sexta-feira, 8 de abril de 2022

DISCERNIR E JULGAR

Caros amigos leitores,

Comecemos pelas definições dos vocábulos pelo dicionário Aurélio:

Discernimento: 1. Faculdade de julgar as coisas clara e sensatamente; critério; 2. Apreciação, análise; 3. Penetração, sagacidade, perspicácia.

Discernir: 1. Conhecer distintamente; perceber claro por qualquer dos sentidos; apreciar; distinguir, discriminar; 2. Estabelecer diferença, separar.

Julgar: 1. Decidir por sentença, sentenciar; 2. Formar opinião sobre; avaliar; 3. Condenar.

Julgamento: 1. Sentença; decisão; 2. Apreciação, exame.

De acordo com o dicionário Aurélio, não há muita diferenciação dos conceitos em si, mas filosófica, moral e espiritualmente há uma diferença.

Discernir é analisar. A análise é imprescindível no nosso dia-a-dia.  Para podermos refletir sobre o que é bom para nós e o contrário é necessária uma análise.  Sem análise não conseguimos separar o mal do bem. Na análise, no discernimento há o uso da razão e da ponderação.

Quando julgamos uma pessoa, usamos o que temos dentro de nós para sentirmos o outro.  Não é uma atitude imparcial - é baseada em nosso conteúdo interno.

Analisar é diferente de julgar.  Quando julgamos os outros criamos barreiras de convivência em função do que imaginamos ou sentimos sobre o outro e baseamo-nos em nossas próprias limitações, suposições e preconceitos.  Quando julgamos não somos livres, não olhamos o todo, somos limitados.

 A análise, o discernimento nos liberta de nós mesmos, porque não usamos nosso sentimento para olhar o outro.  É como se encontrássemos um ser de outro planeta e não tivéssemos a mínima ideia de como esse ser reage ao se encontrar conosco, e mesmo nesse caso há uma tendência de imaginarmos como ele se sente; não é uma realidade; é um exercício de imaginação.

Outro exemplo é assistir a um documentário sobre um animal no canal Discovery ou no National Geographic.  Ao narrar uma situação em que dois pássaros se encontram, por exemplo, principalmente quando é uma fêmea e um macho, há sempre uma "dança do acasalamento" ou quando são dois animais machos é uma  "briga pelo território".  Quando vejo esses documentários fico a me perguntar: "Como eles (os homens) sabem disso?" Qual é a certeza de que essas atitudes sejam realmente "dança do acasalamento" ou "luta pela fêmea ou pelo território"? Não seria esse um bom exemplo de imaginação onde se colocam sentimentos humanos em espécies não humanas?

Quando colocamos nossos sentimentos ao estarmos com os outros, muitas vezes podemos estar equivocados.  Muitas vezes imaginamos o que o outro sente baseado no que sentiríamos se estivéssemos na mesma situação.  Mas, não somos o outro, não conhecemos o outro integralmente e mesmo porque, na maioria das vezes, não passamos pelas mesmas situações que o outro passou.

Discernir é libertador - não conheço o outro e quando me relaciono com ele, procuro o melhor dele e dou o melhor de mim - desta maneira o encontro é livre de preconceitos e existe uma grande possibilidade de tudo dar certo.

Quando julgamos tendemos a criticar aquilo que nos incomoda em excesso e então - desvalorizamos alguém ou uma situação.  E mesmo que nós não cometamos tanto assim os erros que julgamos ruins, essas programações internas tornar-se-ão pesadas e fortes ligações energéticas entre nós e a pessoa ou situação em questão.  Quando julgamos, estabelecemos em nós mesmos, condições e bases emocionais que nos ligam à pessoa julgada.

Essa é a lei de sintonia da vida.

Quando escolhemos o pior dos outros ou de uma situação, passamos a carregar conosco uma boa parte desse conjunto em nosso magnetismo pessoal, piorando nossa vida.  Como foi dito anteriormente, esse tipo de atitude nos aprisiona ao pior do outro.

O contrário também é verdadeiro - quando escolhemos o melhor dos outros ou de uma situação, passamos a ter como nossa companhia, uma parte desse contexto em nosso magnetismo pessoal, melhorando nossa vida.

Analisar/discernir é uma postura de maturidade.  Se ainda julgamos somos imaturos social e espiritualmente.

Ao usarmos do julgamento existe uma necessidade de fugirmos de nós mesmos e projetarmos no outro as sombras que escolhemos inconscientemente ignorar.

Assim, o julgamento é uma doença emocional - ele afasta, cria barreiras e vínculos indesejáveis.

Ao contrário, o discernimento aproxima, protege - é o sentimento conduzido pelo raciocínio criando o bem e o amor.

Então, bora discernir ao invés de julgar?

Boa semana e boas reflexões.



Um comentário:

  1. Discernir é empático. Este texto me levou a auto-análise e descobri o quanto evoluí moralmente.🙏

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