quarta-feira, 14 de julho de 2021

COREIA DO SUL X COREIA DO NORTE

Amigos leitores,

A semana passada assisti a uma das melhores séries, na minha opinião, na Netflix - "Pousando no Amor" ("Crash landing on you" em inglês) - é uma comédia romântica de produção coreana.  A história é fictícia, bem contada, bem escrita, bem dirigida e com bons atores.  Muitas reflexões ocorreram no decorrer da trama - tentarei passar para vocês todas as ideias e descobertas que realizei sobre mim mesma e o mundo.

Com a Netflix e outras emissoras de streaming podemos assistir produções filmo gráficas do mundo inteiro, sejam filmes, séries ou documentários - acredito ser essa uma das grandes conquistas da globalização.

Quando jovem sempre gostei de cinema, não somente os filmes da moda, os chamado filmes comerciais, mas também os filmes "de arte" - aqueles filmes que nem todo mundo aprecia; assisti muitos filmes chineses, suecos, alemães, italianos, franceses. 

Mas a experiência de assistir a uma série, uma comédia romântica de 16 episódios de aproximadamente uma hora e meia cada um, da Coreia do Sul, foi além, muito além de qualquer expectativa.

As surpresas, as descobertas e as reflexões que foram aparecendo enquanto via a série foram incríveis.

Quando vejo um filme estrangeiro gosto de assisti-lo na língua original com legendas em português.  Alguns de meus amigos preferem assistir a filmes dublados em português - eles não tem ideia do que perdem ao fazer isso - perdem toda a estrutura da cultura do país.  O idioma, sua melodia, seu ritmo, as expressões faciais conjugadas com a língua trazem toda uma riqueza e aprendizado que obtemos dos outros povos.  Podemos até aprender muitas palavras de outros idiomas. Através da língua entendemos melhor suas expressões corporais e assim compreendemos melhor suas vidas, seus ambientes e seus comportamentos.

A série me foi indicada por uma amiga que conhece razoavelmente minhas preferências de filmes.  A história se passa nos dias atuais quando uma sul-coreana praticando parapente para experimentar uma roupa para esse esporte, de sua própria grife, acaba "caindo" na Coreia do Norte, por conta de um tufão na região.  Bem, aí a trama começa a se desenrolar quando um capitão do exército norte-coreano a encontra.  Por conta desse acidente, ela fica uns dois meses lá, conhece pessoas de lá e passa a "morar" na vila militar da região.  Eles, ela e o capitão do exército, se apaixonam mas ela consegue voltar para casa, para a Coreia do Sul.  A outra metade da série é passada na Coreia do Sul quando ele vai para lá escondido para salvá-la de um possível atentado contra sua vida.

Bem, obviamente não relatarei toda a história e compartilharei com vocês as minhas impressões.

A primeira coisa que me chamou a atenção foi o contraste da vida cotidiana das duas Coreias - a do Sul, capitalista e a do Norte, comunista.  A primeira com cidadãos livres, bastante consumista (demais para meu gosto), parecida com qualquer cidade capitalista que conhecemos.  A segunda, com cidadãos "contidos", ninguém entra e ninguém sai do país sem autorização do governo.  Bem, em realidade, a Coreia do Norte é tão fechada que nós realmente não temos muita ideia de como é a vida deles.  Acredito que os sul-coreanos, pela proximidade geográfica, devem ter mais ideia disso, embora talvez na série,  eles tenham exagerado na situações vividas pela personagem quando esteve "prisioneira" lá.

Na história foi comentado que haviam sotaques diferentes; detectava-se de qual Coreia cada pessoa "pertencia" por causa dos sotaques diferentes. Assim, quis entender melhor a divisão da Coreia, quando ocorreu e o porquê da mesma.  Então, trago para vocês algumas informações gerais que compilei da Internet - Wikipédia.

"A divisão da Coreia em Coreia do Norte e Coreia do Sul resulta da vitória dos aliados na II Guerra Mundial de 1945, terminando o domínio colonial de 35 anos do Japão na Coreia.  Em uma proposta que obteve a oposição de quase todos os coreanos, os Estados Unidos e a União Soviética concordaram em ocupar temporariamente o país com uma tutela com a zona demarcada de controle ao longo do paralelo 38.  O objetivo desta tutela foi o de estabelecer um governo coreano provisório, que viria a ser "livre e independente no devido tempo".  Embora as eleições fossem agendadas, as duas superpotências apoiaram líderes diferentes e dois estados foram estabelecidos de forma eficaz, cada qual reclamando a soberania sobre toda a península coreana.

A Guerra da Coreia (1950) deixou as duas Coreias separadas pela Zona Desmilitarizada Coreana, mantendo-se tecnicamente em guerra durante a Guerra Fria até os dias atuais.  A Coreia do Norte é um Estado socialista, muitas vezes descrito como stalinista e isolacionista.  Sua economia inicialmente teve um crescimento substancial, mas entrou em colapso na década de 1990, ao contrário do seu vizinho socialista - China.  A Coreia do Sul surgiu após décadas de regime autoritário, como uma democracia liberal capitalista, com uma das maiores economias do mundo.

Desde a década de 1990, os sul-coreanos com administrações progressivamente liberais, assim como a morte do fundador norte-coreano Kim Li-Sung, os dois lados deram pequenos passos no sentido simbólico de uma possível reunificação coreana."

Depois dessa informação histórica, relato outra coisa que descobri - achei curioso um detalhe: achava que não saberia quem era quem na história pela semelhança entre os coreanos/orientais.  Esse é um dos nossos preconceitos.  Achamos todos parecidos...  Entretanto isso não é real - depois do quarto ou quinto episódio você já se familiariza com os personagens e sim, eles são diferentes.  Em realidade, nem sei se todas as pessoas ocidentais têm essa impressão - eu tinha...

Outra particularidade que me chamou a atenção é a sensibilidade dos personagens - é uma história romântica onde há lágrimas, dores, partidas e as expressões faciais de todos eram muito coerentes.  Também tinha a impressão (ou melhor, o preconceito) de achá-los frios, com pouca expressão corporal, mas outra descoberta (pelo menos para mim) - em cenas engraçadas (e existem muitas), de ação, ou de tristeza, quase não havia necessidade de palavras.

No tocante às tramas familiares, também estavam retratados a inveja, o orgulho, o egoísmo, a desonra, a corrupção, a vingança.  O autor do enredo foi muito imparcial - retratou mocinhos e bandidos nos dois lados: na Coreia do Norte há pessoas boas e na Coreia do Sul há pessoas más - como qualquer lugar do planeta.

Em suma, é uma bela série que eles denominaram de comédia romântica e que traz de volta o cinema antigo - sem cenas de sexo irrelevantes, uma violência coerente com o enredo (não gratuita e sem exageros) e uma história, embora fictícia, passível de acontecer na vida real.

Não quero esquecer de mencionar a trilha sonora - muito boa, embora não entenda a letra das canções.  Há também uma música instrumental que o protagonista principal toca na série - muito bonita - já a coloquei no toque do meu celular.

O final da história, o qual não irei contar, não me deixou satisfeita mas, de quebra trouxe mais um ensinamento - a de que a vida é uma aventura extraordinária onde o momento presente deve ser valorizado, sabendo que o futuro será cheio de novas e encantadoras surpresas - basta acreditar e aceitá-lo como vier.

Para mim, essa série, além de muito boa, trouxe autoconhecimento.

E aí, bora assistir a série?

Boa semana a todos.






 






 




6 comentários:

  1. Amiga querida, compartilho da sua opinião.... belíssima produção, muitos ensinamentos, foi uma das melhores séries que já assisti !
    Bjs Ana Maria

    ResponderExcluir
  2. Gratidão pela dica da série, meninas. Também gosto de filmes legendados em Português e também achava todos os orientais "iguais".

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom que não sou a única. Senti-me acolhida. Grata Margarida.

      Excluir
  3. Puxa, Sônia, jamais imaginei obra assim. Penso que enxergamos o mundo de acordo com os nossos olhos, com a nossa bagagem, obviamente. Então, acessar tudo o que está a nossa disposição, sem julgamentos e realmente com coração e ouvidos bem abertos, somente irá melhorar nosso grau de percepção sobre o outro, sobre outras nações, etc. Obrigado pela dica.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grata pelo seu comentário. Nessa pandemia tenho aberto os horizontes. Tento me livrar dos preconceitos; temos muitos e só os percebemos frente ao diferente. Espero sair dessa vida mais leve; me livrando de alguns.

      Excluir

O PREÇO DA MENTIRA

Olá leitores, Recentemente assisti a um filme que me trouxe algumas reflexões. O filme era sobre um erro médico.  O título do filme era ...