Caros leitores,
Algumas vezes, alguns de nós passamos por situações inesperadas no meio social em que vivemos. Muitos de nós participamos de vários grupos sociais - a família, o grupo de estudo, o grupo de nossa atividade esportiva, o grupo religioso ou um grupo de estudos esotéricos, o grupo de amigos da infância ou até do bairro em que moramos ou morávamos - para aqueles que como eu, mudaram de cidade.
Em cada um desses grupos podemos apresentar atitudes diversas. Com alguns grupos a intimidade é maior e com outros há mais formalidade. Isso é natural para praticamente todos os indivíduos.
Hoje, novamente faço uso desse blog para compartilhar com vocês uma situação que experienciei. Talvez alguns de vocês também já tenham passado por uma história similar.
Há 28 anos participei de um grupo religioso onde cresci muito como pessoa e onde sempre tive uma palavra amiga nos dias turbulentos e nessa convivência amadureci e pude com o tempo, também doar, ao invés de apenas receber.
Em 1996 comecei a faculdade de psicologia no mesmo ano que entrei nesse Instituto Espiritual. A faculdade foi bem difícil no quesito social pois era "idosa" para o tal estudo - estudei pela manhã e ministrava aulas particulares de inglês à tarde e à noite para pagar a faculdade. Meus colegas de faculdade eram jovens na casa dos 20 anos e mulheres de minha idade que faziam a faculdade para trabalharem com isso quando se formassem (como eu) ou que faziam a faculdade como hobby para preencher o tempo; eu era a única da classe que trabalhava. Eu era a ovelha negra e o Instituto me ajudou muito para lidar com essa situação.
Em 2009 aproximadamente, fui convidada pela dirigente do Instituto a realizar palestras unindo a psicologia e o ensinamento religioso, ou seja, nesse instituto todos nós estávamos empenhados em melhorarmos como pessoas e então alguém que falasse sobre emoções, sentimentos, boas ou más atitudes em nosso dia a dia era bem-vindo. Eu era essa pessoa. A cada palestra mensal que eu proferia, além de ajudar outros em sua conduta de vida, eu também era beneficiada por essa prática.
Quando nos mudamos, meu marido e eu, para Curitiba em 2011, foi-me permitido continuar indo para São Paulo realizar essa palestra sempre no primeiro sábado de cada mês. Eu gostava muito dessa atividade - crescia e amadurecia continuamente e percebia que as pessoas que compareciam a essa palestra também gostavam e se beneficiavam.
Então a dirigente do Instituto faleceu em 2022. Inicialmente, ninguém sabia se as atividades continuariam as mesmas. Em minha primeira palestra de 2023 tive uma reunião com uma pessoa que ficou no lugar dela - pessoa essa que não tinha apreço pela minha personalidade. Não era recíproco, pois para mim essa pessoa era neutra, ou seja, reconhecia que era uma pessoa autoritária, rígida, exigente, mas isso não me incomodava.
Nesse primeiro momento foi me dito por ela que um grupo de trabalhadores do Instituto iria conduzir as tarefas, então parecia que eu iria continuar.
Durante o ano de 2023 realizei meu trabalho normalmente, apesar das críticas por parte dessa pessoa a qual, vim a saber com o tempo que ela era a responsável por todos os trabalhos da casa - em suma, ela e a filha da dirigente que havia falecido eram as verdadeiras e únicas responsáveis por tudo.
Assim sendo, como dizem no anedotário popular "o gato subiu no telhado". Então nesta semana, por ligação de vídeo online fui informada que não faria mais palestras por não estar mais "preparada" de acordo com os novos ditames do Instituto. Eu deveria ir para São Paulo no último sábado de cada mês para fazer uma "reciclagem".
O que acontece hoje no planeta é o "Zeitgeist" - palavra alemã que quer dizer "espírito da época". Todos querem "doutrinar" alguém para sua causa/ideologia. Aqui no Brasil não é diferente - temos o exemplo de "cima", dos governantes - eles todos querem que nós aceitemos suas novas "diretrizes". A ideia é uniformizar o mundo e danem-se os "diferentes"; aqueles que não aceitam serem colocados na "cama de Procusto".
O nome "rasteira social" me veio à mente quando esse fato ocorreu. Atualmente, muitas pessoas chamam de "cancelamento".
No momento fiquei triste pois não verei muito de meus amigos com tanta frequência. Mas como dizem "ninguém é insubstituível" embora reconheça que talvez não haja, atualmente, ninguém nesse instituto que falaria sobre psicologia e espiritualidade.
Mas, vida que segue. Vou procurar a porta que Deus abriu para mim depois que esta se fechou.
Fui!
Boa semana!