Olá leitores,
O segundo capítulo do livro do Dr. Rossiter trata, no geral, das regras sociais.
Ele explica que "...os arranjos sociais são produtos do pensamento racional; eles são derivados logicamente de observações válidas sobre a interação humana e as vulnerabilidades dos seres humanos."
Então, como regra social primordial ele faz uso da famosa Regra de Ouro - ele a subdivide em Regra de Ouro Negativa e a Regra de Ouro Positiva onde a primeira "exige que você não faça à outra pessoa aquilo que não deseja que ela faça com você" e a outra a positiva "exige que você trate as outras pessoas da mesma maneira que gostaria de ser tratado por elas, e geralmente implica na ética de ajudá-las e confortá-las, e não somente num pacto de não interferência."
Assim, "a obrigação moral da Regra de Ouro para com o outro é: respeite a outra pessoa como um ser consciente e soberano, como um sujeito independente intitulado ao mesmo tratamento positivo e às mesmas proteções emocionais e institucionais contra danos físicos que você reivindica para si mesmo." " A Regra reflete as inclinações naturais e evoluídas das pessoas racionais de viver em grupos sociais cooperativos através do acordo a certas restrições comportamentais."
Para melhor compreensão das ditas regras sociais, compreendamos a definição de moral dada pelo dicionário Aurélio: "Filos. Conjunto de regras de conduta julgadas válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo e lugar, quer para grupo ou pessoa determinada."
A definição de ética dada pelo mesmo dicionário também se faz útil ao texto: "Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, relativamente a determinada sociedade, ou de modo absoluto."
Para o Dr.Rossiter "o suposto (o grifo é meu) valor da vida, refletido no desejo normal de se viver e de se viver bem, é uma base necessária para qualquer moralidade racional, e está também implícito em todas as prescrições morais de base religiosa."
Em sendo assim, "Coisas boas produzem variedades de felicidade (gozo, paz interior, contentamento) por causa de seus efeitos sobre a natureza biológica, psicológica e social do homem e da condição humana. Coisas ruins produzem dor e sofrimento desnecessários, pela mesma razão." "...atos bons ou ruins, e circunstâncias boas e ruins, são certos ou errados, bons ou ruins, apenas em relação à natureza do homem e às realidades da existência humana."
Como exemplo da necessidade de regras sociais, ele traz a história de Robinson Crusoé, o náufrago. Enquanto ele estava sozinho na ilha ele tinha a liberdade para fazer o que quisesse na hora que quisesse e da maneira que desejasse - obviamente ele estava tentando sobreviver, então agia na ilha realizando o que precisava para obter sucesso em sua empreitada. Entretanto quando aparece o silvícola, ao qual ele chamou de Sexta-Feira, sua atitude teve que mudar - ele não tinha exatamente a mesma liberdade de agir e as regras da vida tiveram que mudar.
"Certas coisas que cada homem faz afeta o outro, e por isso qualquer ação é uma fonte potencial de conflito. Por compartilharem um ambiente material comum com recursos limitados, e pelo fato de cada um usar esse ambiente para produzir o que necessita, suas ações afetam economicamente um ao outro. Mesmo se ambos forem bastante reclusos, é bem provável que se comuniquem de alguma maneira, e assim afetem-se um ao outro socialmente. No tocante ao surgimento de desacordos, terão de inventar meios para resolver suas diferenças; afetarão, portanto, um ao outro politicamente. Em resumo, a liberdade absoluta não existe mais para Crusoé ou para Sexta-Feira. Para manter a paz, cada um terá que limitar seus atos em algum grau. Eles precisarão de algumas regras para se relacionar um com o outro em atividades em que a cooperação e o conflito são as alternativas essenciais."
"O único propósito racional de tais regras é melhorar a cooperação social e reduzir o conflito entre as pessoas que estão interagindo. Não há outra razão para restringir a liberdade individual."
Assim, Crusoé e Sexta-Feira devem "chegar a um conjunto de regras que suporte a cooperação e que sejam, de comum acordo, respeitadas por ambas as partes."
"Reconhecendo suas vulnerabilidades físicas, cada um concordará em não usar a violência contra o outro. Reconhecendo que suas vidas, segurança e conforto dependem de que cada um deles possua controle sobre coisas materiais como terra, casas, roupas, comida, ferramentas, objetos pessoais, etc., eles eliminarão a possibilidade do roubo, da invasão e dos danos intencionais à propriedade do outro. Reconhecendo sua necessidade por previsibilidade em troca das coisas que importam, decidirão honrar certos tipos de acordo entre si, especialmente os que envolvem a transferência de propriedade ou de controle sobre um bem material,..."
Então, no meu entender, uma das bases de uma sociedade sadia é a cooperação voluntária entre as pessoas - num grupo "cada um de seus membros se disponha a ajudar os outros da maneira que desejar, mas ninguém será forçado a isso ou será punido se optar por não fazê-lo. Esta última regra expressaria uma ética de interesse mútuo, mas não coibiria ninguém diretamente a servir os outros."
Finalizando o texto de hoje, completo com o fim do segundo capítulo do Dr. Rossiter.
"...o reconhecimento crescente do outro não é apenas uma compreensão cognitiva de que as outras pessoas são como ele. Em sua forma totalmente desenvolvida ele acarreta um respeito e um comprometimento moral profundos para com os outros seres humanos. Estas são atitudes que compõem o fundamento da ordem social. De fato, quando esse tipo de respeito e cuidado não faz parte dos ideais de desenvolvimento de uma cultura, então as massas podem ser seduzidas por qualquer agenda política que desumanize o indivíduo para poder dominá-lo ou matá-lo." "A atitude de tratar os seres humanos simplesmente como objetos a serem explorados tipifica o sociopata em seus esforços impiedosos para usar os outros como meios para seus fins."
Boa reflexão!
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