Caros leitores,
O texto de hoje também traz a reflexão sobre um filme de cinema - "Megalópolis" de Francis Ford Coppola. Um filme épico, de grandes proporções - boa direção de arte, bons atores, bom figurino, boa produção e o mais interessante boa história.
A história se passa no século XXI num momento futuro, numa cidade utópica chamada Nova Roma (em realidade é Nova York repaginada e transposta numa reinvenção do Império Romano).
O tema central é o esforço de um arquiteto, César Catilina, que no meu entender seria o urbanista responsável pelo planejamento da cidade física, tentar remodelar a cidade baseada na Geometria Sagrada - "a Geometria Sagrada é considerada o modelo da geometria natural no mundo e a base de todas as formas; ela explora e busca explicar padrões de energia que criam e unificam todas as coisas e revela a maneira precisa pela qual a energia do universo se organiza" (Wikipédia); ele quer colocar na cidade belos jardins e uma arquitetura clean/light com pouca ou quase nenhuma agressão à natureza. Entretanto ele sofre impedimentos do prefeito Frank Cícero que ao contrário, quer fazer da cidade um grande cassino.
A alusão ao Império Romano é perfeita - tem até uma corrida de bigas num coliseu e lutas romanas. Na época de Roma, Catilina e Cícero eram praticamente rivais/inimigos.
"Lucius Sergius Catilina foi um militar e senador da Roma Antiga, célebre por ter tentado derrubar a República Romana e em particular o poder oligárquico do senado."
Catilina e Cícero se candidataram a mais alta posição da magistratura de Roma. De acordo com a Wikipédia, Catilina tentou até eliminar simpatizantes de Cícero e era uma pessoa que indignava-se contra os abusos da elite e se colocava como candidato ferrenho que defenderia o povo, mas sem sucesso.
Cícero foi o cônsul escolhido em detrimento de Catilina e é famosa sua fala em um dos seus discursos no senado: "Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?" Os discursos de Cícero contra Catilina ficaram conhecidos como "Catilinárias".
No filme de Coppola, Cícero é o prefeito de Nova Roma que quer manter o povo na ignorância dando o famoso "pão e circo" e Catilina é o arquiteto que afirma que é através da mudança de arquitetura da cidade que as pessoas são levadas a uma vida melhor.
Uma parte interessante do filme é quando ele, Catilina, tem o poder de parar o tempo e enquanto ele, o tempo, pára, Catilina consegue criar sua arte na arquitetura. O que, ao meu ver, é real - o tempo nos rouba a vida.
Para mim e para o meu marido que é arquiteto, o filme foi riquíssimo em informações e simbolismos que trouxeram muitas reflexões e a maior de todas, na minha opinião é que ainda existem pessoas que nos fazem maravilhar através de seus filmes. Que possa abocanhar muitos Óscars, caso a premiação ainda irá existir.
Bora assistir o filme!
Boa semana!
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