terça-feira, 7 de março de 2023

A IMPLACABILIDADE DO TEMPO

Caros amigos leitores,

No sábado passado estive em São Paulo para realizar minha costumeira palestra mensal num instituto espiritual - realizo essa palestra há dez anos (escrevi mais detalhadamente sobre isso no texto "Um lugar mágico" datado de setembro do ano passado).  O que me motivou a escrever esse texto de hoje não foi realmente essa prática, mas a amiga com a qual tomei o café da manhã antes da palestra.

Em nossa conversação ela me contou que não irá voltar para trabalhar no modo presencial.  Ela trabalha como "terceirizada" numa empresa do estado de São Paulo na área de processamento de dados.  Durante a "pandemia" trabalhou online, assim como a grande maioria das pessoas.  E, agora que praticamente todas as pessoas já voltaram ao modo presencial, foi-lhe dito que o pessoal "terceirizado" continuará trabalhando online.  No quesito preferência, há pessoas que querem continuar trabalhando online, entretanto há outras pessoas que não desejam continuar nessa modalidade.

Assim, com essa situação que ela me contou, a qual a deixou bastante aborrecida para não dizer decepcionada, fiquei a refletir em como usamos (ou somos usados?) o tempo em nossa vida cotidiana.

Vocês já pararam para refletir sobre isso? Se não, agora é o momento.

De volta ao exemplo de minha amiga, ela queixou-se que fica muito tempo dentro de casa sem contato pessoal, só contato visual, porém remoto.

A cada dia que passa perdemos muito tempo com pequenas tarefas, a maioria delas, entediantes, enfadonhas e não sobrando tempo para atividades mais relaxantes, mais culturais que nos levam ao nosso crescimento pessoal/espiritual.  Nessa toada a vida vai se escoando e quando nos damos conta, o seu fim chega e você parece não ter vivido - apenas vegetado.

Desde que comecei a trabalhar, aos 14 anos de idade, sempre tive bons momentos de relaxamento, lazer, viagens e  atividades culturais.  Iniciei como balconista de uma loja de brinquedos, então fui secretária júnior, secretária sênior, secretária executiva bilíngue, professora particular de inglês e hoje trabalho como psicóloga clínica.  Em todos esses momentos fui estudando outras culturas, praticando esportes (do vôlei aos patins), participando de grupos culturais de leitura, religião, línguas.  Sempre tive tempo para estar com amigos, viajar.

Hoje a vida de trabalho, lazer e cultura das pessoas encurtou muito.  O trabalho online é cansativo, extenuante - ficar olhando para uma tela luminosa de 8 a 10 horas por dia é uma prática suicida, em minha opinião.  As pessoas que conheço que trabalham dessa maneira são estressadas, cansadas e até muitas vezes, agitadas.  Quase não têm momentos relaxantes, alimentam-se mal (ou comem muito ou não comem nada, quando comem, comem comida não saudável), não praticam exercícios, muitos tem insônia e o pior de tudo, acontece o que mencionei no início - a vida se esvai, você não tem contato físico com a natureza do planeta e muito menos com pessoas no geral.

A queixa de minha amiga é muito pertinente.  Ficar o dia inteiro em casa olhando para a tela do computador é comparável ao aposentado que fica o dia inteiro assistindo TV, como se isso fosse o esperado deste período da vida.

Como digo no meu cartão de visitas de psicóloga: "A vida depende de escolhas.  Analise as suas e realize as mudanças necessárias", cada um de nós deveria realizar escolhas que nos trouxessem resultados/consequências mais aprazíveis - é compreensível a necessidade de ganharmos dinheiro para pagar nossas contas - acredito que até elas, as contas, devem ser checadas vez ou outra sobre sua relevância em nossas vidas - observemos se não estamos pagando coisas demais que nem usufruímos, tipo muitos canais de "streaming" sem nem conseguirmos assistir a tudo, academias de ginástica ou natação as quais vamos raramente, restaurantes caros onde a comida não é simples e saudável, encher o guarda-roupa de roupas, sapatos e acessórios que nem são usados, principalmente para aqueles que trabalham online, como citei.

Depois da "pandemia" deveríamos buscar simplificar a vida e não enchê-la de atividades e coisas irrelevantes.

Nossa meta maior, em minha opinião, poderia ser uma vida mais leve e onde pudéssemos estar mais em contato com amigos, com a natureza, abraçar árvores, ouvir e ver pássaros, caminhar na praia (bem cedinho para ver o sol nascer e não no meio da muvuca), relaxar na poltrona predileta ouvindo boa música ou lendo um livro.  A vida poderia ser um eterno agradecer pelas coisas simples ao nosso redor e não um interminável reclamar.  Como disse antes, se não está bom, escolha viver uma vida mais pacífica.  Cada um de nós tem o livre arbítrio para escolher o que nos faz bem sem preocupar-se se pessoas â sua volta concordam ou não com a sua escolha - ainda somos livres para pensar, refletir e escolher a melhor vida para nós mesmos e não ir na onda de fazer tudo o que todos fazem - o que os outros fazem pode não ser bom o suficiente para nós.  Pensem nisso!

Boa semana!




 


  

Um comentário:

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