Caros leitores,
Antes de falar do tema, gostaria de me retratar. O blog Refletindo existe desde 2020 e escrevi, de lá para cá, um texto por semana. Entretanto, na semana passada apesar do texto estar preparado para ser postado sábado ou domingo, no sábado passado um raio "exterminou" o modem e ele só foi trocado na segunda feira desta semana, ficando então sem internet no fim da semana passada. Elucidando esta pequena falha, vamos ao tema.
Já faz algum tempo que o mundo preocupa-se com a imagem - não somente a imagem de um país, uma cultura, os artigos produzidos pelos homens, mas também e mais importante, a imagem de cada pessoa inserida neste contexto. Todos nós sabemos que atualmente, a importância que se dá a aparência de um indivíduo pode transformá-lo numa figura angelical ou numa criatura monstruosa.
Mas, se estamos interessados no que o outro aparenta ser, como nos relacionarmos uns com os outros dentro de uma relação verdadeira? Como conhecê-lo? E, quem somos nós? O que aparentamos ser, mas que na realidade, não somos?
O tema de hoje, para nossa reflexão, possui duas vertentes: o papel da imagem, da aparência propriamente dita e o interesse por trás dela.
Para entender esse papel devemos refletir sobre a infância, as crianças, sua educação e o seu aprendizado através do exemplo de pais, tutores, professores, avós, demais parentes, empregados e de suas aparências, seus gestos, suas expressões faciais.
No período infantil, a criança pergunta bastante, é ávida para querer saber muitas coisas do mundo, e as respostas e informações que recebe ficam armazenadas, depois são incorporadas e transformadas em novas informações - então, pouco a pouco, vai evoluindo e deixando para trás tudo aquilo que lhe causa dor - culpas, mágoas, ressentimentos, raivas, frustrações, tristeza.
No convívio familiar e no ambiente extra familiar a criança vai absorvendo atos e atitudes psicoemocionais e vai construindo o seu futuro.
Adultos que possuem uma imagem de superioridade e infalibilidade transmitem, através do seu exemplo, esse comportamento inconsciente e automaticamente. Vale lembrar que atos e atitudes são mais poderosos que palavras - a criança em formação contagia-se e pode formar um entendimento sobre a vida baseado nesta imagem.
Quando pais vivem para serem admirados e aplaudidos no meio em que vivem, criam os filhos incutindo neles a ilusão de que "o valor pessoal destes se encontra no que possuem ou no sucesso que alcançarem." Os filhos são mimados e considerados melhores que todos os filhos de outras pessoas, e quando a estes é lhes chamada a atenção por outras pessoas fora do âmbito familiar, para o pai ou para a mãe é como se fosse rejeitada a sua própria pessoa, pois sua identidade está submissa aos status social da família. Êxitos e derrotas dos filhos são vividos pelos pais como triunfos e fracassos próprios.
A imagem pode ou não estar condizente com a vida íntima. Quanto mais nos conhecemos, aceitando nossa personalidade, mais nossa aparência externa será coerente com nosso interior.
Para exemplificar, pessoas tachadas de "interesseiras" não podem ser tratadas como indivíduos com "defeitos de caráter" ou inferiorizados - eles estão apenas vivendo de acordo com sua fase evolutiva - cada uma dessas fases tem características próprias e cada um amadurece psicológica e espiritualmente e pouco a pouco é despertado constantemente para novos níveis de consciência.
Se fazemos parte das pessoas interessadas no destaque pessoal, que possamos compreender que este pode ocorrer, mas é efêmero - o que precisamos é mudar comportamentos que sejam coerentes com nosso mundo íntimo e que podem nos trazer sofrimento.
Para que possamos ter uma imagem, uma aparência genuína basta cuidarmos de nosso mundo interno - e uma vez que este esteja equilibrado, não teremos mais a necessidade e nem o "interesse" em sermos admirados, aclamados. A partir deste momento não temos mais o interesse de "ser" o que os outros avaliam e apreciam e passarmos a nos delinear ao redor do nosso "eu real" onde se apoiará nosso "senso de valor".
Boa reflexão!
Liberdade de ser, de pensar.
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