Olá leitores,
Meu marido, que como comentei no texto anterior é arquiteto fez algumas observações interessantes sobre o filme. Para melhor entendimento há um elemento chamado Megalon (daí a alusão à Megalópolis) que veio do espaço.
Texto de J. Tucón
Filme de Ficção Científica em Arquitetura
Pontos:
1. Um material leve, flexível, de alta resistência, que assume as estruturas formais da Natureza ou quaisquer outras formas. Este material, vindo do Espaço, é peça fundamental na proposta de urbanização de uma grande cidade.
2. Obviamente surgem os opositores ferrenhos que são dois:
A - O establishment constituído pelos políticos e pelos empreiteiros que querem continuar usando as formas tradicionais construídas com os materiais pesados e muito pouco flexíveis.
B - Os obreiros que normalmente tem conflito com o establishment também se opõem sob o argumento de que não se deve inovar e sim resolver os "problemas sociais". Para isso realizam passeatas, promovem quebra-quebra e vandalismo.
3. Nessa hora essas duas correntes se unem contra a inovação pois ninguém quer abrir mão do seu papel, seja de opressor, seja de oprimido papéis que uma revolução tecnológica desse porte acarretaria. (Imagine se ainda por cima o novo material for manuseado por robôs; o filme não toca nessa hipótese).
4. Não vou aqui me estender em considerações filosóficas sobre o significado que uma inovação desse porte traria para a Arquitetura. Isto daria vários artigos.
5. Mas já que falamos em Filosofia, lembrei-me de um vídeo do filósofo Luís Felipe Pondé onde ele expõe a dialética da liberdade. A dialética consiste numa dinâmica de três etapas: tese, antítese e síntese. Temos então:
Tese - sou oprimido.
Antítese - de oprimido passo a opressor.
Síntese - não sou oprimido nem opressor: sou livre.
Pondé também explica que na quase totalidade dos casos a dialética pára na etapa dois, pois o opressor em sua sede de poder não vai querer ser livre.
É fácil aplicar isso ao filme: a revolução tecnológica traria uma enorme revolução cultural na indústria da construção. Um material que pode assumir qualquer forma é um símbolo forte da liberdade e isso é muito ameaçador.
Dirão alguns: ninguém quer sair da zona de conforto. Discordo: ser oprimido ou ser opressor é confortável? Então, ninguém quer sair da zona do desconforto.
Como assim?
Claro, para exercer a dialética é necessário pensar. E pensar dói.
P.S.: J.P.Sartre dizia que o homem está condenado a ser livre.
Boa reflexão!
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