Olá leitores,
Sempre é importante tratarmos da saúde espiritual/mental, ou seja, compreendermos e percebermos os nossos pensamentos - como eles são, isto é, somos racionais ou abstratos, otimistas ou pessimistas, rápidos ou lentos, superficiais em nossa maneira de ser? Assim, como realizar um autoconhecimento satisfatório sem percebermos o que se passa em nossas cabeças?
Antes de adentrarmos o tema propriamente dito, entendamos o que é o pensamento.
Para o dicionário Aurélio, o pensamento é: 1. ato ou efeito de pensar, meditar; processo mental que se concentra nas ideias; 2. poder de formular conceitos; 3. aquilo que é pensado; o produto do pensamento; ideia.
Bem, agora que já explicamos satisfatoriamente a definição de pensamento, falaremos hoje, entre outros temas similares, das ideias fixas.
Para o dicionário Aurélio, ideia é: 1. representação mental de coisa concreta ou abstrata; imagem; 2. elaboração intelectual, concepção; 3. conhecimento, memória, lembrança; 4. invenção, criação; 5. maneira particular de ver as coisas, opinião, conceito; 6. visão imaginária, imaginação.
O indivíduo que traz uma ideia fixa em seus pensamentos é considerado um indivíduo enfermo - ele nada vê, nada ouve, nada sente ou nada percebe além daquilo, ou daquela pessoa onde seus pensamentos ficaram cristalizados. Essa cristalização pode durar dias, meses, anos. Quando isto ocorre, a criatura se isola do mundo externo, passando a viver em circuito fechado, vivendo dentro do desequilíbrio, ficando assim, paralisada, dominada por esses pensamentos fixos e, estes podem ter tido sua origem em fatos reais ou em fatos ilusórios, produtos de sua imaginação.
Começamos aqui a falar daquelas pessoas que estão desarmonizadas tanto com o mundo exterior quanto consigo próprias, ou seja, com o seu mundo interior. Esses são casos sérios de indivíduos que vivem em constantes conversações de si para consigo próprios - há um diálogo ininterrupto em seus pensamentos. As palavras, as discussões e os pensamentos giram sem parar porque eles se fixam em determinado acontecimento ou até em determinada coisa ou pessoa e assim o seu mundo de ideias torna-se hiperativo - não há descanso e eles, por causa disso, acabam atraindo para si o mesmo problema várias vezes, repetindo-o e assim, levando-os à fadiga e dificultando o progresso moral e intelectual. Esses são os casos de indivíduos com problemas mentais, doentes do espírito no seu aspecto mais grave.
Entretanto, a maioria de nós também tem os nossos momentos de nossas ideias fixas. Como então fazer para percebê-las, analisá-las e minorá-las? O que dizer das ideias fixas que aparecem quando "cismamos" com alguma coisa, algum acontecimento ou alguém?
Quando há uma ideia fixa, o indivíduo se faz prisioneiro não só dos inimigos externos, mas também dos inimigos internos, ou seja, dele mesmo. Nesse caso, ficando como já o dissemos, em "circuito fechado", ele se abstém de observar, perceber novas oportunidades de desenvolvimento e crescimento moral, mental, espiritual. É um indivíduo aprisionado nas próprias visões íntimas.
Pessoas com ideias fixas são criaturas que tem como características mais comuns a de serem: carrancudas, tímidas, envergonhadas, supersensíveis, desprovidas de humor, reservadas, não sociáveis; não conseguem aproximar-se dos outros e expressar suas emoções e assim são avessas à afetividade - com o tempo sua capacidade amorosa se reduz e elas tornam-se indiferentes e apáticas.
Esse tipo de pessoa vive numa espécie de "desonestidade emocional", pois ela não é ela mesma, não está fazendo uso de seus potenciais internos para crescer e caminhar para frente, mas, ao contrário, cria um afastamento de si própria e do mundo que a cerca, pois pensa sempre a mesma coisa e se entrega a ela - é como uma pessoa fanática que acredita que aquilo que ela vê é tudo o que existe no mundo. Ex.: futebol, hobbies. São pessoas de uma única atividade.
As ideias fixas podem ocorrer pelo fato de termos dificuldade em expressar nossos sentimentos e/ou emoções.
Quando estamos com medo ou quando negamos o que sentimos podemos ocasionar uma situação que provoca alucinação. Por exemplo, se estou com medo de estar em casa quando a luz é cortada, posso imaginar ruídos, visões de algo que não existe. Outro exemplo pode ser o de uma pessoa que tem medo de andar de elevador, mas não sabe, ou não expressa este medo, isto é, nega esse sentimento; ela pode, uma vez dentro do elevador, sentir náusea, suar ou até falar sem parar. Vale lembrar que ignorar as sensações e/ou os sentimentos não faz com que eles desapareçam. O melhor a fazer é identificar, perceber o que se sente para transformá-los com vagar - esse é um desafio que se pode dominar aos poucos.
A maioria de nós aprendeu desde cedo a reprimir alguns sentimentos. Podemos ter seguido frases-chave, com disciplina, tais como: "Não devo sentir isso"; "Homem não chora"; "Não posso demonstrar que estou com medo, com raiva, que estou magoado", etc. Esses tipos de afirmações fizeram com que tivéssemos dificuldade de entrar em contato com nossos sentimentos.
Nossa área emocional é uma parte valiosa de nós mesmos. Ela diz respeito a quem somos, como vivemos, como crescemos e como amadurecemos.
Nossos sentimentos não podem esta guardados a "sete chaves" dentro de nós, embora eles possam ser difíceis, problemáticos, e até outras vezes explosivos e irritantes - eles devem ser reelaborados, reeducados e transformados. Eles não podem ser reprimidos e nem permitidos a controlar nossos atos ou atitudes - só podemos modificar aquilo que conhecemos. Se não percebo meus sentimentos e emoções não posso julgá-los bons ou ruins, ao passo que se os percebo ruins posso mudá-los para bons, após análise e observação.
O mecanismo de negação descoberto por Freud é o seguinte: "Negação é a tentativa de não aceitar na realidade um fato que perturba o ego" ("Teorias da Personalidade, James Fadiman, Robert Fraser, 1986). Ele deve ser um mecanismo temporário e deve nos proteger até que possamos nos equipar para lidar com os fatos de nossa vida, tanto dentro quanto fora de nós. Entretanto não podemos passar muito tempo negando a realidade.
A ideia fixa, a alucinação, ou a imaginação, consciente ou inconsciente, limita nossa liberdade de ação na vida. Entrar em contato com o "chão da realidade" é o antídoto para não cairmos na rede das ideias fixas.
Existe uma cura definitiva para esse tipo de mal? Sim. Basta aprimorarmos nossos sentimentos, abrandarmos nosso coração, acalmarmos nossa ansiedade e expectativas para identificar com atenção o que sentimos para poder transformar sentimentos desagradáveis em sentimentos melhores que nos auxiliem a amadurecermo-nos.
Quando decidirmos cultivar a "honestidade emocional" em todas as nossas relações, com nós mesmos ou com os outros, estabeleceremos em nós o início da edificação da paz no reino interior.
Boa semana!
Até!
Penso que para ser madura emocionalmente, devo ser humilde, franca e sincera comigo mesma.
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