Olá leitores,
Suscetibilidade de acordo com o dicionário Aurélio é: 1. Qualidade de suscetível (onde suscetível é: 1. Passível de receber impressões, modificações ou qualidades; capaz; 2. Que se ofende com facilidade; melindroso); 2. Tendência para sentir influências ou contrair enfermidades; 3. Disposição para se ressentir facilmente, melindre.
Infelizmente, o ser humano ainda é suscetível ao ambiente que o cerca, ainda, na maioria dos casos é um ser reacionário (relativo à, ou próprio da reação), reagente ou reativo (que reage). Quando digo infelizmente refiro-me ao fato de mudarmos nosso comportamento a curto ou até em longo prazo, simplesmente por causa de alguém ou de uma situação.
Então, hoje refletiremos sobre nossas reações menos felizes, nossas mágoas, melindres, ressentimentos.
A palavra ressentimento vem da palavra ressentir que é "deixar-se sentir novamente".
Todas as vezes que nos ressentimos de alguém ou de uma situação ficamos presos a ela até perdoarmos esse alguém - remoemos o insulto e assim intensificamos os efeitos negativos desse ressentimento e da raiva.
Pessoas suscetíveis às ofensas guardam rancor facilmente e assim, encarceram-se na raiva, na dor destruindo células de seu organismo. Muitas doenças psicossomáticas são o efeito de mágoas, melindres, orgulho.
Antes de falarmos do perdão, remédio para a cura dos melindres e das mágoas, reflitamos sobre algumas situações que podem nos causar mágoas:
- um rompimento afetivo;
- preconceito/exclusão determinada por idade, raça, crença, trabalho, cor;
- ingratidão dos filhos;
- abandono de amizades queridas;
- traição amorosa;
- discriminação social.
Examinemos agora, mais detalhadamente, o seguinte exemplo:
Alguém nos desprezou, alguém este que tínhamos em alta conta e esperávamos ser tratados como seres especiais, mas tratou-nos com ironia, julgou-nos sem piedade. Nesse exemplo, já podemos perceber que a mágoa está intimamente ligada à importância ou à expectativa que damos a um fato ou a uma pessoa. Os fatos e as pessoas são o que são - nós não podemos modificá-los como gostaríamos a nosso modo. Então a aceitação é a qualidade a ser exercitada nessa situação.
A mágoa é uma das emoções humanas presente entre nós ainda.
Muitas pessoas usam a seguinte afirmação quando falamos de perdão: "Ah! Eu perdoei fulano, mas não esqueço o que ele me fez!". A ofensa ocorreu, nos sentimos magoados e quando não aceitamos essa emoção, pode ocorrer o seu deslocamento para coisas fora do mundo interior e nesse ínterim, podem ocorrer, a meu ver, duas situações desagradáveis - ou reprimimos essa emoção, ela fica oculta ou represada dentro de nós e posteriormente podemos contrair uma enfermidade (doença psicossomática) ou podemos transferir essa mágoa para uma outra pessoa ou situação que não tem nada a ver com a emoção original (tipo: brigou com o chefe, chegou em casa chutou o cachorro e brigou com a mulher e os filhos).
Para trabalhar nossas mágoas a ideia não é reprimi-las ou intensificá-las, mas sim desligando-se delas temporariamente, colocando-nos a uma certa distância. Esse "distanciamento psicológico" nos possibilita perceber o que acontece com nosso interior e o que há por trás da mágoa.
Depois que nos magoamos, busquemos usar o seu antídoto - o perdão. Quando perdoamos reconhecemos que também erramos e que precisamos do perdão dos outros. Afinal de contas, todos precisamos de perdão vez ou outra.
Perdoar também é um ato de libertação. Quando guardamos mágoas, ressentimentos, rancores ficamos "presos" a essas emoções dificultando sobremaneira nossa vida, nosso encontro aos nossos objetivos, enfim, nosso crescimento.
Numa entrevista, Gandhi foi interpelado a responder se ele já tinha perdoado alguém e ele respondeu que não. Ele disse que nunca alguém o tinha magoado e, portanto, ele não necessitava perdoar a ninguém. Quando estamos tranquilos, harmônicos com as emoções e sentimentos equilibrados, não nos magoamos com nada e/ou com ninguém. Todos nós podemos chegar aonde Gandhi chegou. A mágoa, o melindre ocorre quando não aceitamos as diferenças de crença, opinião, pensamento.
Para uma boa convivência no meio social, o ideal é admitir nossas falhas e não se ressentir. Então para nos desculparmos ou perdoarmos alguém necessitamos de duas qualidades - a honestidade e a humildade - temos que ser humildes para reconhecermos nossos erros e honestos buscando aceitar a verdade dos fatos para trazer equilíbrio ao ambiente que nos cerca. Essas qualidades nos permitem admitir nossas limitações e inadequações e em fazendo isto, também podemos admitir as limitações e inadequações das outras pessoas, pois todos estão em regime de crescimento e troca constante.
Quando exercitamos o perdão, automaticamente estamos exercitando a humildade e vice e versa. Cuidemos para não confundir humildade com covardia, servilismo, servidão.
A humildade está relacionada com o modo como vemos as pessoas e os fatos. É, em realidade, a habilidade de perceber claramente, sem distorções ou defesas as circunstâncias - a visão é límpida e os valores estão condizentes com a realidade.
Para exercitarmos o perdão mais genuinamente temos que realizar mudanças em nossas percepções, tantas vezes quantas se fizerem necessárias - pois cada caso é um caso e requer posturas diferentes de nossa parte.
Aquele que perdoa, amplia sua consciência.
Somos seres energéticos. Quando guardamos melindres e irritação, desorganizamos os tecidos sutis de nossa alma e intoxicamos nosso corpo material.
Assim, tentemos ser menos suscetíveis, mais empáticos, menos melindrosos, mais humildes, menos rancorosos, mais propensos a perdoar. Dessa maneira nossa vida ficará mais leve e nosso caminhar mais equilibrado.
Boa reflexão!
Nenhum comentário:
Postar um comentário