Olá leitores,
A palavra "translúcido" é um adjetivo e quer dizer de acordo com o dicionário Aurélio, "que deixa passar a luz sem permitir que se vejam os objetos" e, no sentido figurado é, "claro, evidente". O substantivo "translucidez" por sua vez é "qualidade ou estado de translúcido; diafaneidade, transparência."
Assim, uma pessoa honesta, íntegra, é uma "pessoa translúcida" - aquela que deixa passar a luz, que é transparente, clara, evidente.
Hoje, discorrerei sobre a honestidade e sua importância. No dicionário Aurélio, "Honesto" é "1. Honrado, digno, decente. 2. Íntegro, probo, reto, decente. 3. Conveniente, correto, adequado. 4. Casto, puro, virtuoso."
A pessoa honesta é uma pessoa de bem consigo mesma e com os outros. É uma das qualidades que facilita o progresso moral, pois quanto mais exercitada, mais fácil nos livrarmos de nossas imperfeições, desde que não sejamos honestos só com os outros, mas principalmente conosco mesmos. Para construirmos nossos relacionamentos em bases sólidas não podemos prescindir da honestidade. Caso contrário nossas relações sociais, familiares, afetivas, profissionais não resistirão à "fragilidade do solo". A honestidade é sempre a melhor política em todas as situações. Entretanto a retirada das máscaras requer coragem, esforço, vontade e acima de tudo, consciência de quem somos.
O filósofo chinês Confúcio afirmou: "Vencer-se a si mesmo, controlar suas paixões, devolver a seu coração a honestidade que ele herdou da Natureza, eis a virtude perfeita. Que vossos olhos, vossos ouvidos, vossa língua, tudo em vós seja mantido nas regras da honestidade."
Muitas pessoas se dizem honestas porque não roubam, não matam, não bebem, não fumam, etc., mas traem os amigos, os cônjuges, mentem para seus filhos. A honestidade é mais do que isso tudo. Somos ainda seres imperfeitos, porém isso não quer dizer que não possamos ser honestos com nossas emoções, sentimentos, palavras, atos - a honestidade não pede perfeição, apenas o reconhecimento de nossa condição de aprendizes no "palco da vida". Aceitar limitações, reconhecer erros, buscar a verdade - posturas de uma pessoa que deseja crescer e aprender a ser honesta.
William J. Bennett em seu livro "O Livro das Virtudes", no capítulo Honestidade, afirma que ser honesto é ser real, genuíno, autêntico. Para ele, a honestidade expressa respeito por si próprio e respeito pelos outros.
Porque alguém desejaria ser desonesto? Essa é uma pergunta que nós, brasileiros, na atualidade, sabemos responder. Entretanto, o escritor irlandês Jonathan Swift confronta os seus leitores no livro "As viagens de Gulliver".
Gulliver, numa de suas viagens, encontra um povo tão racional que eles achavam a desonestidade quase ininteligível. Um deles explicou a Gulliver que o uso da fala servia para que eles entendessem um ao outro e recebessem informações dos fatos; então se alguém dizia uma coisa que não era verdade, esse objetivo não era alcançado. Swift entendia que nosso mundo não é povoado por pessoas totalmente racionais, mas ele se divertiu em apontar o fato contrário nessa passagem de seu livro.
Nós temos muitas atitudes que não se harmonizam com a razão. Para tanto o exercício da honestidade se faz necessário para nos tornarmos pessoas íntegras e confiáveis. Bennett nos adverte que devemos levar seriamente esse exercício e reconhecer que o fato de sermos honestos é uma condição fundamental para o inter-relacionamento e a troca entre os homens, para a amizade e para a comunidade como um todo.
No momento em que formos mais honestos conosco mesmos, dificilmente seremos falsos com os outros.
O mais importante para nos sentirmos honestos é saber o porquê de nossas decisões, ações e reações. Um hábito saudável a adquirir é investigar como se processa em nossa intimidade a forma de perceber, sentir, justificar e argumentar diante da vida. Cada um de nós irá realizar essa investigação de maneira diferente e individual. O importante é começar; é usar de vontade para tal fim. Lembremo-nos de que o resultado final é a liberdade, o bem estar, a consciência tranquila, a paz interior e a tão almejada felicidade.
Para finalizar e facilitar a reflexão, trago a definição do dicionário Aurélio de Sincero: 1. Que se expressa sem intenção de enganar; franco, leal. 2. Que se mostra disposto a reconhecer a verdade. 3. Verdadeiro, autêntico. 4. Sem afetação ou disfarce. 5. De boa fé. 6. Sem malícia.
Honesto e Sincero são sinônimos, mas, em realidade tem sutis diferenças. Contudo ambos substantivos podem considerar-se "translúcidos".
E então, quantas pessoas translúcidas você conhece? Você se considera uma delas?
Boa semana!