sábado, 29 de junho de 2024

REFLEXÕES SOBRE O OLHAR - PARTE I

Caros amigos leitores,

Hoje falaremos da visão, do olhar, da função de nossos olhos, não somente tratando-os de uma forma metafórica, mas também da parte orgânica propriamente dita.

Quase praticamente todos os seres viventes do planeta, excetuando os vegetais e minerais, possuem olhos.  Alguns poucos animais invertebrados não os possuem e aqui, me lembro das minhocas; os morcegos possuem olhos, mas sua visão não é muito boa, por isso locomovem-se através de sinais sonoros para não colidir com árvores, animais e outros objetos durante o vôo.  Com certeza existem mais alguns outros que, no momento, não me ocorrem.

Assim, podemos refletir sobre o olhar, a visão.  Quem tem animais domésticos pode já ter notado que eles olham para nós, e nós, vice-e-versa, olhamos para eles - nos reconhecemos pelo olhar.  Em se tratando de outros animais que cruzam nosso caminho, por exemplo, quando vamos ao zoológico, obtemos o efeito - nossos olhos se cruzam - muitas vezes, nesse sentido, não conseguimos traduzir o sentimento, a sensação desse olhar - em animais domésticos que habitam conosco fica mais fácil esse entendimento.

Em suma, o olhar diz muita coisa sobre cada um de nós.  O que precisamos em nossa caminhada é buscar a atenção plena para compreender cada olhar que cruzar conosco.  Assim como, pouco a pouco, vamos entendendo o olhar do outro, também vamos nos conscientizando de nosso olhar para ele.

Instintivamente, socialmente e automaticamente já codificamos o que cada olhar significa.  Mas hoje vamos aprender a nos esforçar a olhar através das entrelinhas.

A vida nos oferece muitas oportunidades de crescimento, mas muitas vezes olhamos para o lado mais pobre, deficiente, difícil dela.

Todos nós temos questões, problemas para resolver - alguns deles dependem só de nossa vontade, mas outros dependem da vontade dos outros.

Assim sendo, nossa meta hoje, com esse texto, é construirmos um novo olhar sobre a vida.

Falávamos de oportunidades.  Elas chegam para todos, sem exceção, entretanto poucos a enxergam.  As oportunidades que aparecem sempre surgem como um auxílio para resolvermos nossas questões diárias, sejam elas internas ou externas. Muitas questões externas serão resolvidas mais facilmente, caso consigamos percebê-las, entretanto as realizações nos campos da vida interior, de nossa vida emocional, são mais trabalhosas - requerem um olhar mais aprofundado.

Na segunda parte desse texto, na próxima semana, trarei alguns exemplos de oportunidades perdidas porque decidimos não olhar para elas.  

Boa semana!



 

sábado, 22 de junho de 2024

"A INVENÇÃO DE MOREL"

Olá leitores,

O livro do mês de junho de nosso Clube de Leitura foi "A Invenção de Morel" de Adolfo Bioy Casares, amigo e colaborador de Jorge Luis Borges, ambos de origem argentina, inclusive o prólogo foi escrito por ele. A obra foi escrita em 1940.

Borges acha a obra "perfeita" - eu de minha parte, nem acho tudo isso.  Pelo contrário, achei o livro de difícil entendimento, embora a leitura fosse fluida, fácil de ler - foi a história em si que me deixou confusa.  Talvez até fosse essa a intenção do autor, pois o personagem também sentia-se confuso. Em sendo assim, a obra cumpriu uma de suas funções.

"O livro conta a história de um foragido da Justiça que, em uma ilha deserta e amaldiçoada, vê seu refúgio ser inexplicavelmente invadido por presenças estranhas e perturbadoras.  Ele fica, então, dividido entre o espanto, o medo e o irresistível fascínio por uma bela e inacessível mulher.  Ao buscar atingi-la, ele acaba desvendando o terrível segredo em que, sem saber, penetrara.".

"O autor compõe um jogo de espelhos em que a realidade parece sempre se perder em reflexos e ilusões, e onde passado, presente e futuro se misturam aos desejos e lembranças das personagens.  Essa atmosfera de realismo fantástico culmina num desfecho ao melhor estilo das novelas policiais."

Enquanto lia pensei ele estar morto (pois ninguém o via), ou podia ser uma máquina do tempo, ou até alucinações do personagem.

A discussão do grupo foi interessante - muitas ideias diferentes, embora todos chegaram à mesma conclusão final, isto é, a invenção de Morel é uma máquina que grava imagens e as deixa reproduzirem na ilha todo o tempo.

A obra faz parte do estilo de ficção científica da América Latina, o chamado "realismo fantástico".

Não é o tipo de livro que aprecio, mas até gostei de tê-lo lido e apreciado a discussão do Clube de Leitura com ideias criativas sobre o mesmo.

Boa semana!


 

quarta-feira, 12 de junho de 2024

HONRAR PAI, MÃE, FAMILIARES, AMIGOS?

Caros amigos,

Hoje inicio relatando uma história.  Um rapaz tendo um casamento marcado sente-se infeliz com relação à pessoa com quem vai casar.  Quando indagado porque não o desmarca, responde que não deseja decepcionar pais e convidados.

Essa situação é mais comum do que imaginamos.  Num passado não tão distante, qualquer pessoa não tinha liberdade de se casar com quem desejasse (ainda é assim em alguns países).  Era necessário manter tradições em família.  Até há bem pouco tempo atrás ainda nos lembramos do casamento do Príncipe Charles com Diana Spencer/Lady Di.  Eles foram os primeiros da realeza do Reino Unido a divorciarem-se publicamente, sem que isso significasse um escândalo (ou não?).  Assim, na história temos muitos exemplos onde não havia a liberdade de escolha.

Entretanto, hoje em dia ainda temos pessoas que acabam se casando por conveniência, por tradições familiares, pelo desejo ou até imposição dos pais.  Muitas pessoas ainda escolhem e planejam "sua existência conforme os interesses, gostos e opiniões de familiares e amigos, relegando para último plano seus desejos e sentimentos mais sagrados."

Com a desculpa de honrar seus pais e respeitar amigos e familiares, muitas pessoas passam por cima de seus interesses e necessidades pessoais em nome de um falso amor - amor este que lhes trazem muito desgaste e sofrimento.

Nossas decisões e questões íntimas são intransferíveis.  Nossos valores, tradições e opiniões podem ser diferentes das tradições, valores e opiniões de nossos familiares e amigos.  Isso não significa que sejam melhores ou piores - apenas que são diferentes.  Algumas vezes o que os outros querem para nós pode não servir para nós.

Todos nós, sem exceção, queremos ser felizes - buscamos a felicidade e muitas vezes, fazemos escolhas equivocadas nessa busca e elas nos levam para o caminho oposto - ou seja, ficamos em desarmonia e esta nos traz infelicidade e depressão.  Para que possamos viver felizes o quanto merecemos (e todos nós o merecemos) de acordo com as leis do universo, para permitirmos o fluir desse direito à felicidade, não há como tentar agradar a todos ou fazer as coisas com base no que os outros vão pensar ou dizer.

A palavra de hoje é CORAGEM! Há que assumir a direção de nossa vida e responder pelas consequências de nossos atos e decisões.  A vida de qualquer pessoa é feita de escolhas, lembrando que quando não se escolhe, os outros o fazem por nós e as consequências, como já foi dito, podem trazer dor.

Somos seres dotados por Deus de livre arbítrio e devemos usar de nossa coragem para fazer uso dele.

Quando outros escolhem para nós a vida que eles acham ideal para nós, num primeiro momento, pode trazer certo alívio, principalmente se formos pessoas mais passivas que ativas.  Mas, com o tempo essa "muralha de segurança" cai por terra. Às vezes achamos que quando nos omitirmos de tomar certas atitudes, achamos que essa maneira de viver não trará sofrimento.  Ledo engano! Não há como negar que a omissão perante a vida pode também trazer aprendizado. Afinal de contas, através do sofrimento também aprendemos o que não devemos fazer, no caso a tal omissão, para vivermos em harmonia.

Entretanto se já estamos aprendendo que nos omitirmos de nossas responsabilidades traz, no futuro, dor e sofrimento, que tal colocarmos mãos à obra e começar hoje a agir em prol de nossa vida?

Para tanto, Anselm Grün, um monge alemão, nos sugere um exercício de reflexão com perguntas para fazermos a nós mesmos que nos ajudam a perceber o nosso grau de liberdade em relação aos outros:

"Você se sente interiormente livre? Em relação a quais pessoas você sente que não pode ser como realmente é? Em que aspectos ou condições você se deixa levar a situações sem saída?

Em que ponto os outros aspectos exercem poder sobre você? Reflita sobre os encontros com pessoas junto às quais você não se sente livre.  Como seria a conversa se você fosse inteiramente livre, se realmente dissesse o que está em você, se não se deixasse determinar pela pressão das expectativas alheias?"

Aquele que se entrega ao autoabandono nega seus propósitos e suas intenções na roda da vida.

Evitemos o autoabandono.  Honrar pai, mãe, familiares e amigos não é ser quem eles gostariam que você fosse - é ser quem você gostaria de ser, arcando com a responsabilidade de seus atos, vivendo a vida seriamente. Você é um ser único - não há no universo nenhum ser igual a você.

Então o que é honrar/amar pai, mãe, familiares, amigos...? É estarmos sempre gratos por tudo o que fizeram, gratos por eles existirem e terem cruzado nosso caminho em nossa existência.  Mas devemos reservar o direito de conquistarmos nossa autonomia e deixarmos claros a eles que seremos quem queremos ser e não preencher a expectativa deles de como deveríamos ser.

Apenas siga o seu caminho. Liberte-se de querer agradar a todos e faça o seu melhor.

Boa semana e boa reflexão!


 

quarta-feira, 5 de junho de 2024

INCONFORMAÇÃO X FÉ

Caros leitores,

O texto de hoje é, praticamente, uma continuação do texto da semana passada sobre a revolta - também foi baseado num livro de Ermance Dufaux (as frases em itálico são dela).

Uma maneira mais efetiva para trabalharmos nossa revolta, nossa inconformação perante certos fatos e/ou pessoas na vida é a fé.

Jesus nos disse que tudo seria feito segundo a nossa fé - cada vez que curava uma pessoa dizia que foi a fé que a salvou.  Nada mais verdadeiro - somos aquilo que acreditamos.  Usemos esta mesma fé para lidar com a inconformação.

A fé é um sentimento abstrato e muitas pessoas acreditam que ou se tem fé ou não se tem. É compreensível até certo ponto pois não é uma coisa palpável, mas eu acredito que ela possa sim ser obtida através de alguns tipos de pensamento, atitudes, de comportamentos.  Assim como a felicidade, que deve ser construída passo a passo, a fé também deve seguir esse esforço - existem pessoas em que a fé já vem naturalmente, é quase inata; mas existem outras pessoas onde ela quase inexiste - há que se mudar a maneira de pensar.  Talvez esse texto e essas afirmações possam ajudar alguns de vocês a praticar o exercício da fé e habituar-se a ver a luz em todas as situações.

"A fé abre os olhos para a luz do otimismo.  A inconformação fecha-os no clima de tristeza." Busquemos a alegria, o otimismo quando não conseguimos mudar uma situação ou uma pessoa.  Acreditemos que ela está lá para te ensinar alguma coisa e que na vida tudo passa, tudo evolui e que não vale a pena buscar momentos de tristeza.

"A fé alimenta a esperança.  A inconformação multiplica a energia do derrotismo." Com esperança a vida fica mais leve ao passo que o derrotismo nos deixa mais pesados.

"A fé impulsiona o avanço.  A inconformação aprisiona os talentos." Quanto talento desperdiçado quando insistimos em permanecer inconformados com alguém ou alguma coisa!

"A fé cria movimentos na direção do destino.  A inconformação altera a rota no rumo da desorientação." A fé traz equilíbrio; em contrapartida, a inconformação nos tira da meta a ser alcançada.

"A fé aprimora o raciocínio.  A inconformação o confunde." Quando estamos inconformados perdemos a razão; é difícil pensar, refletir quando não aceitamos as coisas como se apresentam.

"A fé realiza. A inconformação desanima." A fé é puro otimismo, enquanto que a inconformação traz desânimo.

"A fé é o fio condutor da vida.  A inconformação é o clima mental a caminho da morte."

"A fé desabrocha a melhor parte de si mesmo.  A inconformação estimula a sombra interior." A fé traz à tona nossa melhor parte, ao contrário da inconformação.

"A fé é sentimento que alivia a dor.  A inconformação é a incubadora da aflição e da angústia." Quando acompanhados da fé a dor é menor.  Quando acompanhados da inconformação trazemos em nós aflição, desassossego, angústia e ansiedade.

"A fé é uma atitude de sabedoria.  A inconformação é a expressão da revolta."

À frente da revolta, ou da inconformação escolhamos o sentimento da fé, pois este nos oferecerá o clima emocional adequado para continuarmos a trilhar nosso caminho em direção ao nosso objetivo - quando inconformados com alguém ou alguma coisa saímos de nossa rota evolutiva.

Dufaux afirma que "é compreensível que as provas da vida tentem lhe subtrair a força da alegria, entretanto, optar pela inconformação é algo semelhante a carregar pesadas correntes, que impedem decisivamente suas asas espirituais da inteligência e do sentimento de voarem em busca da solução e da liberdade."

Boa semana!

 

VISITA A SÃO PAULO

Caros leitores, Este ano, em nossa ida para Sampa para visitar amigos que lá deixamos, visitamos 15 pessoas.  O ano passado ficamos 6 dias e...