sábado, 31 de maio de 2025

"MISSÃO: (QUASE) IMPOSSÍVEL"

Caros leitores,

Domingo passado fomos assistir no cinema "Missão Impossível - O Acerto Final".  Sempre fomos fãs dessa franquia, assistimos a todos os filmes da mesma - gostamos da aventura; das cenas de ação, as quais não são apenas do tipo "tiro, porrada e bomba", elas têm um motivo e uma coreografia pontual; do suspense, embora o enredo muitas vezes deixe a desejar.  Para nós, meu marido e eu, é um bom entretenimento com pouca reflexão e com tempo de curto prazo na memória.

Mas, nos surpreendemos nesse episódio - o enredo é bom, as cenas de ação com tiros, facadas e socos são poucas, o suspense é irritante, mas bom e embora fiquemos com o coração na mão em algumas cenas, sabemos que nada acontece ao protagonista - Ethan Hunt, vivido na tela por Tom Cruise - ele não pode morrer, pois se isto ocorre a série acaba, ou escolhem outro ator para personificá-lo (entretanto, o público não tem fácil aceitação dessa substituição - vide os inúmeros James Bonds...).

O que mais nos atraiu na história foi a mensagem (as falas finais) e a sincronicidade com os acontecimentos que temos vivenciado no planeta atualmente.

Na história Ethan Hunt é "escalado" para uma (quase) impossível missão de salvar o planeta - tendo em mente que caso ele não sobreviva à dita missão e ela consiga ser levada adiante, ele salvará a humanidade da quase sem fim escravatura que existe há milhares de anos no mundo.  Praticamente é uma missão altruísta e que  ele terá a coragem de aceitá-la.

Para melhor entendimento da história, precisamos entender um pouco sobre Inconsciente Coletivo.  Este é um termo criado pelo psiquiatra suíço C.G.Jung para representar o depósito psicológico de todas as experiências da humanidade. "O inconsciente coletivo contém toda a herança espiritual da evolução da humanidade, nascida novamente na estrutura cerebral de cada indivíduo." ("Léxico Junguiano" de Daryl Sharp).

No filme em questão o personagem chamado de Entidade é uma IA (Inteligência Artificial) que contém todas as informações da humanidade e com isso pretende organizar, planejar e sistematizar a vida de todos na Terra. (Isso nos lembra algo?) Ou seja, ela, a Entidade, é o Inconsciente Coletivo.

Uma das informações mais importantes deste Inconsciente Coletivo é a afirmação de que Jesus Cristo veio à Terra para fazer com que se cumprissem as profecias.  Daí que se costuma afirmar: assim está escrito. Em realidade, muitos acreditam o oposto - eu sou um deles - que, se existe uma profecia, a ideia, dependendo da profecia ou da previsão, como queiram chamar, é não cumpri-la e até mesmo tentar "escapar" da mesma.  Por exemplo: se alguém teve uma visão, previsão, profecia de que ocorreria uma catástrofe tipo um terremoto ou tsunami em um dado lugar, numa data específica, este lugar deveria ser evitado ou até evacuado para evitar danos e perdas irreparáveis.

Sempre me perguntei porque Jesus tinha que "seguir" as profecias.

Mas, observemos que Jesus para cumprir as profecias entrou em Jerusalém montado num burro (as profecias diziam que o Messias entraria em Jerusalém montado num burro) - muitos historiadores afirmam que ele fez isso para que todos o aceitassem e acreditassem que ele era o Messias esperado  preconizado pelas profecias.  Mas será que Jesus fez isso mesmo? A pergunta que faço para reflexão é a seguinte: Jesus tinha realmente a intenção de que todos acreditassem que ele era o Messias esperado? Será que ele se preocupava com isso? Ele acreditava que ele era o Messias? Eu penso que não. Como cumprir as profecias sem analisar a conveniência do seu cumprimento?

Mas voltemos ao filme. Um dos personagens afirma várias vezes: nada está escrito. A Entidade processa todos os DADOS.  Observar que os Dados pertencem ao passado. Sempre. O processamento de dados ou seja a combinação deles entre si de todas as maneiras possíveis cria um círculo vicioso.  É a combinação de tudo que está escrito.

Deepak Chopra, conhecido médico ayurvédico, comenta em sua meditação dirigida que o objetivo da meditação é superar o Inconsciente Coletivo.

A meditação competente cria o vazio.  Um professor nos tempos da faculdade dizia: "O importante é dar um passo sobre o vazio e uma vez feito isso, o próprio passo sobre o vazio cria o próprio chão." Ou seja, ao meu ver, ir para onde nada está escrito.

Outras ideias do filme falam de nossas vidas e nossas escolhas: "Nossas vidas são definidas por nenhuma das ações.  Nossa vida é a soma de nossas ações.  Tudo o que você foi, tudo o que você fez resultou no seu presente momento".

Eu acredito que a vida é feita de escolhas e cada uma delas traça nosso destino - nada está escrito - pois se estivesse o livre arbítrio seria uma ilusão...

No final do filme, depois de muitas lutas, sacrifícios, percalços, um dos personagens diz para Ethan Hunt: "Você sempre dá um jeito!"

Que tal colocar Ethan Hunt para presidente do Brasil em 2026? Será que ele daria um jeito?

Boa reflexão!



 

sábado, 24 de maio de 2025

"LONGA PÉTALA DE MAR"

Olá leitores,

Nosso livro do Clube de Leitura de maio foi da autora nascida no Peru, mas que muitos a consideram chilena por ter vivido muito tempo no Chile - Isabel Allende - "Longa Pétala de Mar".

Sua primeira infância foi no Chile e "morou em vários lugares na adolescência e na juventude.  Depois do golpe militar de 1973 no Chile, exilou-se na Venezuela e, desde 1987, vive como imigrante na Califórnia.  Define-se como "eterna estrangeira". Ela é filha de Tomás Allende, funcionário diplomático e primo-irmão de Salvador Allende - isso faz dela uma prima de segundo grau, creio eu, do ex-presidente chileno Salvador Allende.

O título do livro se reporta a uma analogia que Pablo Neruda, poeta chileno, faz do Chile em um de seus poemas, comparando-o a uma "longa pétala de mar" devido à forma geográfica do país.

A história é bem interessante, cheia de reviravoltas, mesclada de ficção e fatos históricos.  A obra é feita para todos os gostos - vai do romance até a política, passando pela aventura, mistério, suspense e muitas vezes a uma emoção que nos faz ir às lágrimas (eu mesma as verti em duas passagens).

De minha parte, nunca tinha lido nenhum livro dela e confesso que fiquei estarrecida com sua linguagem, que a princípio se faz simples para depois envolvermo-nos em sua trama e não querermos mais parar de ler.

Todos do Clube de Leitura conseguiram "viajar" através de sua leitura e muitos até conseguiram colocar "rostos" nos personagens da história.  

No que tange à política, ela conseguiu trazer para os leitores a ideia de "esquerda", "direita" e "ditadura" onde percebe-se que essas vertentes são diferentes em cada país/cultura e também diferentes na mente de cada um.

O livro trouxe boas discussões no grupo onde muitos lembraram-se das lutas de seus antepassados europeus que migraram para o Brasil em sua vontade de se livrar das políticas de seus países de origem.

Em tendo a obra um grande caráter reflexivo, eu recomendo.

Boa semana!

 

sexta-feira, 16 de maio de 2025

PACIÊNCIA

Caros leitores,

De acordo como dicionário Aurélio, Paciência é:

Virtude que consiste em suportar as dores, incômodos, infortúnios, etc. sem queixas e com resignação.

Perseverança tranquila.

(Obs. Foram separadas do dicionário apenas as definições úteis para este texto).

Para que haja uma compreensão mais abrangente da virtude da paciência, lembremo-nos da Natureza.  Imaginemos como o planeta Terra foi criado: as etapas de seu desenvolvimento, as transformações dos seus elementos químicos, o surgimento das formas de vida (minerais, vegetais, animais).  O homem, ou seja, nós, tivemos início a partir da estruturação das substâncias orgânicas preexistentes na atmosfera e na crosta terrestre primitiva.  Este processo de criação da vida foi lento, organizado, longo, contínuo, obedecendo um sistema de leis criadas por Deus/Ser Superior/Divindade. A natureza, com seu ritmo próprio é o melhor exemplo de paciência.

Então, se somos filhos desta natureza, se fomos inseridos nesse meio é porque somos interligados (necessitamos da natureza para viver e ela necessita de nossos cuidados para continuar sua evolução) e, se somos interligados, aprendamos a virtude da paciência com a natureza, observando-a e adotando o seu ritmo.

Nós precisamos compreender que "o ser humano é a própria natureza adquirindo consciência de si mesma", e mais que tudo, compreender que nossa estrutura orgânica resulta da paciente realização da natureza.

Para exemplificar, tomemos uma árvore.  Para que ela se transforme numa árvore frondosa, ela percorre um longo caminho desde a semente até a sua maturidade gerando flores e frutos.  A sua evolução obedece aos ditames da natureza - ela floresce e frutifica na época que diz respeito a sua espécie - tem que aguardar para dar frutos depois da floração - seguindo esta ordem pacientemente, aguardando o sol (a luz), a chuva (a água).  Tudo realizado a seu tempo.

Outro exemplo a ser observado é o próprio homem.  Depois da fecundação do óvulo pelo espermatozoide, seguindo as leis naturais, ele deve aguardar nove meses para nascer.

Nos dois exemplos, a árvore e o homem, podem ocorrer anormalidades tais como a semente não receber alimento e não vingar ou no caso do homem, o bebê poderá nascer de parto prematuro devido a complicações no organismo da mulher.  Estas são situações especiais aquém da natureza.

Na realidade, estes exemplos foram citados para demonstrar que a paciência é o fator primordial.

Vale lembrar que a natureza não dá saltos e que a borboleta bela e colorida era antes uma lagarta.  Por isso, tudo acontece pacientemente na natureza.  A paciência é o seu segredo e a sua força.  Então, quando observamos a natureza podemos perceber a "perseverança tranquila" que o dicionário traz com uma das definições de paciência.  Ela persiste na atividade de criação com perseverança e constância com equilíbrio.

Esta é uma das habilidades que precisamos desenvolver em nossa caminhada pela vida.  Quando as tarefas são realizadas com quietude e tranquilidade, o crescimento ocorre naturalmente.  A pressa pode destruir em poucos minutos o que se leva anos para construir.

Entretanto, no mundo atual onde encontrar estímulos para exercitar a paciência? O mundo é rápido, a tecnologia exige perfeição e prontidão a qualquer preço e ao nosso alcance temos inúmeros recursos para atingir este objetivo: o celular, o computador, a internet, para citar os exemplos mais significativos.

Aquele que aceita sem refletir tudo o que a modernidade impõe, vive em clima constante de neurose e tensão.

Imagine a angústia de se perceber sempre atrasado em seus compromissos, a tormenta do relógio a nos perseguir, a impossibilidade de tomar providências simultaneamente! Toda essa urgência e essa quantidade de tarefas a realizar transforma todos em autômatos, sem ponderação, nem sentimentos.  Nunca foi tão grande a irritação, o tormento, a exasperação, o desequilíbrio emocional, como nos dias atuais.

Então, como ter mansuetude e paciência dentro dessa turbulência?

Jesus disse: "Bem aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra". Matheus, 5:5.

Mas como sermos "mansos" se perdemos a calma, discutimos, criamos inimizades pela mínima razão: em casa, no trabalho, no convívio com amigos e no mundo de relação só vemos desavenças? Estamos realmente necessitando de paciência e calma como nunca.

Bem, o mundo é o que é, ou melhor dizendo, o mundo está como está e não podemos ignorá-lo, mas podemos rever nossos comportamentos perante este fato.

Para mudar esta atmosfera turbulenta de nosso globo deveremos mudar as reações de nosso comportamento perante todas as situações da vida - experimentemos a paciência serena, pacífica, sem reações violentas, calma, branda, tolerante, a aceitação tranquila e a vigilância com ponderação.

O psicólogo William James disse "A maior descoberta da minha geração é que qualquer ser humano pode mudar de vida, mudando de atitude."

Cada um de nós poderá perceber, no dia-a-dia, os momentos onde deverá usar a paciência, pois ela é um estado de alma, uma paz de espírito, onde o indivíduo não é atingido pelas irritabilidades e inquietações do cotidiano.

Para C.G.Jung, um estudioso dos fenômenos psíquicos que pesquisou "os distúrbios da personalidade" em profundidade, a espiritualidade liberta o indivíduo da agitação do ego e o transporta para o mundo real, ou seja, para o relacionamento direto com a própria alma.  Para ele, a fé não pode estar acima da razão.

Então, com isso em mente, como mudar um comportamento sem o uso do raciocínio? E se não somos livres para realizar tal mudança, como evoluir, como crescer, como viver?

Jung afirmou que toda criatura traz uma disposição inata para a autotransformação - ele chamou esse processo de individuação, definido por ele como um processo de diferenciação psicológica que tem como finalidade o desenvolvimento da personalidade individual.  A meta não é dominar a própria psicologia pessoal, tornar-se perfeito, mas familiarizar-se com ela.

Ele continua: "Como o indivíduo não é apenas um ser à parte, separado, mas pressupõe, pela sua própria existência, uma relação coletiva, segue-se que o processo de individuação deve conduzir a relações coletivas mais amplas, e não ao isolamento.  A individuação não exclui a pessoa do mundo, mas aproxima o mundo dela."

Indivíduos que atingiram essa sintonia, são indivíduos pacientes porque respeitam os direitos humanos, ou seja, a liberdade de expressão, de ir e vir, de individualidade, de intelectualidade, de consciência.  São indivíduos versáteis e originais com propósitos definidos e buscam alcançar com paciência constante, através de reflexões e estudos, uma síntese lógica e racional no que diz respeito ao espiritual e ao físico, ao real e ao imaginário, à sociedade e ao indivíduo em si.

Para finalizar, relaciono abaixo algumas sugestões de situações diárias onde podemos exercitar a paciência:

- Faça das situações críticas da vida obstáculos a serem contornados suavemente, assim como os rios que ao circundarem rochedos, atingem os vales a serem fertilizados.

- Ante discussões e irritações, desentendimentos, silencie o quanto puder todos os seus impulsos de revides, justificativas ou defesas que possam trazer desequilíbrios emocionais.

- Nas ruas, no trânsito, ao se relacionar com os outros, evite reclamar dos seus direitos transgredidos pelos outros; um comportamento calmo de renúncia desperta muito mais quem, por vezes distraído, não percebeu a infração cometida.

- Em casa, suporte sem stress, os climas tensos; recorra à leitura tranquilizante ou à prece onde poderá conseguir o reabastecimento das energias que renovam.

- Suporte com calma tudo o que acontece em sua existência; procure decifrar e compreender as mensagens que chegam através da linguagem da evolução natural.

Apesar de calma e tranquila a paciência não é paralisação, passividade, ociosidade.  Ao contrário, através dela cada um pode perceber o momento ideal no qual deve abdicar  ou perseverar nas relações, vínculos, situações e atividades envolvidas no seu cotidiano. A paciência sempre traz bem estar para aquele que a pratica.  Quanto mais paciente for uma pessoa, mais complacente será, em vez de insistir para que a vida seja exatamente como ela gostaria que fosse.  Sem paciência, a vida é muito frustrante.  A pessoa se torna facilmente aborrecida, irritável, entediada.  Sem paciência, qualquer obstáculo menor que deva ser enfrentado, torna-se uma emergência completa com frustrações, gritos, sentimentos feridos e alta de pressão arterial.

Quando somos impacientes, desequilibramos os processos internos e externos da Natureza em nós.  Atitudes de paciência mudam nosso modo de ver e de enfrentar conflitos.  E, como todo problema contém em si a "semente da solução" - acalmemo-nos para encontrá-la.

Boa reflexão!

  









 

sábado, 10 de maio de 2025

DESELEGÂNCIA DISCRETA

Olá leitores,

Hoje, novamente, o texto é de autoria de J.Tucón.

"Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas"
                 Caetano Veloso

Na década de 20 é assim: (atenção, leitor, estamos na década de 20)
O tipo sai do restaurante a exalar vaidade.
A começar pelo pisante: um par de tênis de grife azul cobalto cheio de detalhes gráficos em branco.
Um par de meias que quase não dá para ver por causa da calça.
A calça?
Sim, um jeans que não é Lee nem Levi's, todo pasteurizado com elástico no tornozelo.
Mas uma calça toda caída.
E a calça é o ponto alto de sua deselegância discreta.  Toda caída, permite que se veja o início da separação das nádegas.
E logo se seguem o elástico da cueca a ostentar sua logomarca.
E a cintura da calça logo abaixo.
De um dos bolsos traseiros se sobressai metade de um telefone celular com uma capa cor de laranja.
Vamos subir: a camiseta tipo T Shit, perdão T Shirt, branca, de mangas curtas, toda desajustada (parece até que é emprestada) a ostentar no peito as letras maiúsculas: T.O.M.I.
O que será que significam?
Eu não faço ideia.  Se alguém souber, que me faça a gentileza de informar nos comentários.
Continuemos:
Um rosto com barba por fazer "ornado" por um par de óculos de armação verde, perfeitos para um pseudo intelectual da tecnologia.
E tudo termina com um cabelo cortado todo rente dos lados da cabeça, encimado por um grande topete trumpesco.
Como não tenho palavras para expressar o meu desconforto volto a apelar para o mestre Caetano:

"Chamei o que vi de mau gosto, mau gosto...
Porque é o avesso do avesso do avesso do avesso..."

Boa semana!

 

sábado, 3 de maio de 2025

RESPEITO

Caros leitores,

Quando pensamos na palavra respeito, pensamos no respeito que temos que ter pelo outro, no respeito à natureza, aos animais, às leis, aos mais velhos, etc. Mas muitos poucos pensam no respeito por si próprios, no auto respeito.  Entretanto, o respeito a tudo no mundo se baseia no respeito por si próprio.

Para compreender melhor como o auto desrespeito se instala, analisemos o processo desde o início. 

Comecemos pela criança - a medida que ela cresce no convívio familiar, ela copia tudo o que observa e ouve. Ou seja, tudo a sua volta, principalmente os pais, serve de exemplo, de padrões e atos e atitudes para o seu futuro.  Esse processo é a educação, a qual difere da instrução.  Outros podem chamá-lo de socialização, que é o processo de adaptação do indivíduo ao grupo social que tem como base o espírito de coletividade e o sentimento de cooperação e solidariedade.  Essa socialização inicia-se quando o recém-nascido é conduzido para casa pelos pais, ou seja, desde o começo da vida, não olvidando que essa influência do ambiente em que vive ocorre desde a concepção.

Para Jean Piaget, a criança modela e assimila tudo o que a sensibiliza de acordo com a sua individualidade.  Na mentalidade infantil tudo vai se modelando: atos e opiniões dos adultos, considerações sobre ética, religião, costumes, moral e filosofia, proibições, preconceitos, intolerâncias, acontecimentos caseiros, permissões, etc. Devido às diferenças culturais de cada região do planeta, a criança é educada, socializada dentro de preceitos, regras de conduta e princípios diferenciados.  Até gêmeos idênticos terão o desenvolvimento psicossocial diferenciado.

Até aqui pode-se compreender que um dos fatores para a falta de respeito por si próprio é a passagem pelo processo de socialização.

Antes de entendermos como podemos compreender e modificar, quando necessário, o respeito por nós mesmos e pelos outros, relaciono algumas sugestões e cuidados na educação de nossas crianças (algumas sugestões foram tiradas do livro de Sal Severe "A Educação  pelo Bom Exemplo"):

- Tenha coragem para ser aberto e aceitar ideias novas.  Se o que você está fazendo está dando resultado, fique firme.  Se não, tenha coragem de tentar algo novo.  Seu filho, tendo a idade que for, tem condições de ser incentivado a mudar. Dê tempo para sua mudança.  Muitos pais fracassam nesta empreitada e por isso segue a próxima sugestão.

- Tenha paciência com as crianças - muita paciência.  Veja o mundo a nossa volta: há a lavagem de carro em 5 minutos, respostas de algumas perguntas na web em menos de um minuto. Nos condicionamos para a gratificação instantânea com o forno de micro-ondas, telefones celulares, vias expressas, internet.  Na realidade, a tecnologia nos ensinou a pressa, a impaciência e até a falta de respeito ao tempo do outro.  Respeite seu filho, respeitando seu tempo para realizar mudanças, pois elas não ocorrem da noite para o dia.  No futuro, seu filho aprenderá a respeitar o tempo do outro.

- Quando cometer um erro, admita-o.  Assuma a responsabilidade.  Peça desculpas.  Essas qualidades são copiadas por seus filhos e não tem preço.  Eles aprenderão que todos erram eventualmente e respeitarão essa circunstância, sem julgamentos.

- Se você se zanga com seus filhos e fala com voz calma ao invés de uma voz zangada, ensina-os a manterem a calma e o respeito quando são provocados.

-  Analise o seu próprio comportamento, quando quer que seu filho se modifique.  Isto pode ser uma experiência desagradável.  A mudança no seu comportamento afeta a mudança no comportamento do seu filho.  "O modo como você se comporta em relação a seus filhos afeta o modo como eles se comportam em relação a você e a todos os demais." Por isso ensine respeito para ser respeitado.

- Você que é professor, observe e estimule o talento e a biografia individual de seus alunos - cada criança/adolescente traz desde o berço, sentimentos, comportamentos, talentos que devem ser analisados, valorizados e utilizados em sua socialização/educação.

- Auto respeito e auto estima andam juntos.  Mostre a seus filhos que eles são pessoas importantes, tratando-os com respeito.  Ensine seus filhos a terem auto confiança.  Acredite neles e eles aprenderão a acreditar em si mesmos.

- Por fim, respeite os sentimentos de seus filhos e preste atenção em qual modelo você quer que eles copiem.

Bem, compreendamos agora como melhorar, ou até construir o respeito por nós mesmos.

O primeiro quesito para o auto respeito é dar importância aos nossos sentimentos - pois é através deles que aprendemos a dar e receber amor e respeito; é através deles que trazemos coerência a nossa vida.  Nossos sentimentos devem fluir para que possamos compreendê-los.  Em algumas circunstâncias há modificações a serem realizadas pois são sentimentos que nos trazem infelicidade.  Entretanto, existem sentimentos que exigem respeito de nossa parte.  E, quando respeitamos os nossos sentimentos, demonstramos aos outros como eles devem nos tratar.

Jesus disse "Pois ao que tem será dado, e ao que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado." (Marcos, 4:25). Nesta afirmação, podemos até acrescentar que "será dado respeito ao que se respeita". Desse jeito funcionam as coisas na nossa vida interior "temos o que damos". Então se ainda não conseguimos obter o respeito dos outros é porque ainda não o temos dentro de nós e se não o temos dentro de nós não podemos dá-lo a ninguém.  Simples de entender, mas difícil de realizar? Não, necessariamente.

Tudo começa com a autopercepção; examinemos atitudes e sentimentos.  Simples perguntas neste caso, podem trazer grandes reflexões.  Aqui vai uma pequena relação de perguntas e sugestões que podem gerar estas reflexões e permitir que aprendamos a nos respeitar para podermos ser respeitados em nossa individualidade:

- Por que permito que me tratem com desconsideração? Será que desconsidero meus sentimentos em relação a mim mesmo no contexto social?

-  Auto responsabilize-se pela forma como é tratado, pois se isso não for feito e você continuar culpando os outros pelo seu sofrimento e pelas suas desilusões, você continuará impotente para mudar o contexto em que vive.  Lembre-se de que ninguém disse que é fácil aceitar a responsabilidade pelas suas próprias ações enganosas ou pelas suas desilusões, mas esta é a única maneira de mudar o rumo de sua vida.

- Não sacrifique sua dignidade pessoal por nada e por ninguém - ela é um valioso tesouro que você possui.  Toda vez que você autorizar que outros determinem o seu valor, você sentirá uma sensação de vazio em seu espírito.

- Não preste um desserviço para você próprio; não se desrespeite, pois quando o auto desrespeito se instala em seu espírito, você não consegue mais prestar atenção aos avisos e intuições que brotam do seu íntimo e terá dificuldades em ouvir as vozes da inspiração divina que o auxiliam a caminhar no rumo certo.

- Opte sempre pelo auto respeito - é através dele que você conseguirá o respeito alheio.  E, desta maneira identificará nos outros a mesma dignidade que você dá a si próprio.

Quando respeitamos a nós mesmos somos livres para agir, sentir, dizer, ir, pensar e saber o que determinamos para nós mesmos; somos confiantes de que se estivermos prontos, no momento certo o Poder Superior do Universo nos dará tudo o que necessitarmos, ou seja, o apoio, a orientação e o suprimento para cumprirmos o sublime plano que nos está reservado.

Boa reflexão!






 





 

VISITA A SÃO PAULO

Caros leitores, Este ano, em nossa ida para Sampa para visitar amigos que lá deixamos, visitamos 15 pessoas.  O ano passado ficamos 6 dias e...