Caros amigos leitores,
O tema de hoje é bastante polêmico, interessante, que faz parte da vida humana, visto muitas vezes como curiosidade, estudado pelos cientistas do comportamento do sono. Desde a antiguidade os sonhos são interpretados muitas vezes como fatos premonitórios, como fantasia ou resquícios de fatos transcorridos durante o dia.
No dicionário Aurélio, sono é: Fisiol. Estado de repouso normal e periódico, que no homem e nos animais superiores se caracteriza especialmente pela suspensão da consciência, relaxamento dos sentidos e dos músculos, diminuição do ritmo circulatório e respiratório, e atividade onírica.
Agora que definimos o sono, vamos refletir sobre o simbolismo e significado dos sonhos. Os sonhos possuem símbolos conectados aos estados inconscientes ou conscientes da alma. Na psicologia, os símbolos contidos nos sonhos, são, em sua grande maioria, manifestações de uma parte do psiquismo que foge ao controle do consciente.
Sonho para o dicionário Aurélio é, entre outras coisas: 1. Sequência de fenômenos psíquicos (imagens, representações, atos, ideias, etc.) que involuntariamente ocorrem durante o sono.
Cada característica de cada sonho, como por exemplo, sonhar que se está voando, caindo de um edifício, com o mar, com uma floresta, com animais, com uma xícara, estar no sótão ou no porão de uma casa, ou sonhar que está num local desconhecido, pode simbolizar diferentes facetas de nossa vida interior.
A análise de nossos sonhos pode fazer com que conheçamos algumas características superficiais ou profundas de nosso inconsciente, pois, quando nos lembramos deles, eles trazem o que os psicólogos chamam de conteúdo manifesto, ou seja, aquilo que aparece através de alegorias, emblemas, figuras, paisagens, pessoas, as quais, após uma interpretação de sua simbologia pode-se chegar àquilo que interessa, isto é, ao conteúdo latente, ou seja, sentimentos reprimidos, desejos, traumas, lembranças, etc.
O sonho pode revelar variados contextos: insegurança ou medo de fatos e/ou situações que estamos na iminência de vivenciar, perturbações de saúde do corpo físico, ansiedade e/ou preocupações do dia-a-dia.
Para poder melhor analisarmos nossos sonhos, percebamos que em nosso cotidiano, em nossos gestos, em nossa linguagem utilizamos a simbologia, mesmo que não notemos. Dentro de nós existe um grandioso mundo de símbolos. Quando começamos a tentar decifrar esses símbolos que nos rodeiam, podemos "achar o fio da meada" para continuar tecendo o tapete por onde caminhamos em direção ao nosso objetivo.
Cada um de nós, é, ao mesmo tempo, conquista e dádiva da herança biopsicoespiritual da milenar humanidade. Somos formados por aspectos culturais e sociais próprios da vida atual. Assim, temos em nós uma parte consciente, onde temos perfeita noção do motivo pelo qual fazemos o que fazemos, ou dizemos o que dizemos; e outra parte inconsciente - são nossos sentimentos pensamentos que acontecem automática e involuntariamente, porque não os conhecemos.
Carl Gustav Jung, iminente psicólogo suíço, define inconsciente individual: "Uma porção de nossa mente da qual não estamos diretamente cônscios, mas que está sempre ativa, determinando uma forte e decisiva atuação sobre nossos comportamentos, realizações e sentimentos e, talvez, a mais séria de todas - sobre nossa saúde. Tudo o que os meus sentidos percebem, mas não é discernido pela minha mente consciente: acontecimentos desprezados durante o dia, deduções concluídas de maneira precipitada, tudo o que, involuntariamente, penso, sinto, desejo, noto e faço; ideias inaceitáveis e recalcadas, afetos não consentidos e conteúdos que ainda não foram digeridos totalmente ou imaturos."
Vale lembrar que desde sempre, a humanidade analisa e registra os sonhos. Não somente os judeus o cultivam, como está no Velho e Novo Testamentos da Bíblia, mas também outros povos.
Lembremo-nos de José do Egito que, através da interpretação dos sonhos do faraó, conseguiu salvar não só sua própria vida, mas também a de sua família e do povo egípcio naquela época.
Na América do Norte, os índios escolhiam seus xamãs através dos sonhos, além da ordenação de guerras, caçadas, além do nome dado aos recém-nascidos.
Na Grécia, os sonhos relatados pelos doentes à época de Asclépio (Esculápio para os romanos) eram os veículos de cura para suas enfermidades físicas e mentais. Os enfermos eram levados a manusear argila para visualizarem seus sonhos e assim modelar dificuldades internas para posterior reabilitação. Através desse manuseio, o doente entrava em contato com sua parte inconsciente e tinha assim, uma maior oportunidade para recuperar a sanidade. Hoje, os psicoterapeutas fazem uso de técnicas similares.
A vida interior é uma vida rica a ser explorada para nosso próprio bem. Se desejarmos nos espiritualizar não podemos nos ater à vida de aparências, de superfície. E, para tanto, o sonho é um dos melhores instrumentos de informação sobre o estado físico, psíquico e espiritual de cada um de nós.
Mas, para que a interpretação dos sonhos possa ser realizada a contento, quando efetuada por um terapeuta, por exemplo, que este conheça algumas características do indivíduo que sonha. Quando a pessoa que sonha interpreta seu próprio sonho, ela precisa levar em conta que o material aparentemente desconexo, tem uma razão de ser e tentar decifrar a simbologia do sonho de acordo com sua vida cotidiana.
Em todos os processos de desenvolvimento da humanidade, os sonhos facilitam o crescimento e a integração do homem. Quando as imagens oníricas são bem interpretadas e compreendidas, elas ajudam na percepção do universo espiritual.
Finalizo o texto com um alerta de Hammed: "A interpretação dos símbolos oníricos serve unicamente para explicar que eles são uma das formas de expressão do inconsciente e que necessitam ser traduzidos, a fim de facilitarem o entendimento da vida. Porém, não serve para induzir leitores a uma análise precipitada de exótica adivinhação."
Boa semana e boa reflexão!
Até!