sábado, 9 de agosto de 2025

AINDA ESTAMOS LÁ

Olá leitores,

O texto de hoje é de autoria de J.Tucón.

Saudações! Ou melhor: "bip", "bip", "bip"...

Em 1977, aproveitando um raríssimo alinhamento dos planetas do Sistema Solar nós duas fomos lançadas com a missão de fotografar os planetas Júpiter e Netuno.

Por que esse alinhamento era importantíssimo? Porque nossa trajetória foi planejada usando a aproximação a cada planeta de forma a aumentar nossa velocidade sem ter que recorrer ao uso de combustível.

A cada planeta do qual nos aproximávamos, depois de orbitá-lo usávamos as leis da gravidade para fazer da órbita uma funda que nos atiraria na direção do próximo.  Nossa missão tinha uma duração prevista de apenas alguns anos e de fato durante esse tempo fomos fotografando e enviando informações a respeito desses planetas.

E dessa forma chegamos ao último planeta, ultrapassamos o Cinturão de Kuiper, a Nuvem de Oort(*) e finalmente saímos do Sistema Solar.

E lá fomos nós.

Continuando a nossa viagem enviando informações para a Terra.  Levamos a bordo várias informações sobre a Terra, gravadas em disco de ouro para o caso de sermos interceptadas por outra civilização.  Vocês aí do Brasil sabiam que nesse disco existe uma imagem do Cristo Redentor?

As informações enviadas para a Terra continuam até hoje, quarenta e oito anos depois.

E aí é que vem o grande ponto.  Na época em que fomos lançadas, nossa capacidade de processar informações e enviá-las a Terra era (e continua sendo até hoje) de 70 KB, ou seja centenas de vezes menos que um telefone celular.

Dentro de dois anos comemoraremos meio século (duas gerações de humanos) de trabalho dedicado em busca de respostas de valor inestimável para a raça humana.  E tudo isso com uma capacidade "n" vezes menor que a de um celular.

Nossos softwares foram escritos numa linguagem computacional chamada Fortran.  Alguém se lembra disso?

O que estarão fazendo os terráqueos com celulares de 256 GB? Estão conseguindo respostas? Porque a questão aqui está nas perguntas e para isso não adianta a melhor das IAs.

Encontraremos outra civilização?

Na verdade, isto pouco importa, pois disse Arthur C. Clarke: "Existem duas possibilidades: ou estamos sozinhos no Universo ou não estamos.  Ambas são igualmente aterrorizantes."

Enquanto isso, continuamos a viajar na velocidade de 17 km por segundo (seria como ir de São Paulo ao Rio de Janeiro em 30 segundos).

Continuamos conversando com a Terra, embora entre a ida e a volta de um sinal se passem quase 22 horas.

Até a próxima! "Bip", "Bip", "Bip"...

Assinado:  As Naves Voyager.

(*) Aos interessados em saber o que são o Cinturão de Kuiper e a Nuvem de Oort, favor dirigir-se ao Google.  Como dissemos, o importante é perguntar!

Boa semana!

 

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