sexta-feira, 10 de setembro de 2021

ABANDONE A IDEOLOGIA

Caros amigos leitores,

Uma vez, numa consulta homeopática, a profissional em questão perguntou-me o que eu mais valorizava na vida.  Pensei por alguns momentos pois não era uma pergunta fácil de ser respondida, e disse que era a liberdade.  Desde esse dia essa questão tem, vez ou outra, permeado meus pensamentos.

Essa semana participei, pela primeira vez, de uma manifestação em prol da liberdade, no meu meu caso mais específico, da liberdade de expressão - acredito que ela engloba todos os outros "tipos" de liberdade - uma vez que você não tem o direito de verbalizar o que pensa, a sua liberdade já não existe.

Já ouvi muitas pessoas afirmarem que fulano(a) ou sicrano(a) não poderia falar o que fala em público e portanto, deveria ser preso.  Eu não penso assim.  A pessoa deveria levar uma advertência, ou em casos mais graves, ser afastada do cargo que ocupa temporariamente, mas não presa. Essas mesmas pessoas também afirmam que esse fulano(a) ou sicrano(a) está dando um mau exemplo aos outros com o que fala ou escreve e pode acabar influenciando outras pessoas de maneira negativa ou até "contaminar" o ambiente com sua energia deletéria. Essa afirmação pode até ter um componente passível de acontecer, entretanto aquelas outras pessoas que ouvem ou leem o que se fala ou escreve podem vir a se influenciar caso aquilo faça "eco" em suas personalidades.  Visto sob esse prisma  eu poderia afirmar que a base do conflito encontra-se no sistema educativo, social, familiar, moral de uma sociedade em particular.

Muitos de nós gostamos e nos sentimos bem em verbalizar nossas crenças - então porque não ouvir ou ler outras visões de mundo? Se alguém não está satisfeito com o que vê ao seu derredor porque não pode ter o direito de contestar, criticar ou até apontar soluções para isso? Alguém já disse "posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las" (Evelyn Beatrice Hall - apesar de muitas vezes essa frase ser atribuída a Voltaire, a frase é dela, que a escreveu para ilustrar as crenças de Voltaire, na sua biografia sobre o autor "Amigos de Voltaire") (www.pensador.com/frase/MTIyMA). Concordo com essa afirmativa.

Muitas vezes ouço ou leio muitas coisas de que não aprecio e até às vezes, me chocam.  Entretanto, o que foi dito ou escrito foi opinião ou pensamento de uma pessoa que acredita no que disse ou escreveu.  Também aprendemos a "separar o joio do trigo" nessas ocasiões - a vida é uma escola.

Jordan B. Peterson, que é considerado pela "sociedade" como uma pessoa ultra conservadora (termo controverso) trouxe uma ideia muito boa, a refletir: "Abandone a Ideologia" (de seu último livro "Além da Ordem - mais doze regras para a vida - regra VI).

O mundo atualmente está repleto de ideologias e cada pessoa "deveria" escolher uma delas para poder estar incluído no meio social.  Peterson afirma que caso alguém se recuse a pertencer a alguma delas ou criticar sua importância será tacitamente ou explicitamente "demonizado".  Para ele, os adeptos de uma ideologia são intelectualmente equivalentes aos fundamentalistas - rígidos e inflexíveis.  Eles conhecem e sabem de tudo: todo o passado, todo o presente, todo o futuro.

Para ele a maioria dos adeptos de uma ideologia são pessoas ressentidas; se consideram sempre as vítimas de um sistema e lutam contra aqueles que eles acreditam serem seus opressores.

"Um mundo onde só você e as pessoas que pensam como você é bom é também um mundo onde você estará cercado por inimigos prontos para te destruir, os quais você deve combater."

Ao refletir sobre esse texto de Peterson, posso expandir esse tema afirmando que quando nos dispomos a abraçar uma ideologia e nos encontrarmos fechados aos outros tipos de pensamentos e ideias, tornamo-nos fanáticos e nossa vida se preenche de momentos desarmônicos, aflitivos, estressantes.  Não somente nossa mente e alma tornam-se inquietas, em turbulência, mas também nosso corpo sofre.

Lutemos por uma causa sim, mas que seja de maneira pacífica, abraçando cada pessoa em suas ideias individuais porque afinal de contas, todos somos humanos, irmãos/habitantes de um mesmo planeta. Se minha mente está em ordem, pacífica, tudo ao meu redor é encarado com calma, reflexão, tolerância e fraternidade.

Na manifestação ao qual participei aqui em Curitiba, onde moro, foi muito boa.  Tranquila, alegre, com famílias, crianças, pets - todos nós unidos pela liberdade;  senti-me feliz por ser brasileira.  Foi uma experiência diferente que me trouxe paz interior, embora posteriormente muitos canais da mídia visualizaram essa manifestação como sendo negativa. Não sei se todas as pessoas sentiram o que senti - mas não ter nenhuma ideologia fechada ajudou a sentir-me bem.

O texto de hoje termino com a fala de Jordan Peterson.

"Nós devemos conceituar nossos problemas do tamanho que eles são e começar a resolvê-los, não culpando os outros, mas tentando acessá-los pessoalmente enquanto simultaneamente abraçamos a responsabilidade pelo resultado da solução.

Tenha alguma humildade. Arrume seu quarto.  Cuide de sua família. Siga sua consciência.  Endireite sua vida.  Encontre algo produtivo e interessante para fazer e se comprometa com isso. Quando conseguir fazer tudo isso, encontre um problema maior e tente resolvê-lo, se ousar.  Se isso também funcionar, procure projetos mais ambiciosos.  E, como um começo necessário para esse processo...abandone a ideologia."

Boa semana!

Até!









 

Um comentário:

  1. Participar de uma manifestação cívica como a que você descreveu, Sônia, é tomar um banho de cidadania e de acolhimento e respeito às ideias divergentes.

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