quarta-feira, 15 de novembro de 2023

SELEÇÃO VISUAL

Olá leitores,

Atualmente um dos sentidos mais acurados é a visão.  Nossa sociedade é praticamente toda visual, embora hoje também damos grande importância à audição. Vale lembrar que no século XVIII um dos sentidos mais valorizados também foi o olfato, haja vista o início da criação de perfumes.  Em cada época da evolução da humanidade, todos os sentidos foram sendo usados obviamente, entretanto, a ênfase sempre foi dada de acordo com a necessidade de seu uso.  Assim, vamos crescendo, caminhando em direção aos nossos objetivos e emancipando nossos sentidos orgânicos/materiais, sentidos estes que vão também auxiliando os nossos sentidos espirituais.

Toda forma de vida animal no planeta é sensível de alguma maneira, à luz.  Mesmo os animais mais simples (certos moluscos marinhos e a minhoca, por exemplo) reagem às mudanças de claro e escuro.  O claro e o escuro, a luz e a escuridão ainda são duas facetas de uma mesma realidade para nós.  Quando somos elucidados de algo que não sabíamos, tudo se faz luz; ao contrário, quando não sabemos algo, tudo é sombra.

Médicos, biólogos, psicólogos, depois de muito estudarem, concluíram com acerto que a visão do homem ocorre no cérebro e não nos olhos.  Se há uma lesão no cérebro na área destinada à visão, essa pessoa não enxerga mesmo que seus olhos estejam perfeitos. Obviamente, se há algum problema no olho como instrumento de divulgação da visão, ou algum problema na ligação entre o olho e o cérebro, esse fato também poderá acarretar problemas na visão.  Cada órgão de nosso corpo é liderado pelas células cerebrais.

Nosso cérebro tem a capacidade limitada e capta parcelas diminutas das formas incontáveis de energia existentes no Universo.  Então, nossos olhos registram, de forma precisa/consciente só aquilo em que estamos concentrados no momento.  Entretanto, inconscientemente podemos perceber detalhes os quais podem vir a nos influenciar posteriormente sem que os percebamos nitidamente.  Pessoas que foram submetidas a hipnose, seja para tratamento psicoterapêutico ou até em investigações policiais, lembram detalhes sutis que, em nível consciente, não foram percebidos, mas que são importantes tanto no tratamento psicoterápico como também no caso de um interrogatório policial.

Thorwald Dethlefsen e Rüdiger Dahlke no seu livro "A doença como caminho" afirmam que "além de acolher as impressões, os olhos também refletem algo para o exterior: neles se percebe os sentimentos e a disposição das pessoas.  É por isso que olhamos para os olhos dos outros e tentamos ver bem no fundo dos mesmos: buscamos dessa forma descobrir o que expressam.  Os olhos são o espelho da alma." Quando olhamos outra criatura nos olhos, muitas vezes conseguimos captar o que ela está sentindo ou, suas intenções quando olhamos para um animal, por exemplo, tal como um gato, cachorro ou até uma fera qualquer.  Os seres do planeta possuidores de olhos se comunicam através deles.

Assim, selecionamos, ou seja, percebemos só as informações que nos cativam ou atraem.  Essa seleção é tanto física, psíquica, mental quanto espiritual.

Há um mecanismo de defesa do ego que pode ser utilizado neste contexto chamado de "desatenção seletiva".  Esse mecanismo protege o indivíduo de alguns fatos da vida que podem, momentaneamente, desestruturar o seu campo emocional.  Esse mecanismo não permite que o indivíduo tome contato com a realidade.  Ele, como todo mecanismo de defesa do ego, é usado temporariamente, até que o indivíduo possa reunir recursos para enfrentar e resolver esses fatos da vida.  Nós só retemos o que conseguimos assimilar ou compreender.

Agora, depois dessas ideias, nós podemos fazer algumas digressões e reflexões voltando no tempo.  Muitas vezes não víamos aquilo que estava "embaixo de nosso nariz" porque ou não podíamos (desatenção seletiva) ou porque não queríamos, não era nosso desejo naquele momento.

Será que escolhemos o que queremos ver ou não ver?

Quando pensamos nessa questão, podemos perceber nosso lugar no Universo, quer dizer, só escolho, vejo, vivencio, experimento o que está de acordo com o meu nível de evolução/amadurecimento. Quanto mais elevados espiritual e moralmente, mais enxergamos.  Basta usarmos a alegoria da pessoa que está no topo de uma montanha - ela tem uma visão mais ampla, uma visão do todo.  Inclusive um dos recursos muito usados para tentar entender nosso conflitos existenciais é nos afastarmos deles, olharmos de longe, imaginarmos que outras pessoas os possuem e não nós.  Quando nos distanciamos temporariamente de nossos problemas, algumas vezes conseguimos compreendê-los melhor.  Mas, muitas vezes, só a compreensão não basta para solucioná-los.  Neste caso, devemos buscar a sua aceitação.

Quando vemos alguma coisa de que não gostamos podemos fechar os olhos, assim como uma cena violenta num filme.  Mas, na vida aquilo que conseguimos ver é o que devemos ver, o que já estamos preparados para ver.  Muitas vezes outras pessoas veem coisas em nós e em nossa vida que nós mesmos não conseguimos e vice-versa.  Como já foi dito, só vemos aquilo que podemos e/ou queremos.  Quanto mais altos, mais maduros, mais luz e mais entendimento - esse é o caminho do ser humano em direção à sua felicidade plena.

Quando olhamos para alguém o que vemos? Seu rosto, seus olhos, seus cabelos (ou a falta deles), suas roupas, sua maneira de andar, de sentar, conversar, seus gestos.  Mas, será que realmente enxergamos essa pessoa? "Vemos" o que ela está pensando, "vemos" o que se passa em sua vida, "vemos" quem ela realmente é? Como dizia Antoine de Saint-Exupéry, em "O Pequeno Príncipe": "O essencial é invisível para os olhos". A essência de cada pessoa é particular e nós não "vemos" sua essência.  Assim, como não vemos o outro por dentro, este também não nos vê.  Este é o aspecto extraordinário da vida - nossa atitude para com o outro deve ser a mesma atitude que devemos ter conosco - respeito, atenção, simpatia, fraternidade, aceitação, algumas vezes compaixão, troca de experiências, carinho, comunicação.

Para ver uma coisa é preciso conhecê-la.  No início do documentário "Uma Verdade Inconveniente" Al Gore mostra que os índios americanos quando da chegada de Colombo à América não viram, não perceberam as naus logo de início, só quando se aproximaram da praia, porque sua visão não "conhecia" as caravelas.

Nossa visão das pessoas, das situações e coisas é reflexo da interpretação que damos a elas - vemos o que podemos, muitas vezes o que queremos - e uma coisa é certa - nossa visão, seja ela ampla ou estreita, é um dos instrumentos para chegarmos ao nosso objetivo - basta delinearmos com retidão, com concentração qual é o objetivo que almejamos alcançar.

Abracemos nossos dias como se todos eles fossem dias de luz, pois a cada dia novas oportunidades nos são dadas.  Quanto mais abrirmos os olhos para a verdade, para o amor, mais poderemos ver o Universo que Deus criou, mais luz enxergaremos e mais claros se tornarão os dias para nós.

"Brilhe vossa luz!"

"Andai como filhos da luz" - Paulo - Efésios, 5:8.

Boa semana!














 

Um comentário:

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