Caros leitores,
A palavra "senso" vem do latim "sensus" - faculdade de raciocinar. O sentido linguístico do termo "crítico" tem origem no grego "kritikós" - a arte de avaliar ou apreciar.
Para podermos compreender melhor o que é Senso Crítico e como ele pode nos beneficiar quando do seu uso, tomemos como ponto de partida a frase de Jesus: "Fazei aos outros aquilo que gostaríeis que vos fizessem."
Em nossas ações do dia a dia raramente nos colocamos no lugar do outro. Muitos dirão que é difícil, outros dirão que o outro é diferente e que nós no seu lugar, em determinado momento, não sentiríamos nada ou faríamos diferentemente. Os dois argumentos, entretanto, estão corretos. Colocarmo-nos no lugar do outro é difícil porque o outro é uma pessoa singular que muitas vezes não compartilha da mesma opinião que nós sobre o mesmo assunto e então, este pode vir a reagir de uma maneira inusitada, diferentemente da maneira que nós reagiríamos.
Então o que fazer? Aqui podemos começar a fazer uso do tal do "senso crítico". Como? Usando de nossa análise, raciocínio, discernimento em cada situação que nos parecer de difícil enfrentamento no nosso dia a dia. Usamos nosso discernimento submetendo a informação recebida ao julgamento de nosso "universo interior".
Cada um de nós vê o mundo de maneira diferente - assim devemos avaliar ou apreciar a vida de acordo com fundamentos particulares de nossas experiências pessoais.
A lição maior a se aprender com esse aprendizado é que "quanto mais valorizarmos nossa força interior, mais nos sentiremos estimulados a usá-la. Quanto mais exercitarmos o nosso senso íntimo, mais claro e eficiente ele se tornará, pois nos dará uma lucidez cada vez maior em relação a tudo e a todos." Não é um bom estímulo para exercitarmos nossa força de vontade?
Quando aprendemos a nos interiorizar, a nos percebermos como individualidades singulares, aprenderemos a conviver conosco mesmos, embora às vezes, seremos transportados a momentos de solidão - solidão esta necessária para a reflexão. Muitos gênios da humanidade que, pelos naturais questionamentos perante a vida foram criaturas solitárias - tais como: Leonardo da Vinci, Beethoven, Freud, Darwin, Einstein e outros. Personagens da História, quando compelidos às investigações das coisas ou às buscas existenciais, distanciavam-se de certas pessoas.
A ideia aqui não é nos afastarmos do convívio social, pois ele é importante para ressarcirmos nossos atos errôneos, mas também para nos auto avaliarmos em nossas condutas - o ideal é separarmos momentos de silêncio e introspecção para podermos realizar a mudança de nossos comportamentos equivocados para crescermos social, psicológico e espiritualmente. Pessoas que realizam tal intento têm mais condições para auxiliar os outros e a si mesmos.
Quando dizemos que algo está certo ou errado, estamos expressando conhecimento pessoal, subjetivo. Em muitos casos apenas reproduzimos algo que lemos ou ouvimos sem muitas reflexões - da mesma maneira que cultivamos alguns preconceitos, muitos deles sem nem saber se condiz com aquilo que pensamos. Quando empregamos o "senso crítico" conseguimos explicar ou fundamentar nosso parecer sobre o fato ou mensagem certa ou errada, avaliando-a; utilizamos a faculdade de raciocinar com objetividade, razões ou ponderações sensatas.
"Nossa alma tem sua própria história de vida". Muitas vezes gostaríamos que todos tivessem esse discernimento e usassem o bom senso, mas mesmo dentro de nossa casa negamos aos filhos o direito de gostar ou não de determinada coisa. Queremos que eles tenham nossas preferências porque acreditamos serem elas melhores. Mas todos nós nascemos com o direito de desenvolver nosso senso de análise, ou melhor dizendo, nosso "senso crítico". Nossos filhos são criaturas únicas com condições de aperfeiçoarem seu senso crítico - ajudemo-las a realizarem esse contento, incentivando-as a realizarem suas tarefas ou fazerem suas escolhas pessoais, deixando de lado nosso medo, nossos preconceitos, nossos próprios gostos pessoais e nossa mania de acharmos que sabemos perfeitamente o que é melhor para elas. Quando nos é retirado o direito de dizermos "sim" ou "não" na situações do dia a dia, não conseguiremos esse desenvolvimento.
Para aperfeiçoarmos nossa avaliação das coisas temos que ser expostos a novas experiências. Cada nova experiência que vivemos traz para nós novas oportunidades de mudarmos padrões de comportamento equivocados.
No exercício do desenvolvimento do "senso crítico" aprendemos a discernir - "aprender a discernir não é uma simples questão de obter informações, mas de relacioná-las com novas informações e conquistas filosóficas e científicas, integrando-as com bom senso."
Boa reflexão!