sábado, 28 de janeiro de 2023

O SIMBOLISMO DOS SONHOS

Caros amigos leitores,

O tema de hoje é bastante polêmico, interessante, que faz parte da vida humana, visto muitas vezes como curiosidade, estudado pelos cientistas do comportamento do sono.  Desde a antiguidade os sonhos são interpretados muitas vezes como fatos premonitórios, como fantasia ou resquícios de fatos transcorridos durante o dia.

No dicionário Aurélio, sono é: Fisiol. Estado de repouso normal e periódico, que no homem e nos animais superiores se caracteriza especialmente pela suspensão da consciência, relaxamento dos sentidos e dos músculos, diminuição do ritmo circulatório e respiratório, e atividade onírica.

Agora que definimos o sono, vamos refletir sobre o simbolismo e significado dos sonhos.  Os sonhos possuem símbolos conectados aos estados inconscientes ou conscientes da alma. Na psicologia, os símbolos contidos nos sonhos, são, em sua grande maioria, manifestações de uma parte do psiquismo que foge ao controle do consciente.

Sonho para o dicionário Aurélio é, entre outras coisas: 1. Sequência de fenômenos psíquicos (imagens, representações, atos, ideias, etc.) que involuntariamente ocorrem durante o sono.

Cada característica de cada sonho, como por exemplo, sonhar que se está voando, caindo de um edifício, com o mar, com uma floresta, com animais, com uma xícara, estar no sótão ou no porão de uma casa, ou sonhar que está num local desconhecido, pode simbolizar diferentes facetas de nossa vida interior.

A análise de nossos sonhos pode fazer com que conheçamos algumas características superficiais ou profundas de nosso inconsciente, pois, quando nos lembramos deles, eles trazem o que os psicólogos chamam de conteúdo manifesto, ou seja, aquilo que aparece através de alegorias, emblemas, figuras, paisagens, pessoas, as quais, após uma interpretação de sua simbologia pode-se chegar àquilo que interessa, isto é, ao conteúdo latente, ou seja, sentimentos reprimidos, desejos, traumas, lembranças, etc.

O sonho pode revelar variados contextos: insegurança ou medo de fatos e/ou situações que estamos na iminência de vivenciar, perturbações de saúde do corpo físico, ansiedade e/ou preocupações do dia-a-dia.

Para poder melhor analisarmos nossos sonhos, percebamos que em nosso cotidiano, em nossos gestos, em nossa linguagem utilizamos a simbologia, mesmo que não notemos.  Dentro de nós existe um grandioso mundo de símbolos.  Quando começamos a tentar decifrar esses símbolos que nos rodeiam, podemos "achar o fio da meada" para continuar tecendo o tapete por onde caminhamos em direção ao nosso objetivo.

Cada um de nós, é, ao mesmo tempo, conquista e dádiva da herança biopsicoespiritual da milenar humanidade.  Somos formados por aspectos culturais e sociais próprios da vida atual. Assim, temos em nós uma parte consciente, onde temos perfeita  noção do motivo pelo qual fazemos o que fazemos, ou dizemos o que dizemos; e outra parte inconsciente - são nossos sentimentos pensamentos que acontecem automática e involuntariamente, porque não os conhecemos.

Carl Gustav Jung, iminente psicólogo suíço, define inconsciente individual: "Uma porção de nossa mente da qual não estamos diretamente cônscios, mas que está sempre ativa, determinando uma forte e decisiva atuação sobre nossos comportamentos, realizações e sentimentos e, talvez, a mais séria de todas - sobre nossa saúde.  Tudo o que os meus sentidos percebem, mas não é discernido pela minha mente consciente: acontecimentos desprezados durante o dia, deduções concluídas de maneira precipitada, tudo o que, involuntariamente, penso, sinto, desejo, noto e faço; ideias inaceitáveis e recalcadas, afetos não consentidos e conteúdos que ainda não foram digeridos totalmente ou imaturos."

Vale lembrar que desde sempre, a humanidade analisa e registra os sonhos.  Não somente os judeus o cultivam, como está no Velho e Novo Testamentos da Bíblia, mas também outros povos.

Lembremo-nos de José do Egito que, através da interpretação dos sonhos do faraó, conseguiu salvar não só sua própria vida, mas também a de sua família e do povo egípcio naquela época.

Na América do Norte, os índios escolhiam seus xamãs através dos sonhos, além da ordenação de guerras, caçadas, além do nome dado aos recém-nascidos.

Na Grécia, os sonhos relatados pelos doentes à época de Asclépio (Esculápio para os romanos) eram os veículos de cura para suas enfermidades físicas e mentais.  Os enfermos eram levados a manusear argila para visualizarem seus sonhos e assim modelar dificuldades internas para posterior reabilitação.  Através desse manuseio, o doente entrava em contato com sua parte inconsciente e tinha assim, uma maior oportunidade para recuperar a sanidade.  Hoje, os psicoterapeutas fazem uso de técnicas similares.

A vida interior é uma vida rica a ser explorada para nosso próprio bem.  Se desejarmos nos espiritualizar não podemos nos ater à vida de aparências, de superfície. E, para tanto, o sonho é um dos melhores instrumentos de informação sobre o estado físico, psíquico e espiritual de cada um de nós.

Mas, para que a interpretação dos sonhos possa ser realizada a contento, quando efetuada por um terapeuta, por exemplo, que este conheça algumas características do indivíduo que sonha.  Quando a pessoa que sonha interpreta seu próprio sonho, ela precisa levar em conta que o material aparentemente desconexo, tem uma razão de ser e tentar decifrar a simbologia do sonho de acordo com sua vida cotidiana.

Em todos os processos de desenvolvimento da humanidade, os sonhos facilitam o crescimento e a integração do homem.  Quando as imagens oníricas são bem interpretadas e compreendidas, elas ajudam na percepção do universo espiritual.

Finalizo o texto com um alerta de Hammed: "A interpretação dos símbolos oníricos serve unicamente para explicar que eles são uma das formas de expressão do inconsciente e que necessitam ser traduzidos, a fim de facilitarem o entendimento da vida.  Porém, não serve para induzir leitores a uma análise precipitada de exótica adivinhação."

Boa semana e boa reflexão!

Até! 



 



 

 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

O BEM E O MAL - PARTE III

Leitores amigos,

Nesta terceira parte mas não última, continuarei a trazer minhas reflexões sobre esse tema.  A cada dia que passa penso nele e as ideias continuam a surgir em minha mente.  Nos textos anteriores falei da família, da religiosidade, da escola e do papel do professor.

Outra instituição que me vem à mente é o ambiente de trabalho - como existem muitos tipos de profissão, cada um deles requer um ambiente de trabalho diferente.  Obviamente não conseguirei abarcar todos eles, mas trarei alguns exemplos.  Existem fábricas, escritórios, hospitais, lojas, indústrias, escolas; existem funções nos meios de comunicação (TV, rádio, mídia em geral), na política (vereadores, senadores, deputados, prefeitos, governadores); existem trabalhadores autônomos com escritórios próprios (advogados, contadores, psicólogos, médicos, veterinários); existem aqueles trabalhadores do campo que mencionei no outro texto (criadores de gado, galinha, peixe; plantadores de frutas, verduras, grãos).

Em todas essas áreas há pessoas de diferentes graus de educação familiar, financeira, religiosa, ideológica - em sendo assim, cada um lidará, no seu ambiente de trabalho de maneira diversa, dependendo de sua personalidade.

Assim, aos poucos conseguimos refletir e visualizar boas e más ações nesses ambientes e por conseguinte, boas e más pessoas.

Em qualquer desses ambientes, uns mais outros menos, há muitos tipos de pessoas: os bons trabalhadores, os preguiçosos, os acomodados, os idealistas, os conformados, os bons colegas, os bons ajudantes, os maus administradores, e por aí vai a lista.  Alguns estão em seus ofícios  por escolha, uns outros por imposição de alguém ou até do "destino", e outros porque não "acharam" nada melhor para trabalhar.  Deste modo, cada um reagirá no seu ambiente de trabalho de acordo com sua personalidade e muitas vezes, de maneira inconsciente, por não se autoconhecer.

Assim sendo hoje, finalmente, peço a vocês que reflitam num dos grandes "vícios", se assim posso designá-lo, da vida em sociedade - a inveja.

Creio que a maioria de vocês já entenderam onde quero chegar.

A meu ver há dois tipos de inveja - a inveja do ter e a inveja do ser - há os que invejam o que o outro tem e eles não podem ter e há os que invejam o que o outro é - esse último tipo é o mais prejudicial ao bom relacionamento social.

Quando alguém inveja o que um outro tem, ele faz pouco caso desse indivíduo que tem e até o critica - muitas pessoas ao redor percebem essa atitude, mas o invejoso, na maioria das vezes não, pois é um ato inconsciente.

Quando alguém inveja o que o outro é, pode acontecer o mesmo tipo de crítica, mas há o agravante de tentar destruir essa pessoa que tem a personalidade ou algumas características desejadas, pela pessoa que inveja.

No quesito "ter" é bem verdade que nem todas as pessoas podem ter o que outros têm - mas as perguntas que ficam no ar são: precisamos ter tudo o que o outro tem? precisamos ter o último modelo de celular? um carro do ano? uma bolsa da Prada? uma camiseta do Tommy Hilfiger ou uma caneta Montblanc? Se todos pudessem caminhar na vida dentro de suas possibilidades, uma certa paz reinaria no ambiente, creio eu.

No quesito "ser" a "solução" é mais difícil.  Por exemplo, uma pessoa inveja outra que é disciplinada em seus afazeres, no seu dia a dia.  Então ela a critica, dizendo que é rígida, inflexível e, muitas vezes, gostaria de ter algumas de suas características, mas ela têm uma vontade débil, uma grande preguiça.  Nesse caso, em minha opinião, essa pessoa invejosa tem duas opções: ou tentar "copiar" a pessoa disciplinada ou aceitar-se como é.  Logicamente, ela necessita, em primeiro lugar, "perceber" sua inveja.  Caso o faça, há um trabalho árduo pela frente, mas bastante compensador trazendo como consequência um bem estar interior.  Do contrário, há um grande mal estar interior, buscando sempre a necessidade de criticar, difamar, maldizer a pessoa invejada em questão.

Hammed, em seu livro "As dores da alma" no capítulo "Inveja" traz duas afirmações que citarei para elucidar melhor o tema e por concordar com elas:

"O invejoso é inseguro e supersensivel, irritadiço e desconfiado, observador minucioso e detetive da vida alheia até a exaustão, sempre armado e alerta contra tudo e todos."

"Não há nada a nos censurar por apreciarmos os feitos das pessoas e/ou por a eles aspirarmos; o único problema é que não podemos nos comparar e querer tomar como modelo o padrão vivencial do outro."

Nessa segunda afirmação, atentemos para o detalhe bem importante de que cada indivíduo possui um "background" (vivência) diferente e por isso não podemos e nem devemos copiá-lo integralmente.

Assim, finalizo essa terceira parte (ainda haverá outros textos) com mais perguntas a refletir: já dá para imaginar onde se encontra o bem e o mal no âmbito social? já se pode compreender o porquê de suas existências? 

Até o próximo texto.

Boa semana!


 




 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

O BEM E O MAL - PARTE II

Caros amigos leitores,

Nessa segunda parte trago mais perguntas do que respostas, mais dúvidas do que certezas, mas por fim, trago reflexões próprias que possam não ser as vossas embora possam fazer com que todos pensem.

No texto anterior trouxe, ao meu ver, a importância da família e da religiosidade - também comentei que essas duas instituições estão decaídas, fracas e a primeira pergunta que faço é Por quê?

A terceira importante instituição que quero trazer à baila hoje é a escola, o ensino, a instrução.  Ela também encontra-se em crise.  Num passado não tão distante assim, aquele que sabia mais ensinava o que sabia menos e era dessa maneira que a instrução, o conhecimento era passado de geração à geração - a humanidade evolui desse jeito.  Depois vieram os livros, a didática, a formação de professores de diversas disciplinas - então, você tinha, por exemplo, o químico que trabalhava nessa área ou o professor de química, para aqueles que gostavam de ensinar. 

Com o avançar da evolução e da importância do dinheiro para todos, valorizou-se algumas profissões em detrimento de outras - umas "davam" mais dinheiro que outras e houve também o que eu chamo de "ciclos de importância" - esses ciclos vem e vão.  Já tivemos a valorização da profissão de médico, o qual ganhava muito dinheiro e tinha uma grande importância na sociedade.  Hoje, dependendo da especialidade médica ou do expertise do profissional, ele nem ganha muito, embora muitos deles ainda cultivem o status.

Atualmente no Brasil temos o ciclo dos advogados, mais precisamente a função de juízes - os quais acreditam serem os que detém a profissão mais importante do meio social.

Ao meu ver todas as profissões são muito importantes numa sociedade - muitas vezes, quando uma delas é enfraquecida ou falta, outra pode ser criada para preencher a lacuna.  Atualmente muitas novas funções surgiram por causa do avanço da tecnologia e assim, hoje muitos jovens querem trabalhar nessa área, não só porque pode parecer mais rentável, mas também porque lhe é dada uma importância demasiada, mas não verdadeira.

Todos nós precisamos nos alimentar, mas poucas pessoas querem trabalhar no plantio, na colheita, na criação de gado, frango, peixe.  Essas funções ficaram relegadas a pessoas de pouca instrução, pouca escolaridade.  Por quê? Não deveria ser uma profissão valorizada por lidar com o essencial de toda a humanidade?

Então, chegamos numa das profissões mais desvalorizadas em muitos países (excetuando-se no Japão) que é a função do professor. No Brasil, eu até arriscaria dizer que é uma das profissões onde o salário é muito aquém da importância desta atribuição.  No Japão, ela é a profissão mais importante e muito bem valorizada.  O povo japonês respeita muito o professor.  Não é à toa que é uma das culturas mais avançadas, não só em termos de tecnologia (hoje a Índia é a melhor nessa área) como também exemplo de povo educado, polido, respeitoso.

Em realidade, cada um deveria escolher a profissão que mais gostasse, que tivesse mais aptidão - mas não é o que ocorre.  Por quê? Devido a alguns fatores: nível econômico de uma família pode impedir um aluno que queria cursar medicina a não fazê-lo porque o curso é muito caro; o aluno atual muitas vezes, não sabe o que gosta, ou até não sabe no que é bom e acaba escolhendo uma área de estudo na qual lhe trará uma profissão mais rentável no futuro, sem levar em consideração se ele se sente bem ou não realizando tal função; às vezes a função do pai ou da mãe é o diferencial, ou seja, o aluno/o filho acaba escolhendo a mesma profissão dos pais, por comodismo, não por aptidão.

Esses são alguns exemplos de situações que ocorrem no âmbito social no que diz respeito à profissão, ou à escolaridade.

(Novamente muitas ideias surgem enquanto estou escrevendo - talvez esse tema necessite de uma terceira parte...)

Hoje, termino essa segunda parte com as perguntas: O que tem a ver tudo isso com o bem e o mal? A desvalorização contínua das instituições família, religiosidade, ensino/educação, trabalho/profissão nos movem para o lado do bem ou do mal? Do bem estar ou do mal estar? Por quê? Como? Tentarei responder com minhas próprias reflexões num próximo texto.  Aceito sugestões.

Boa semana!




 

VISITA A SÃO PAULO

Caros leitores, Este ano, em nossa ida para Sampa para visitar amigos que lá deixamos, visitamos 15 pessoas.  O ano passado ficamos 6 dias e...