quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

O FUTURO DAS NAÇÕES

Caros leitores,

Há algum tempo venho refletindo sobre um assunto que tem me deixado um pouco preocupada com o futuro de alguns países do planeta.  Quando penso assim lembro-me de minha ex-terapeuta que sempre dizia que devemos nos "ocupar" e não nos "pré-ocupar" que é o significado intrínseco de "preocupar-se".  Então, embora por um lado preocupo-me com o futuro de algumas nações,  ao mesmo tempo, por outro lado, ocupo-me com os meus afazeres diários e caminho adiante.

Bem, depois de toda essa introdução vamos ao tema.  Que eu possa ser inspirada a colocar no papel exatamente o que penso.

Sou uma leitora assídua de tudo o que aparece pela minha frente - jornais, boletins informativos, apostilas, cartilhas, bulas de remédio, receitas e obviamente - livros.  Desses últimos leio romances, livros didáticos, leio sobre história, política, religião, filosofia.

Dessa maneira quase posso me colocar na posição de "intelectual" ou melhor, de "auto-didata".  Sendo assim, o meu conhecimento do mundo e dos povos como um todo é razoavelmente bom.

Atualmente tenho me deparado com situações bizarras e acontecimentos à minha volta que julguei serem frutos da pandemia (ela ampliou essa percepção, é verdade!), mas que são situações, eu diria, globais, visto que também ocorrem em outros locais, não só no Brasil, ao meu ver - refiro-me à falta de instrução, de leitura, de conhecimento de uma grande maioria de pessoas, infelizmente - em resumo, falta de estudo, de leitura.

Alguns regimes de governo cometeram deslizes, imprudência e foram relapsos e negligentes no quesito instrução/estudo de sua população.  Ao invés de primarem pela importância do mesmo no primeiro e segundo graus escolares, hoje denominados ensinos fundamental e médio, resolveram abrir mais escolas de ensino superior.  Entretanto, essa prática não trouxe um conhecimento básico de certas disciplinas globais; dá a impressão que o aluno só quer o diploma do curso superior sem se importar se ele consegue ou não ser um bom profissional em seu campo de atuação - às vezes prefere cursar o que dá dinheiro sem se importar se gosta ou não da área.  Aqui estou me referindo ao trabalho, à profissão, à carreira.  Mas, muitas lacunas também não são preenchidas na vida diária.  Conceitos básicos de matemática, geografia, química, biologia, física não são aprendidos satisfatoriamente, fazendo com que uma pessoa saiba razoavelmente como seguir os passos básicos de construção de uma casa, por exemplo, no caso de um engenheiro civil, mas não saiba noções elementares de hidráulica.  Esse exemplo é de uma casa construída na vizinha de uma amiga.  A casa em questão, terminada a obra, num dia de chuva torrencial, o quintal, feito totalmente de porcelanato, não conseguiu dar vazão ao excesso de água, inundando partes da casa.  Ao se verificar o problema constatou-se que o cano que daria saída da água do quintal de trás da casa não tinha uma queda adequada para tal finalidade.  Este exemplo é um dos muitos que venho constatando que ilustra a falta de escolaridade de uma dada população.

Agora lembrei-me de outro exemplo.  Neste fim de semana, numa cafeteria conceituada da cidade, a pessoa que me atendeu no caixa não conseguiu me dar o troco correto nem usando uma calculadora (talvez não soubesse usá-la...), troco este muito fácil, sem necessidade de calculadora.  Esse caso pode se enquadrar na política de cotas de pessoas específicas que devem preencher vagas nos locais de trabalho; cotas estas determinadas por um determinado regime de governo. Bem, como o texto de hoje é sobre a falta de estudo/leitura das pessoas, não me alongarei nesta ideia.

Todos nós precisamos uns dos outros e está claro que não devemos saber fazer tudo - sempre há alguém que me fornecerá aquilo de que preciso, o qual não conseguirei fazer por falta de conhecimento.  Mas, como confiar numa pessoa que diz ter um diploma de grau superior e às vezes até doutorado, mas que não consegue realizar a tarefa para a qual foi diplomada a contento? O exemplo do engenheiro civil é um de muitos.  Mas conheço médicos que esperam o paciente quase chegar a óbito para lhe dar um medicamento que pode mitigar a sua dor; conheço mecânicos de automóveis que não entendem o simples funcionamento de um motor de carro, não conseguindo achar soluções para um simples vazamento de gasolina de um tanque furado; conheço psicólogos que acreditam poder ditar regras para seus pacientes esquecendo-se que eles têm livre arbítrio e que o mais importante é ouvi-los e na melhor da hipóteses, ensiná-los a pensar; conheço psiquiatras que ouvem dez minutos da fala de uma pessoa e que ministram medicamentos de tarja preta que irá fazer com que os pacientes fiquem escravos desse medicamento por quase uma vida inteira, sem trazer-lhes melhoria; conheço advogados que não conhecem as leis adequadamente e dão conselhos errôneos aos seus clientes; e por aí vai.

O futuro do planeta depende de pessoas que conheçam suas funções, seus limites e que continuem estudando e se aperfeiçoando para oferecer a todos um bom trabalho.

O planeta necessita de pessoas cultas que saibam o que estão fazendo ou falando.  Não se pode esquecer o passado - ele existe para todos sabermos o que já foi feito e partir dali para continuar a evolução da humanidade.  Não temos mais que inventar a roda - alguém já fez isso por nós.  Atualmente, já vi pessoas trazendo ideias que, se se dessem ao trabalho de pesquisar sobre elas, descobririam que essa ideia já foi aventada no passado e que não deu certo.

Já vi pessoas criticando ardorosamente o que uma pessoa escreveu sem ao menos ter lido o seu livro, ou texto por completo.  É aquele que diz "Não li e não gostei."

Em minha opinião, nesse meu desabado e nessa minha reflexão, é que sem leitura voltaremos a ser bárbaros/primitivos dependendo daqueles poucos que leem. Se esses poucos que leem tiverem uma boa base moral, que leem os clássicos e os filósofos e cientistas, essa sociedade poderá prosperar, principalmente se esses poucos leitores incentivarem todos a ler e a pensar.  Do contrário, se esses poucos que leem quiserem controlar a sociedade, com sanhas de poder, que leem, por exemplo, os discursos de Mussolini, teremos uma sociedade servil, ignorante e o pior de tudo, uma sociedade que terá perdido a capacidade de pensar e de refletir, simplesmente  por recusar-se a ler e ater-se a obedecer aos governantes. (Nesse quesito, sugiro o filme "O Livro de Eli" com Denzel Washington - nesse filme é fácil constatar  esse fato.  Filme bom, apesar de muitas cenas violentas, e que traz boas reflexões - eu recomendo).

Para terminar, gostaria de trazer uma pequena reflexão que realizei hoje mesmo num sebo (livraria de livros usados).  Havia um cartaz enorme de Einstein com uma frase escrita em inglês, a qual é atribuída à ele (não sei se ele é o autor da mesma, em realidade): "A imaginação é mais importante que o conhecimento!" Desculpe, senhor Einstein, mas não concordo. Acredito que sem o conhecimento a imaginação pode trazer ilusões e se apartar da verdade.

Boa reflexão!





  


3 comentários:

  1. Gostei do "ocupar-se" e "não se preocupar". Lamentavelmente, o nível de instrução acadêmica decaiu muito e estamos nas mãos de profissionais desqualificados.

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    1. Bom, pelo menos alguém mais se deu conta disso. Grata pelo seu comentário.

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  2. Ana Maria
    Á cinco/seis décadas o professor dizia: vcs deverão ler o livro tal do autor e discutiremos sobre o tema. O aluno, professor eu não gosto de ler. O professor sábio responde; No futuro próximo vc me agradecerá por isso.

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