sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

"A ARTE DA GUERRA"

Caros leitores,

O último livro de nosso Clube de Leitura de 2022 foi "A Arte da Guerra" de Sun Tzu - aliás, sincronisticamente escolhido para o período atual que vivenciamos.

O livro foi escrito há 500 anos antes de Cristo, no período dos Estados Guerreiros. Ele é usado também no meio corporativo para treinamento/reuniões com profissionais de RH.  As ideias nele contidas podem abranger várias áreas da vida, devido as estratégias de ataque, sobrevivência e defesa nele descritas.  Seu lema principal é: "O verdadeiro objetivo da guerra é a paz". Em minha opinião, hoje, as guerras buscam outros objetivos e não necessariamente a paz.

O livro não é de muito fácil leitura.  Aquele que li, da editora Martin Claret, traz os versos originais (obviamente, traduzidos para o português) e depois a interpretação dos mesmos. O mais aborrecido em sua leitura é a menção dos nomes dos militares envolvidos nas batalhas - não há como dar importância a eles - os nomes chineses são impossíveis, para nós, de pronunciar e de lhes dar relevância.  Então, "pulemos" essa parte e atentemos para seu conteúdo.

Muitas coisas eu aprendi sobre a guerra que nem me passava pela cabeça, embora fossem óbvias - tais como, ao seu encaminhar para a frente de batalha há que se ter soldados encarregados de levar a comida e a água, outros de levar as armas, outros de levar o alojamento, as barracas, sem falar dos medicamentos, uniformes, alguns itens de higiene, etc.  Quando assistimos a um filme de guerra nem imaginamos essas circunstâncias (pelo menos eu não imagino).

A separação dos capítulos é como um planejamento para a guerra, e como eu mencionei anteriormente, serve para qualquer área da vida.

Para melhor entendimento da arte da guerra, listarei os capítulos em ordem.  São eles:

I - Estudos preliminares: Influência moral para a realização da guerra e/ou batalha, o clima do momento (não se guerreavam em tempos de plantio e colheita para não atrapalhar o processo e também no inverno e verão rigorosos, nesse caso porque as tropas de ambos os lados sofrem), o terreno, o comando e a doutrina.

II - A guerra: Quando prolongada o moral da tropa baixa; custos com transporte, armas e alimentos.

III - Plano de ataque: Habilidade para dominar o inimigo sem o combater; auge da excelência: atacar os planos do inimigo. "Assim, os habilidosos na arte de guerrear dominam o exército inimigo sem lhe dar a batalha.  Conquistam-lhe as cidades sem ter de as assaltar, derrubam-lhe o Estado sem operações prolongadas."

IV - Disposições: Elementos da arte da guerra: noção de espaço, avaliação das quantidades, cálculos, comparações e possibilidades de vitória.

V - Autoridade.

VI - Pontos fracos e fortes.

VII - Movimentos estratégicos.

VIII - Nove fatores variáveis.

IX - As ações.

X - A natureza do terreno.

XI - Os nove tipos de terreno: "Viaja por estradas onde não sejas esperado e ataca-o onde não está precavido." "Deve manter os oficiais e homens no desconhecimento dos seus planos." "Atacando um grande Estado, se lhe conseguir dividir as forças, a sua própria força será suficiente."

XII - Métodos de ataque com fogo: "Não ajas a não ser no interesse do Estado.  Se não podes vencer, não empregues tropas.  Se não estiveres em perigo, não combatas." "Um soberano não pode armar um exército somente porque se sente enraivecido e um general não pode lutar apenas por se sentir ressentido, porque um homem enraivecido pode tornar a ser feliz e um homem ressentido tornar a se satisfazer, enquanto um Estado que pereceu não retoma e os mortos não voltam para junto dos vivos." "Portanto, o governante iluminado é prudente e o bom general, contrário à ação irrefletida.  Assim se conserva o Estado e se mantém o exército."

XIII - O uso de espiões.

Há ainda três apêndices:

Apêndice I - Os estados guerreiros.

Apêndice II - A guerra no tempo de Sun Tzu: "Era moralmente correto a qualquer príncipe esclarecido atacar "uma nação rústica e obscura", civilizar os bárbaros, punir aqueles que voluntariamente desejavam manter-se na cegueira, ou sumariamente arrumar um Estado em degradação." "Os comandantes das diferentes colunas eram elementos da aristocracia hereditária, refletindo a graduação na hierarquia militar a posição na sociedade feudal."

Apêndice III - Sun Tzu na guerra: "A unidade nacional era para Sun Tzu uma condição essencial para a guerra." "... a força armada é o último dos árbitros nos conflitos entre os Estados,..." "Sun Tzu  distinguia perfeitamente entre o que hoje definiríamos como "estratégia nacional" e "estratégia militar".  Tal é evidenciado na sua dissertação acerca de calcular as forças a enfrentarem-se, no capítulo I, onde menciona cinco "assuntos" a serem ponderados nos conselhos: os humanos (o moral e o comando), os físicos (o terreno e o clima) e os doutrinários.  Só com a certeza de superioridade nestes pontos se encarregava o conselho de aferição de efetivos (que Sun Tzu não considerava como decisiva), qualidade das tropas, disciplina, equidade na administração, recompensas e castigos e preparação."

Nesse último apêndice, há a narração de uma resposta que Confúcio deu a um seu discípulo numa discussão acerca da guerra: 

"Supondo que o comando da guerra vos fosse entregue, quem levaríeis convosco para vos auxiliar?"

"O Mestre respondeu-lhe: "O homem pronto a enfrentar um tigre ou um rio em fúria, sem se importar se iria morrer ou viver, seria o que eu não levaria.  Levaria, sim, alguém que olhasse os problemas com a cautela devida e que preferisse o sucesso por meio da estratégia."

"Todo o guerreiro se baseia no ludíbrio.  Um general competente deve também ser um mestre nas artes complementares da simulação e da dissimulação.  Enquanto vai criando imagens para confundir e iludir o adversário, esconde as suas verdadeiras intenções e a sua real disposição.  Quando capaz, simula incapacidade; quando próximo, finge estar longe; quando afastado, que está próximo.  Movendo-se de modo tão intangível como um fantasma à luz das estrelas, será invisível, inaudível.  O seu objetivo primeiro será sempre a mente do comandante seu adversário, a situação vitoriosa, um resultado da sua imaginação criadora.  Sun Tzu compreendeu que um preâmbulo indispensável em qualquer batalha era o ataque à mente do inimigo."

Boa reflexão a todos e boa semana!


 

2 comentários:

  1. A série (longa), O Grande Guerreiro Otomano, na Netflix, ilustra este livro. Mostra estratégia de guerra.

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    1. Vamos tentar começar essa série. Grata pela dica. No momento atual talvez seja recomendado para nosso conhecimento geral dos acontecimentos que porventura estejam por vir.

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