Caros leitores,
O último livro deste ano de nosso Clube de Leitura foi "Viagem ao Brasil" do alemão Hans Staden. A edição original de Marburg é de 1557 e foi esta edição que li da Editora Martim Claret.
A história trata das viagens de Staden para o Brasil iniciadas em 1547 na Holanda (em realidade, ele queria ir para a Índia), com destino para Lisboa para embarcar sal, mas acabou chegando no Brasil depois disso.
O livro contém:
"1. Duas viagens de mar, efetuadas por Hans Staden, em oito anos e meio. A primeira foi de Portugal, e a segunda da Espanha ao Novo Mundo, a América.
2. Como ele, no país dos selvagens, denominados Tuppin Ikins (Tupiniquins) (súditos d'El-Rei de Portugal), foi empregado como artilheiro contra os inimigos.
Finalmente, feito prisioneiro pelos inimigos e levado por eles, permaneceu nove meses em constante perigo de ser morto e devorado por eles.
3. Como Deus livrou misericordiosa e maravilhosamente a este prisioneiro, e como ele tornou à sua querida pátria.
Tudo para honra e glória da misericórdia de Deus, dado à impressão."
4. Gravuras que são reproduções fotográficas, em tamanho igual, das estampas do original, entretanto nesta edição o tamanho foi reduzido. Ignora-se, porém se os desenhos são do próprio autor ou de outrem por ele guiado, o que aliás é mais provável."
O livro é interessante porque nunca imaginei que nossos ancestrais, indígenas brasileiros, fossem tão vorazes. A antropofagia era uma prática comum entre todas as tribos. Elas guerreavam entre si e aprisionavam e devoravam os inimigos. Esse ritual era realizado por ódio e inveja dos inimigos.
No prefácio, Dr. Johann Dryander afirma: "Passou ele por tanta miséria e sofreu tantos reveses, nos quais a vida tão amiúde lhe esteve ameaçada, que chegou a perder a esperança de se livrar ou de jamais voltar ao lar paterno. Deus, porém, em quem sempre confiava e invocava, não somente o livrou das mãos de seus inimigos, como também por amor das suas fervorosas orações, quis mostrar àquela gente ímpia que o verdadeiro e legítimo Deus, justo e poderoso, ainda existia. Sabe-se perfeitamente que a oração do crente não deve marcar a Deus limite, medida ou tempo; aprove, porém, a Ele, por intermédio de Hans Staden, o demonstrar os seus milagres a estes ímpios selvagens. E isto não sei como contestar."
A primeira parte do livro é um diário de viagem e a segunda parte fala da Terra e seus habitantes - usos e costumes; parte geográfica do Brasil (litoral) ( Pernambuco, São Vicente, Bertioga, Ilha de Santo Amaro, Ubatuba, São Sebastião, Superagui, Paranaguá, Santa Catarina, Ilha dos Alcatrazes, etc.); línguas faladas; animais, plantas e árvores exóticas; muitas tribos diferentes (tupiniquins, tupinambás, carijós, guaianás); comidas (mandioca, peixe, milho); fabricação de potes; armamento para as guerras (arcos, flechas).
No discurso final, Staden agradece a Deus a graça de ter voltado vivo para a Europa. Aliás, chama a atenção, como já foi explanado acima, sua constante invocação a Deus e sua fé de que nada lhe aconteceria (e foi o que ocorreu).
E, para terminar o livro, há mapas ilustrativos das viagens.
Eu recomendo esse livro para aqueles que querem conhecer como foi o início da colonização no Brasil - já se percebe que desde esse tempo o Brasil vem sendo saqueado pelos europeus: portugueses, franceses, holandeses. (Hoje, ainda temos também os noruegueses, americanos, ingleses). À propósito, os índios só queriam matar e devorar os portugueses. Fica a reflexão!
Boa semana!