. Em adição, ele também pode trazer outras ideias ou conceitos, expandindo o crescimento de todos.
Na segunda história, os homens são parecidos com os cães locais que atacam os novos por medo de serem por eles substituídos. Para o homem, em sua vida trivial, quanto menos inovação melhor.
Mas, por que o homem receia o novo, afinal de contas?
O novo representa o desconhecido. Todos temos facilidade com o conhecido - ele requer menos esforço, pouca concentração, pouco trabalho, menos dispêndio de tempo - é a "lei do menor esforço". O desconhecido pelo contrário, requer muita concentração para entendê-lo, mais esforço e trabalho (tanto físico quanto mental), exige mais tempo. Mas, ele traz uma riqueza incomparável - o seu crescimento individual. Tomemos como exemplo uma pessoa que deseja tocar piano. O seu aprendizado básico requer, no mínimo oito anos com duas a quatro horas diárias de treino. Entretanto, a cada aula, a cada ensaio, ela toca melhor o piano. Com concentração, esforço, trabalho, dedicação e tempo, ela apreendeu mais uma habilidade e cresceu como ser humano.
Hammed também nos traz a informação de que mudar de ideia também não é tarefa das mais fáceis para qualquer um (excetuando-se aqueles que tem pouca firmeza, inseguros, que mudam de ideia a todo momento). Parece que um dos motivos é o medo de sermos convencidos a mudar de ideia pelos argumentos e razões dos outros. Isso pode denotar orgulho e vaidade, pois acham que podem perder o prestígio e a reputação se alterarem suas opiniões. É óbvio que é mais cômodo cada um manter suas ideias, mantendo a mente fechada para novos aprendizados. Para muitos é preferível permanecer com um nível limitado de saber, do que crescer. Crescer, aprender dá trabalho, exige força de vontade, mente aberta, e porque não dizer, traz sim, uma dose de ansiedade. Mas é uma ansiedade leve que impulsiona o indivíduo para frente em busca de novos caminhos para uma mesma direção.
Quando se passa a refletir sobre o porquê do medo do novo, é difícil ter um ganho secundário, como se diz na psicologia. O que ganhamos quando nos recusamos a olhar para o lado inusitado das coisas é uma vida entediante e infeliz. Lembremo-nos de que toda vez que nós nos recusarmos a encarar o novo, o desconhecido, e percebermos que os dias passam e o progresso evidenciar tudo o que não quisemos enfrentar, perceberemos que este medo era o orgulho e a ignorância disfarçados. Hammed nos aponta que o vaidoso é o que mais rejeita as coisas inusitadas.
Entretanto, existem circunstâncias nas quais por interesses pessoais (fama, prestígio, dinheiro, ascensão social) amaldiçoamos o novo, ou por comodismo, deixamos para trás a chance de evoluir.
Muitas vezes, o novo entra em nossa vida na forma de um conflito, de um problema a ser resolvido. E aí? Desistimos de solucionar o problema porque ele nos traz novas informações? Fingimos não haver conflito, só para não termos aborrecimentos?
Mudanças são necessárias. Mudar traz bem estar, exige uma nova maneira de olhar a vida, amplia a visão, estimula a reflexão e por conseguinte, ocasiona o amadurecimento. Quando nos acostumamos a realizar as coisas sempre da mesma maneira, perdemos oportunidade de aprender maneiras melhores de chegar a um mesmo objetivo.
Na história dos coelhos, o estampido do tiro que os assusta é o novo que provoca reações que exigem alteração da rotina, do contrário pode ocorrer novamente a mesma situação (outro tiro e outro coelho morto).
Na história dos cães, o novo está representado pelo bando de cães que passam em território alheio, provocando a ira dos cães locais, que reagem à invasão do falso inimigo, latindo e exasperando-se. (Necessariamente, eles não são cães inimigos).
Na história do peixinho vermelho, o novo está obviamente representado por tudo o que ele descobriu em sua viagem pelo oceano. O desenho "Procurando Nemo" foi baseado nessa lenda egípcia.
Frente ao novo, a ideia é não evitá-lo e nem reagir contra ele. A ideia é interagir com ele.
Aceitar as mudanças é sinal de inteligência. O homem inteligente é aquele que se adapta a novas situações e com elas se integra. E, além de tudo, diante do novo, nem sempre precisamos mudar o caminho, mas mudar somente o modo de caminhar.
E aí pessoal? Vocês conseguem realizar mudanças facilmente? As histórias ajudaram a ter ideias para futuras mudanças em vossas vidas?
Boa semana!
Bom dia após um longo período de experiências o novo ele e um desafio pois o sentimento do apego da zona de conforto e um limitador e lembrei-me da passagem que Jesus fala aos pescadores venham até mim ir e acreditar o quanto nos custa acreditar? Estou exercitando
ResponderExcluirAbraços Reinaldo
Grata Reinaldo. É dessa maneira que abraçamos o novo: tentando e exercitando.
ExcluirFico ansiosa com as mudanças. Luto para sair da zona de conforto e da omissão. Preciso ousar.
ResponderExcluir