Amigos,
Hoje tomei conhecimento de um fato, o qual deixou-me refletindo sobre várias circunstâncias do cotidiano. Uma ideia foi puxando a outra e quando me dei conta estava pensando sobre muitas situações que ocorrem no nosso dia-a-dia que não trazem boas consequências para a comunidade em que vivemos e, posteriormente para o planeta.
Primeiramente contarei o fato que disparou o gatilho para todas as outras reflexões sobre as práticas comuns da vida em sociedade.
No bairro em que vivo há coleta de lixo orgânico às segundas, quartas e sextas feiras e coleta de lixo reciclável às quintas feiras e sábados. O caminhão do lixo reciclável (SE-PA-RE - nome do sistema aqui em Curitiba) passa entre nove e onze horas da manhã. Sempre tentamos, meu marido e eu, colocar o lixo na lixeira da rua perto da hora em que ele passa. Hoje (quinta feira, dia em que estou redigindo este assunto para o blog), quando fui colocar o lixo na lixeira havia uma van tipo Kombi "clandestina" recolhendo o lixo de toda a rua - em realidade já havia percebido que essa prática ocorria, inclusive também já havia notado que quando o caminhão do SE-PA-RE passa, ele passa rápido porque não tem mais nada para recolher (minha casa tem um muro alto - não percebo muito claramente o que ocorre na rua, entretanto consigo ver o caminhão, quando estou atenta - quase não passa carros na rua então ouço o caminhão).
Mas hoje me pus a pensar: "OK, ele vende para aumentar sua renda, ou talvez seja sua renda, não sei" - nada contra.
Entretanto, o que a pessoa da van faz com o lixo que ela não consegue vender? Entendo que o caminhão da prefeitura leva para um local apropriado para separação e reciclagem do lixo e que, o que não for usado, terá um fim adequado - eles têm normas técnicas nesse serviço (creio, eu). E a van? O que faz com o lixo excedente?
Há 9 anos, quando me mudei para Curitiba por opção, a cidade era um primor de limpeza - infelizmente hoje isso não é realidade - há papel, saco plástico, lixo orgânico, pedaços de madeira, restos de construção em muitos locais da calçada - tanto do meu bairro quanto do centro da cidade (meu consultório é no centro e circulo muito por lá); no percurso que realizo de ônibus do meu bairro para o centro também percebo muito descaso com o lixo. Alguns dos meus vizinhos da minha quadra não reciclam o lixo - misturam tudo dificultando o descarte adequado do mesmo.
Muitas pessoas não conseguem visualizar as consequências de seus atos e uma ideia que me ocorre é ensiná-los a compreender, aqui no caso do lixo, que a sua atitude não é boa para a cidade e obviamente, para o planeta. Como fazer isso e em que contexto ainda não pensei. Quem sabe algum leitor tenha alguma sugestão para compartilhar...
A maioria da população se acostumou com o lixo e não se importa mais - entretanto quando chove muito veem-se bueiros entupidos por excesso de lixo (latas, sacos plásticos, papéis, etc.) e alguns locais ficam alagados - reclamam das folhas das árvores mas não veem os papéis, as embalagens - agora, por causa da pandemia, do serviço de entregas em casa - o que mais se vê são embalagens de todo o tipo: isopor, papelão, alumínio, máscaras e luvas descartáveis.
O ideal mesmo seria uma usina de lixo, iguais àquelas que existem no Japão - ela serviria também para gerar energia - mas, é cara e não dá voto...
A população não é educada para olhar sua cidade e sua rua como um local de convívio - como se ela não pertencesse àquela cidade, àquela rua. Cada um deveria ser educado a olhar para as ruas e a cidade como uma continuação de sua casa. Já viajei por alguns países e em muitos deles vi muita limpeza e cuidado com o patrimônio da cidade - onde há limpeza sente-se mais segurança - fala-se muito em segurança aqui no Brasil, mas não se fala muito em manter e cuidar do espaço público.
Bem, acabei falando só dos caminhões de coleta do lixo e não enumerei outras reflexões que vieram de "carona" com esse tema.
Outro tema que pensei foi sobre o consumo de água. Já disse em outro texto que estamos em processo de racionamento de água devido à falta de chuvas (eles alegam, embora a chuva esteja realmente escassa). Então é pedido que a população economize água (a cada 36 horas ficamos sem água - 36 horas com água e 36 horas sem). E o que muitos fazem? Instalam outra caixa d'água de 500 litros em suas residências (muitos fizeram isso no meu bairro) - assim não precisam se preocupar em economizar - ou seja, nem percebem o dia que falta água e os reservatórios da cidade continuam diminuindo o nível de água...
Essa é outra questão que a empresa que fornece a água deveria ser preocupar - bem talvez já esteja até buscando um plano B, não estou a par. Num artigo do jornal sobre esse assunto, outras pessoas e eu, sugerimos a construção de poços artesianos - sei que é caro, mas não me oporia em aumentar a tarifa um pouco, desde que seja para esse fim.
Muitas pessoas continuam a lavar o carro, as calçadas e o quintal de suas casas (a vassoura é artigo em extinção!) - a maioria tem cães e há a necessidade dessa prática para manter a higiene (o que é bom!). (Aqui até refleti sobre a importância de se ter ou não um pet - fica para outro texto...)
A companhia de água sugere que se use a água de reuso da máquina de lavar roupa para lavar o quintal de casa - todavia, que eu saiba, essa prática não deveria ser incentivada pois essa água com sabão em pó, quando jogada pela rua vai direto para o bueiro (na wikipedia," bueiro é a vala geralmente localizada ao longo das vias pavimentadas por onde escoam as águas da chuva drenadas pelas sarjetas com destino às galerias pluviais.") (dependendo da queda da rua), que por sua vez vai direto para o rio, poluindo-o. A água de reuso que vai para o cano de esgoto vai para uma central de coleta da água ("água servida") tendo-se a possibilidade de tratamento adequado de uma parte dela. Bem, não conheço o sistema de bueiros daqui e pode ser que a água não vá diretamente para o rio...
Detalhe: lavar o quintal com água de reuso também não adianta muito porque depois deve-se enxaguar com água limpa para tirar o sabão...
Assim, cada ação no nosso cotidiano tem uma consequência - cabe a nós estudá-la, buscar vislumbrá-la para termos boas ações no nosso presente.
Cada um de nós possui hábitos diários - muitos nos foram passados pelos nossos pais - a ideia é refletirmos sobre esses hábitos do dia-a-dia e caso os efeitos deles sejam nocivos para o meio ambiente e para as pessoas, temos que mudá-los.
Que outras reflexões sobre ações do dia-a-dia vocês tiveram ao ler o texto? Que outras ideias vocês gostariam de compartilhar?
Boa semana!
Jaime Lerner, prefeito na época, criou a coleta do lixo reciclável e mais, o câmbio verde (troca de recicláveis por verduras, legumes e frutas). Esta troca, no meu bairro, acontece quinzenalmente. Também deixava os recicláveis a qualquer momento na lixeira da rua e mudei este hábito pelo fato que você citou, Sônia. Percebi que o lixo excedente era queimado numa comunidade próxima a minha casa, gerando outro problema ambiental: a poluição pela fumaça da queima dos detritos. Por isso, optei em depositar o lixo para coleta no início da noite. Quanto ao uso da água, predomina ainda o egoísmo. Desde que iniciou o racionamento (devo ter citado minha prática de economia de água anteriormente neste blog), lavo a louça na bacia: uma para lavar, outra para enxaguar; banho, chuveiro desligado enquanto ensaboo o corpo; água da lavadora procuro utilizar a do enxágue, nas calçadas, misturada com uma quantidade pequena de vinagre: creio não agredir tanto a natureza como o sabão e neutraliza o cheiro de urina (temos cães). São pequenas atitudes que fazem a diferença e divulgo aos meus contatos. As redes sociais são excelente veículo para venda de ideias.
ResponderExcluirGrata pelo seu comentário. Não sei se vinagre neutraliza o sabão mas ainda nao acho bom lavar calçadas e quintal com água de enxágue da máquina de lavar. Mas nesses tempos de racionamento de água e ainda tendo cães, compreendo sua situação.
ExcluirSonia, já vi várias reportagens sobre os catadores autônomos, carrinheiros, caminhões geralmente caindo aos pedaços, e o destino do lixo é o mesmo dos caminhões da Prefeitura, eles entregam nas cooperativas que pagam por peso e fazem a triagem. Eu coloco o lixo na lixeira bem cedinho pois acredito estar ajudando estes catadores. Concordo com vc quanto à cidade estar mais suja, acho que Curitiba recebeu muitas pessoas de fora que não tem o hábito de separar o lixo. O curitibano raiz faz isso naturalmente, pois já está acostumado com o programa de coleta que existe a muito tempo, desde a família folha, eu era solteiro.
ResponderExcluirQuanto ao reuso da água, posso até ser ingênuo, mas eu acredito nas instituições, e se a Sanepar recomenda eu não vejo problemas. Meu sogro foi engenheiro da Sanepar e pelo que ele contava, é uma instituição seria. Eu particularmente aproveito a água da lavagem de roupas, só que separamos apenas a água do enxague que tem muito pouco sabão, utilizo para lavar calçada e molhar a grama.
Seu comentário Marcos é sempre pontual e eu agradeço. Como disse à Margarida, não acho bom regar a grama e lavar a calçada com água de enxague da máquina de lavar roupa. Ela ainda tem sabão e pode danificar a grama. Quanto aos catadores, prefiro que oo caminhão do SE-PA-RE leve meu lixo reciclável.
ExcluirSonia, não sei se vc sabe, mas na agricultura orgânica a água com sabão é utilizada como inibidor de alguns insetos como pulgões e cochonilhas, portanto acho que não faz mal para a grama.
ExcluirNão sabia. Agora fiquei sabendo. Grata.
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