quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

MEMÓRIAS INCONVENIENTES

Olá amigos,

Como já mencionei em outros textos, Jordan Peterson continua a me trazer profundas e inusitadas reflexões.  Em sua nona regra de seu terceiro livro "Além da Ordem - Mais Doze Regras para a Vida", ele traz uma dica de como podemos nos livrar de lembranças não muito felizes de nossos atos passados, os quais Freud denominou "traumas".

No processo terapêutico como o conhecemos, tanto os leigos quanto os terapeutas (salvo algumas técnicas e abordagens diferenciadas) a ideia é falar sobre os problemas, os desafios da vida.  O psicólogo/terapeuta tem a incumbência de ouvir o paciente/cliente e auxiliá-lo em suas questões.  Como já disse, salvo algumas técnicas diversas para abordar o problema, o processo se dá numa troca de informações.

Peterson traz uma técnica interessante - embora não seja inusitada, nada muito fora do comum, ela não é muito usual entre as diversas abordagens psicológicas.  Trata-se da escrita.

Antes de entrar na técnica em si, reflitamos sobre nossa vida atual e nossas questões internas.  A ideia do texto de hoje é realizarmos uma autoanálise sobre como anda nossa existência.

Muitas situações passadas ficam  armazenadas em nossa memória as quais podem vir a dificultar nossa caminhada em direção aos nossos objetivos.  Algumas vezes nos sentimos envergonhados, culpados, temerosos, tristes; às vezes, nos sentimos como se tivéssemos caído num buraco e nesses momentos podemos nem saber o porquê; às vezes, até sabemos ou achamos que sabemos o motivo, mas não sabemos o que fazer e como sair desse buraco imaginário...

"Existe um "dogma" psicológico que afirma que qualquer coisa ameaçadora ou perigosa que nos causou choque ou conflito nunca poderá se esquecida, se nunca for entendida/compreendida."

Para nos orientarmos no mundo precisamos saber onde estamos e para onde estamos indo.

Peterson continua: "Nós mapeamos o mundo de uma maneira que possamos nos mover de onde estamos - do ponto A - para onde estamos indo - para o ponto B.  Usamos nosso mapa para guiar  nossos movimentos, e nessa empreitada encontramos sucessos e obstáculos pelo caminho."

"Os sucessos nos trazem confiança - estamos não somente nos movendo em direção à nossa meta e desejo, como também observamos com esses sucessos que estamos seguindo o mapa adequadamente.  Os obstáculos e derrotas trazem, ao contrário, ansiedade, depressão e dor.  Eles indicam nossa profunda ignorância.  Eles indicam que nós não entendemos com suficiente profundidade onde estivemos, onde estamos e onde estamos indo.  Eles indicam que aquilo que construímos com grande dificuldade e cuidado, acima de tudo, está imperfeito, defeituoso, maculado - num grau muito sério e incompreendido."

Desde a descoberta por Freud, do consciente e do inconsciente como os conhecemos hoje, podemos analisar as razões, os motivos e os significados dos eventos que ocorrem não somente nos fatos históricos, mas também nas vidas de indivíduos comuns.

Desse modo Peterson nos aponta, muito sabiamente, aquilo que toda pessoa deveria ter em mente - que muitas situações que nos ocorrem hoje podem ser recorrentes, ou seja, podemos estar repetindo situações desagradáveis e nem termos percebido isso, simplesmente porque não demos a devida atenção, ou até porque essas situações não foram compreendidas totalmente no passado.

Nesse momento então a técnica da escrita é usada para ajudar a compreender os obstáculos do percurso ou até os erros que parecem se repetir ad aeternum.

Na segunda parte do capítulo sobre essa regra, Jordan Peterson nos lembra da importância da palavra, da fala.

A ideia da escrita é colocar no papel tudo o que você conseguir se lembrar desde que você se conhece por gente, como o dizemos.  E, através desse pequeno diário, você poderá resgatar memórias felizes e também as outras, não tão felizes - conseguirá talvez compreender onde esteve, porque está onde está e onde desejará estar.  Ele conta no livro que um de seus pacientes estava numa situação em que erros se repetiam e ele começou o seu diário separando-o em fases escolares para melhor compreensão, pois o seu problema tinha a ver com uma situação ocorrida no ensino médio.

Você pode colocar apenas tópicos e desta maneira a escrita não ficará tão longa; pode separar em fases da vida (infância, adolescência, maturidade, velhice); por idade (10, 20, 30, 40 anos...); até por solteiro, casado, separado, viúvo; etc.

Acho uma boa técnica e cada um pode escolher como lhe aprouver a melhor maneira de se expressar na escrita, afinal de contas, ninguém vai ler (ou vai?) - é para sua própria reflexão.

A propósito, termino com o nome que Jordan Peterson deu à regra: "Se velhas memórias ainda te perturbam, coloque-as no papel cuidadosamente e completamente."

Então, bora colocar no papel nossas reflexões...

Boa semana!



 








sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

ALEGRIAS NOSSAS DE CADA DIA

Caros amigos leitores,

Esta semana me foi enviada por WhatsApp uma mensagem que me trouxe muitas boas lembranças e pequenas alegrias, já que o texto tinha esse título. O texto consistia de pequenas frases, ou melhor, ideias as quais nos remetiam à imagens mentais que traziam grande satisfação e bem estar, conforme íamos lendo as mesmas.

O mais extraordinário é que através destas frases, as quais considero pequenos lembretes, podemos transformar nosso cotidiano em uma chuva de bênçãos.  Muitas vezes não nos damos conta dos momentos de alegria que temos em nossos dias.

Acredito que a vida é o que fazemos dela.  Todos nós, sem exceção, temos dias difíceis - dias esses que quando passam, algumas vezes, percebemos que fizemos "tempestade em copo d'água"; outras vezes, agradecemos a providência por temos conseguido passar por eles "intactos" e outras vezes ainda, podemos ficar revivendo-os constantemente fazendo com que os momentos se tornem um suplício.  

Assim como acredito, como eu disse, que a vida se transforma naquilo que queremos, basta lembrarmos de uma pequena alegria para trazer um sorriso ao rosto. Foi o que o texto fez comigo.

Se prestarmos atenção em nossos dias acuradamente, perceberemos que  vez ou outra aparecem anjos - aquelas criaturas que, do nada, nos auxiliam em nossa caminhada pelo planeta.  Assim, para ilustrar essa ideia, trarei um relato recente que aconteceu com meu marido e eu (bem, mais precisamente com ele...)

Tudo aconteceu no dia 05.02.22 - sábado.  No domingo íamos e fomos viajar para visitar parentes em São José dos Campos.  Nesse sábado, às 16:30 horas, meu marido chamou um Uber para levar algumas coisas para o consultório no centro de Curitiba.  Eu fiquei em casa; iria tomar um banho e terminar de verificar as malas.  Quando ia entrar no banho, o telefone fixo tocou e quando atendi era meu marido dizendo que havia perdido o celular.  Bem, imaginem o mal estar, com viagem marcada para o dia seguinte.

Bem, primeiramente liguei para o celular dele mas ninguém atendia.  Então usando um recurso do Google, através do meu celular, limpei todos os dados do celular do meu marido.  Então liguei novamente para o celular e caiu na caixa postal.  Deduzi que estava tudo limpo.  Meu marido tinha algumas coisas para realizar no centro da cidade e disse que depois voltaria para casa.

Bem, tomei banho e fiz minhas orações petitórias (sempre fazemos isso no desespero... eu, felizmente, também faço orações de agradecimento) e resolvi ligar novamente para o dito celular - qual não foi o meu espanto e uma voz feminina atendeu e disse estar no carro do Uber e que o celular estava debaixo do banco dianteiro (meu marido havia deixado cair o celular quando saiu do carro).

Ela estava chegando ao seu destino e pediu que eu ligasse novamente depois de cinco minutos para combinar o "resgate" do celular com o motorista do Uber.  E assim foi feito.

Meu marido chegou em casa e dez minutos depois chegou o celular.

Só nesse evento, meu marido e eu reconhecemos três anjos.

O primeiro anjo foi o dono de um restaurante sul-coreano no centro de Curitiba que permitiu que meu marido me ligasse e disse que ele poderia usar o telefone pelo tempo que precisasse.

O segundo anjo foi a passageira do Uber que ouviu o celular tocando e  resolveu atendê-lo (posteriormente o motorista do Uber nos contou que ele ouvira um celular tocando, mas imaginara que era do(s) passageiro(s) e que esse(s) não queria(m) atender - a moça que atendeu o celular já era a terceira passageira depois de meu marido).

O terceiro anjo, como não podia deixar de ser, foi o motorista do Uber - uma pessoa simpaticíssima, gentil, um angolano, morando em Curitiba há 11 anos (por coincidência, meu marido e eu também moramos aqui há 11 anos...).

Como podem ver há anjos espalhados por aí nos auxiliando.  Só não os vê quem não é atento para as pequenas alegrias da vida.

Aquele que só reclama da vida, só tem amarguras - a vida é difícil para todos, mas para aqueles que veem anjos em cada esquina, o mundo é uma grande aventura.

Deixo para vocês, embora alguns já o tenham recebido, o texto completo que recebi e que me inspirou a escrever essa postagem.  À pessoa que o criou desejo parabéns pela observação diária das pérolas escondidas no nosso dia-a-dia.  É impossível não se enternecer com essas "alegrias nossas de cada dia".

Obs.: Os dados do celular de meu marido haviam sido realmente limpos. Quando o motorista do Uber entregou o celular para nós, o mesmo teve que ser formatado novamente - todos os aplicativos haviam sido excluídos - só funcionava o celular, a linha telefônica.

Eis o texto:

"Alegrias

Carinho inesperado de filho.

Dinheiro esquecido na roupa.

Cheiro de comida antes de abrir a porta de casa.

Sono que vem quando se precisa.

Uma solução que surge de repente.

Alguém elogiando você, sem saber que você escuta.

Alguém elogiando seu filho.

A febre que baixa.

Um guichê sem fila.

Vaga na porta.

Um voo tranquilo.

Cigarras.

Passarinho cantando.

Quando nasce o que plantamos.

O vento do mar.

O mar.

Quando o avião pousa.

Quando o pai chega.

Quando a dor passa.

Quando rola um beijo.

Quando assinam o contrato.

Quando o abraço aperta.

Quando o amigo se cura.

Quando a foto sai boa.

Quando o sono vem.

Quando a mesa é posta para o almoço de família no domingo.

Quando o depósito entra.

Quando dá praia.

Pé da Serra indo pro litoral.

Quando alguém liga.

Quando o livro é bom.

Quando sobra grana.

Quando o neném ri.

Quando falam o seu nome.

Quando a poltrona é na janela.

Amanhecer.

Entardecer.

Quando chega o outono.

Quando chega a primavera.

Quando o médico diz: "Foi só um susto."

Quando o sol se põe no mar.

Quando o pão está quentinho.

Quando toca a música da juventude, ou de alguém especial.

Quando você achava que era tarde, mas descobre que ainda é cedo, muito cedo!

Procurem as pequenas felicidades.  Elas existem todos os dias."

Que tenham uma semana de alegrias.

Até!





 

  

sábado, 12 de fevereiro de 2022

ERROS

Olá leitores,

Na vida, para não errar, basta nada fazer.  Mas quando nada se faz, também não se evolui, não se cresce, ao contrário, estagna-se.  Todos nós caminhamos em direção ao um objetivo pessoal e neste caminho, a ideia primordial é aperfeiçoarmo-nos continuamente.  Quando se aprende alguma coisa, é inevitável errarmos vez ou outra.  Tomemos como exemplo a nós mesmos quando éramos bebês e começávamos a aprender a andar.  Neste exercício, com certeza, caímos algumas vezes, mas levantávamos novamente.  E hoje, depois de tentativas e erros, sabemos andar.  Com as experiências mais complexas se dá o mesmo.  Errar é uma das facetas da condição humana.  Quando abrimos mão do nosso direito de errar, paramos de progredir porque perdemos nossa disposição de aprender coisas novas.

O delito maior neste caso não é errar, mas persistir no erro, não aprender com ele, não mudar de atitude.  Quando tememos errar, nos privamos de toda a experiência e maturidade que também os erros nos trazem.

E aí, já refletiram sobre vossos erros?  Se não, que tal refletir sobre a dádiva que eles trazem, nos auxiliando a sermos melhores a cada dia? 

Boa semana!



 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

A ÁGUIA E A CORUJA

Caros leitores amigos,

Hoje vos trago mais uma fábula, a qual também traz interpretações de Hammed. Essa fábula originou a expressão "pai/mãe/pais-coruja".

Eis a fábula:

"Depois de muita briga, a águia e a coruja decidiram pôr fim à sua guerra.  Um abraço selou a nova amizade e prometeram ambas, com sinceridade, não devorar os filhotes das rivais.  Disse a coruja:

- Basta de luta.  O mundo é tão grande! Não existe maior tolice do que andarmos a comer as criais uma da outra.

- Perfeitamente.  Também eu não quero outra coisa - respondeu a águia.

Nesse caso combinemos isto: de agora em diante não comerás nunca os meus filhotes.

- Muito bem.  Mas como vou distinguir os teus filhotes? Descreve-me tais quais eles são, que, juro, haverei de poupá-los.

Ante tal compromisso, a coruja, satisfeita, disse assim: 

- Meus filhos são mesmo uma graça, cada qual mais bonito e de talhe bem-feito.  A penugem que ostentam é fofa e vistosa; sua voz, doce e suave.  Se os achares, haverá de ver que mimos tão gentis não merecem morrer.

Feito o pacto, saiu cada qual para um lado.  A coruja, em busca de alimento, voou para um bosque afastado; já a águia, com atrevimento (porquanto as águias não têm medo), entrou nas fendas de um rochedo, e ali logo encontrou uns bichos esquisitos, verdadeiros monstrinhos, gemendo tristonhos, penugem horrível, emitindo gritos de som assustador.

- Esses bichos medonhos, provavelmente da coruja não serão.  Assim, não há problemas: vou comê-los agora.

E ali se fartou abundantemente.

Um mau pressentimento tomou conta da coruja e a trouxe de volta ao ninho.  Chegando, ela avistou, numa aflição extrema, os restos da chacina e chorou amargamente.  Protestava aos gritos clamando aos céus por castigo e foi ajustar contas com a rainha das aves.

- Quê? - disse esta, admirada.  Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha não se pareciam nada com a imagem que deles me fizeste.  Tu pintaste um retrato que não corresponde, de fato, a filhotes de coruja; assim, não atribuas culpas a outrem.  Se as há, são só tuas!"

Entende-se melhor agora esta expressão onde os pais supervalorizam seus filhos e não percebem neles nenhum defeito, tanto externo (parte física), quanto interno (parte psicológica/espiritual). Muitas vezes, no desejo de manifestar amor e carinho muitos pais superprotegem os filhos não notando que este comportamento destrói o desenvolvimento social e emocional dos mesmos.

Pais que supervalorizam seus filhos tendem a superprotegê-los exercendo sobre eles, o que Hammed chamou de "dominação asfixiante", mas em contrapartida, nesse comportamento, há falha de firmeza no que diz respeito às reais necessidades psicológicas da criança, pois para impor essa submissão, enche-os de mimos e agrados.  É como se eles tivessem receio que a criança deixasse de ser aquilo que eles acreditam que ela é.  Não há consciência da realidade.

Então, esses pais super protetores afastam e resguardam excessivamente seus rebentos, desde cedo, de todos os perigos que eles acreditam que exista, trazendo desta maneira, impossibilidades para que essas crianças desenvolvam sua própria defesa em sua existência.

Esse tipo de comportamento é muito mais comum do que se possa imaginar.  E ocorre não somente quando os filhos são crianças, mas pode adentrar a vida adulta e perpetuar-se até o fim da vida dos filhos.

Cada pai e cada mãe temem que seus filhos sofram - muitas vezes, eles acreditam que as tribulações e padecimentos deles são desnecessários para suas vidas, então os defendem dessas experiências evolutivas. Entretanto é sabido que cada  pessoa deve passar pelas suas próprias experiências a fim de amadurecer para a vida. A vivência natural de cada uma promove uma série de aprendizados.  Pais que super protegem sua prole são pais de vontade e firmeza fracas.  Quando são acusados de serem permissivos a qualquer teimosia ou capricho e impossibilitados de negar qualquer coisa, alegam que seus filhos exercem um "fascínio" sobre eles aos quais não podem resistir.

Outra atitude comum em pais, no que diz respeito à educação de seus filhos, é o de apontarem defeitos na educação do filho da vizinha ou da amiga.  Já foi dito em outo texto que existe uma tendência inconsciente a projetar nossas características psicológicas nos outros, quando não conseguimos as ver em nossa personalidade.  Pais que criticam a educação que outros pais dão aos filhos podem não estar conseguindo ver suas próprias falhas no sistema educacional ministrado por eles aos próprios filhos.  A ideia aqui é trazer à tona essas possíveis falhas, refletir sobre elas e se der, corrigi-las.

Quando os pais cobrem seus filhos de elogios, de mimos e de exagerada afetividade, no futuro, essas crianças serão pessoas inseguras e frágeis.  Eles podem inclusive levá-los à "morte como indivíduos", em analogia com a fábula: "esses bichos medonhos, provavelmente da coruja não serão.  Assim, não há problemas: vou comê-los agora".  Como não lhes foi dada a possibilidade de crescerem através das experiências da vida, tornam-se, também, na vida adulta, criaturas infantilizadas.  Esse tipo de personalidade, infelizmente, também é bastante comum no mundo atual.

Se você foi uma dessas crianças educadas por esse tipo de pais, o momento de crescer é agora.  Liberte-se do passado, olhe para a vida de frente, enfrentando seus percalços e tomando decisões.  Se isto delinear-se difícil para você, procure ajuda, respire fundo e vá adiante.

Caros amigos vejam como é trabalhoso realizar mudanças na vida adulta quando se teve esse tipo de educação.  Então voltemos nossa atenção novamente para os pais.  Existem muitos motivos para pais serem super protetores; eis aqui alguns dos mais frequentes:

- como uma forma de auto compensação, pais que foram rejeitados na infância podem querer proteger seus filhos acima do normal, pois estariam fazendo o inverso do que ocorreu com sua própria educação;

- quando a criança possui enfermidade grave ou defeito congênito ( nascido com o indivíduo; inato);

- filhos únicos ou "temporãos";

- filhos adotivos;

- a morte de um irmão (um dos filhos), etc.

Hammed sugere uma lista de atitudes comuns que permite o reconhecimento de um adulto super protetor:

- relação maçante e pegajosa com a criança, sempre ao lado dela, controlando-lhe todos os movimentos, vigiando-a incansavelmente;

- quando o adulto afirma aos outros que o filho não se afasta dele nem por um minuto, mas na realidade é o oposto: são os pais que não conseguem se afastar dos filhos;

- tratamento inadequado, como se a criança fosse mais nova ou mais infantil do que na realidade é, criando assim uma atmosfera de bloqueio ao seu amadurecimento - pais que tratam seus filhos como incompetentes ou idiotas - embora nossos filhos entendam tudo o que dissermos a eles;

- esforço hercúleo e não natural para que os filhos não saiam do ambiente familiar, pois acreditam que eles não têm capacidade para se autogovernarem fora do lar e impedindo-os, desta maneira, de se desenvolverem socialmente e serem responsáveis por seus atos - esta atitude pode ser consciente ou não;

- pensamentos catastróficos que podem trazer uma submissão neurótica dos filhos;

- chantagem emocional incutindo ideias de culpabilidade e servilismo, através de afirmações tais como: "Passei muitas noites em claro quando você era bebê", "Quase morri em seu parto", "Sacrifiquei toda minha juventude por você", "Você deveria ser grato, porque me mato por você", "Sempre faço tudo primeiro em seu favor".

O que as crianças necessitam em sua infância é de elogios verdadeiros e não supervalorização; elas precisam ser reconhecidas pelo que elas são e não pelo o que os pais pensam que elas são.

O adulto também pode estar projetando em seus filhos, seus receios e medos, e o principal deles é a "perda" do afeto dos entes queridos.  No vocabulário familiar "perder" sugere "ficar sem a posse de alguém".  Então reflitamos nessas questões:

Somos realmente "donos" de nossos filhos, maridos/esposas, amigos, parentes? Ou estamos com eles num momento transitório da vida, compartilhando a casa, o trabalho, e algumas experiências?

Boa semana!





  







VISITA A SÃO PAULO

Caros leitores, Este ano, em nossa ida para Sampa para visitar amigos que lá deixamos, visitamos 15 pessoas.  O ano passado ficamos 6 dias e...