quinta-feira, 24 de agosto de 2023

"PERSUASÃO"

Caros leitores amigos,

O livro do mês de nosso Clube de Leitura foi "Persuasão" de Jane Austen.

Jane Austen é a queridinha dos britânicos - seus livros usualmente são transformados em filmes ou séries de TV - como exemplos cito "Razão e Sensibilidade" e "Orgulho e Preconceito".  "Persuasão" portanto também deve ter sua versão para as telas embora eu não tenha checado.

Este livro foi o último romance que a autora escreveu e foi publicado em 1818 postumamente (Jane Austen - 1775-1817).

A obra traz um vívido retrato de época com as convenções e costumes da sociedade rural inglesa do começo do século XIX e conta a história de um casal, os quais, 8 anos após o rompimento de seu noivado, reencontram-se em circunstâncias adversas daquelas do passado.

O livro é denso, com poucos diálogos, pouca descrição das paisagens e dos locais onde a história se passa, entretanto, a riqueza das descrições fica por conta dos pensamentos, emoções e sentimentos dos personagens, principalmente de Anne, a personagem central do enredo.

Eu, particularmente, gostei do livro, talvez por ser psicóloga e "entrar" no mundo interno dos personagens sempre me fascina.  Nesse quesito, o de opinar sobre o livro, não houve consenso geral, isto é, algumas pessoas não gostaram da obra, exatamente por essa característica, embora a discussão tenha sido acalorada discutindo-se exatamente a personalidade dos personagens. 

Confesso que não é, em minha opinião, uma obra com grandes doses de suspense, surpresas, mistério e aventura, mas cumpriu o seu papel de descrever os hábitos e costumes daquela sociedade inglesa do começo do século XIX.

Por ser um livro bom, recomendo a leitura  e, a ideia que fica é que a pessoa que é persuadida a realizar o que outros determinam para sua vida acaba frustrando-se por não viver aquilo que seu coração dita.

Boa semana! 



 

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

CONTRADIÇÕES

Caros leitores,

No texto de hoje discutiremos e analisaremos as contradições de ideias, palavras escritas e/ou faladas, percepções/sensações, pensamentos.  Vivemos num mundo de contradições - este é um fato.  Seria este um dos motivos para tantas dissensões, discórdias, males entendidos no nosso dia-a-dia? Façamos uma breve reflexão sobre o nosso cotidiano e nos perguntemos por qual motivo rejeitamos certas ideias, pensamentos de forma categórica e imediata e aceitamos facilmente outras.  Por que há tantas ideias e/ou interpretações discordantes? Perguntemo-nos por qual motivo muitas vezes somos impedidos de ouvir o que os outros têm a partilhar.  Talvez existam bloqueios psicológicos que temos e que nos dificultam o entendimento do que a outra pessoa quer dizer.

Se pensássemos mais intensamente sobre as respostas a essas questões talvez pudéssemos entender o mundo das contradições em que vivemos.

A maioria de nós tem a tendência a analisar o outro sem analisar-se a si próprio - em realidade, "analisamos" o outro baseado em nossas convicções internas, baseado em nossas vivências, em suma, analiso o outro tendo por base o meu grau de evolução - quanto mais adiantada moralmente a criatura, menos ela analisa o seu semelhante, ao contrário, ela o compreende e o respeita em suas convicções.

O primeiro passo é o nosso de sempre AUTOCONHECIMENTO.  Ao ouvir o outro e me perceber nesse intento já estou realizando o exercício do autoconhecimento.  Quando ouvimos uma pessoa, seja numa palestra, numa entrevista, numa discussão entre amigos, ou até, apenas num diálogo, prestamos atenção àquilo que consideramos mais importante para nós naquele momento, o nosso real interesse no assunto em questão.

Por exemplo, se não simpatizo com determinada figura pública e, ao assistir uma entrevista ou até uma fala sua num meio de comunicação, seja falada ou escrita, procuro inconscientemente uma ideia da qual não concordo para confirmar a minha antipatia por ela - se não me "desarmar" em minha atitude, não encontrarei nessa pessoa nada de bom, e eu acredito que todos têm algo de bom.

Então, no exercício do autoconhecimento, ao interagir com outras pessoas, também posso atentar para meu interior, meus interesses, minhas atitudes, meu comportamento no momento da interação.

As contradições existem exatamente porque todas as pessoas são diferentes, com diferentes graus de entendimento.

A comunicação entre duas pessoas não é tão fácil assim.  A comunicação será boa, ou melhor, satisfatória se ambas se dispuserem a ouvir, a se imbuir de boa vontade para tal interação.  A comunicação não é uma arte tão fácil de ser apreendida.  Muitos acreditam que basta abrir a boca, emitir sons, fazer perguntas, responder para se comunicar.  Em realidade, se pararmos para prestar atenção nas conversas alheias perceberemos como cada pessoa está sempre falando de si própria e dos seus interesses - prestemos atenção à nós mesmos em interação com os outros - é também um bom exercício de autoconhecimento.

Através do autoconhecimento contínuo nossa comunicação será mais coerente, pois saberemos transmitir o que pensamos e o que sentimos de acordo com nosso código interno de valores, assim como também teremos parâmetros para traduzir situações, acontecimentos, atos e sentimentos dos outros.

Quantas vezes em nossas conversas com as pessoas pensamos ter entendido o que foi conversado para depois descobrirmos que o que estava sendo dito era completamente diferente.

Para nos tranquilizarmos daqui para frente em como podemos ser melhores comunicadores e intérpretes da comunicação alheia, basta admitirmos nossa compreensão limitada do mundo que nos cerca - desta maneira é mais fácil aceitar equívocos na interpretação das comunicações, pois todos nós temos lapsos em nossa comunicação - admitir isto é sinal de humildade, é também sinal de caridade para conosco e para com os outros.

Lembremo-nos que somos diferentes.  Absolutamente, ninguém é igual a outrem.

Quando nos autoconhecemos, evoluímos.  A ideia é sermos autênticos, sermos nós mesmos com nossas convicções, ideias, valores.  Entretanto existe um mecanismo de defesa do ego que dificulta esse processo.  Esse mecanismo chama-se introjeção.

De acordo com Jung, introjeção é o processo de assimilação do objeto ao sujeito; é o oposto da projeção.  Hammed, um pensador, explica de uma maneira mais simples: "é uma técnica de reter ou atribuir jeitos de agir e pensar, dons, predicados e atitudes dos outros como sendo nossas qualidades." Indivíduos que fazem uso desse mecanismo, muitas vezes, não conseguem diferenciar o que realmente sentem e pensam do que sentem e pensam as outras pessoas.  Pode ocorrer, neste caso, da pessoa introjetiva assimilar opiniões, pontos de vista e atitudes discordantes entre si.  Desse modo, essa pessoa pode se tornar incoerente, fragmentada e confusa.  Esse mecanismo é mais facilmente utilizado por pessoas inseguras, vaidosas/orgulhosas, com baixa autoestima - qualquer pessoa pode fazer uso dele em situações específicas.

Atualmente, vejo esse mecanismo ser usado muito frequentemente por muitas pessoas.  Por falta de reflexão, de autoconhecimento, pessoas repetem as falas e ideias de outras como se fossem delas.  Acredito que até nós mesmos possamos fazer isso inconscientemente.  Então, evitemos contradições internas também, ou seja, às vezes, concordamos com ideias que estão diametralmente contrárias àquilo que acreditamos. 

Pensemos nisso! Boa semana! 













domingo, 13 de agosto de 2023

ESCREVENDO COM A LUZ - por José Tucón

Caros amigos leitores,

Nesta edição do "Refletindo", publicarei um texto de autoria de J.Tucón, meu marido.  Ele nos conta como foi sua experiência numa viagem que fizemos em 2015 ao Velho Oeste, mais especificamente ao estado do Novo México, nos Estados Unidos.

"Em 2015 viajei para Taos, New Mexico, USA.

Taos é uma pequena cidade com cerca de seis mil habitantes no meio do Velho Oeste, porém é uma cidade altamente cultural com galerias de artes plásticas, de fotografia, etc...

Também é um local para onde vão pessoas que lidam com criatividade, na busca de revisão de conceitos, de novos rumos, de novas possibilidades...

Não foi diferente comigo.

Como escritor de ficção científica viajei com este propósito.  E lá entrei em contato com a sociedade literária local, a quem ofereci um exemplar de um livro de minha autoria.

Foi nesse momento que me dei conta do pouco alcance da língua portuguesa.  O resto do dia, bem, é melhor nem falar.

Porém, no dia seguinte acordei com outro olhar.  Outro olhar para a paisagem do deserto e das montanhas.  Um deserto exuberante! Exuberante? Sim, com áreas de pequenas flores criando superfícies sutilmente coloridas.  Rochas revelando suas texturas e formas sob a luz de Taos.  O horizonte a perder de vista diluindo as formas das montanhas mais longínquas.

Bem, e como falar de tudo isso?

Antes que me desse conta, estava fotografando não mais como turista mas como escritor.  Fotografar como escritor?

Sim, a palavra "Fotografia" significa literalmente "Escrever com a luz".  E é uma linguagem universal.

Comecei a usar a luz para expressar e desvendar os mistérios da "arquitetura da natureza" ou no dizer dos índios locais, expressar a essência da obra do Grande Espírito.

E, logo a seguir, descubro a pintora Georgia O'Keeffe que viveu em Taos e procurou a fronteira entre a abstração e a figura em suas pinturas cuja temática era a paisagem da qual falei.  Sua obra foi um ótimo guia para os primeiros passos de uma caminhada que pretendo seja bem longa."

J.Tucón é arquiteto e escritor de ficção científica, autor de "O Esmagador de Detroit" (Ed. Ithala, Curitiba, 2010).  Participou em 2013 do concurso "Going to Mars" promovido pela NASA.  Seu texto foi selecionado e enviado à órbita de Marte pela nave MAVEN.

Em 2015, após uma viagem a Taos (New Mexico, USA), um lugar altamente inspirador, passou a dedicar-se a fotografar a Natureza no projeto "The Architecture of Nature".

Links: 

saatchiart.com/jtucon

the-architecture-of-nature.blogspot.com

Boa semana!


 

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

"INSIDE MAN"

Olá leitores,

"Inside man" é o nome de uma minissérie da Netflix - são 4 episódios de uma hora de duração cada um.

Hoje resolvi escrever sobre essa série porque depois de tanta "porcaria" que tem aparecido nesse canal, encontrei uma que valia a pena compartilhar.

Obviamente não vou contar toda a trama.  A série é muito bem escrita por Steven Moffat, escocês (sempre os escoceses...), que escreveu a série Sherlock baseada na obra de Arthur Connan Doyle.  

Os dois atores principais são estupendos: David Tennant, faz o papel de um vigário britânico e Stanley Tucci, faz o papel de um professor de criminologia que se encontra no corredor da morte de uma penitenciária no Arizona, por ter assassinado sua esposa.

A história se passa em dois locais, praticamente simultaneamente - nos Estados Unidos da América, no Arizona e na Inglaterra, num pequena cidade perto de Londres, da qual não lembro o nome (aliás, a casa do vigário é muito formosa).

As duas histórias, do vigário inglês e do prisioneiro americano se entrelaçam de uma maneira extraordinariamente sincrônica, que se você perder um detalhe você "perde" toda a trama.  Eu fiquei perplexa em ver uma história tão bem escrita - ela contém cenas de violência psicológica e a angústia dos personagens é passada para quem assiste - como eu disse, se você perder um detalhe, volte o filme.  Acredite, ele vale a pena!

Depois que eu a assisti, após reflexões,  consegui compreender melhor a parte moral, social e espiritual do enredo.

Um último detalhe: a explicação do nome da série "Inside Man" é mencionada nas cenas finais.  Por isso, assista até o fim.  Você verá que o nome da série faz todo o sentido.

Bora assistir a série?

Boa semana!



  

VISITA A SÃO PAULO

Caros leitores, Este ano, em nossa ida para Sampa para visitar amigos que lá deixamos, visitamos 15 pessoas.  O ano passado ficamos 6 dias e...