Caros amigos leitores,
Olá! Hoje vamos à nona regra de "Doze regras para a Vida" de Jordan B. Peterson: "Presuma que a pessoa com quem está conversando possa saber algo que você não sabe."
Antes de entrar no tema propriamente dito, gostaria de fazer uma ressalva: Tatiana Feltrin, que tem um canal do youTube onde discute livros, hoje, ao ver sua postagem, ela comentou que este livro no Brasil está classificado como livro de autoajuda. No exterior, ele não está com essa classificação. Ela não acha adequada essa classificação e eu concordo com ela. A princípio, eu, particularmente, não tenho nada contra livros de autoajuda, pois na minha opinião e experiência, eles ajudam, entretanto parece que o povo brasileiro não os acha sérios o suficiente para lê-los. Assim, Jordan B. Peterson não escreve livros de autoajuda e este livro não o é. Ao contrário é um bom livro para quem quer mudar algum comportamento, refletir sobre si mesmo e ter uma boa vida.
Bem, vamos à nona regra.
De acordo com o título, fica claro que muitos de nós temos dificuldade para ouvir. Para nós, terapeutas, fica um pouco mais fácil; afinal de contas o nosso ganha pão é ouvir. Entretanto, também falamos. Com algumas pessoas ouço mais e com outras falo mais. Muitas pessoas não tem com quem falar e quando falam colocam tudo para fora o que as incomoda e muitas vezes, de quebra, ao ouvirem à si próprias até conseguem achar, por si mesmas, soluções para suas dificuldades.
Todas as pessoas podem tornar-se terapeutas apenas ouvindo o que outras pessoas têm a dizer. É incrível o que elas te contam quando você realmente as ouve.
Todos nós gostamos de sermos ouvidos, então vamos dar a chance a outros também realizarem essa prática. Mas o que é ouvir genuinamente?
Jordan B. Peterson nos aponta dois tipos de pessoas que parecem estar ouvindo atentamente o outro, mas não o estão.
Tipo 1: "Uma pessoa começa a contar uma história sobre uma ocorrência interessante, recente ou passada, sobre algo bom, ruim ou surpreendente o suficiente para fazer com que valha a pena ser ouvida. A outra pessoa, a que está ouvindo, já começa a pensar em outro assunto melhor, pior ou mais surpreendente para contar."
Tipo 2: "Há outro tipo de conversação onde um dos participantes busca atrair a atenção "vitoriosa" para o seu ponto de vista. Essa é uma variante da conversação hierárquica-dominante. Durante a conversa, a qual frequentemente tende a ir em direção a uma ideologia, a pessoa que fala empenha-se em: a) denegrir ou ridicularizar o ponto de vista de alguém que professe posição contrária; b) usar evidência seletiva ao fazer isso e finalmente c) impressionar os ouvintes (muitos dos quais já estão ocupando o mesmo espaço ideológico) com a validade de suas assertivas. A meta nesse tipo de conversação é ganhar apoio para uma visão de mundo mais hipersimplificada, unilateral e abrangente. Portanto, o propósito da conversação é fazer com que não pensar seja a melhor tática."
"Esses dois tipos de conversação são muito diferentes do tipo em que um fala e outro ou outros ouvem. Quando uma conversação genuína ocorre, cada pessoa tem a sua vez de falar e todos os outros estão ouvindo."
Muitas vezes, nossos julgamentos, nossos preconceitos dificultam a arte de ouvir. Peterson afirma: "Se você ouve, sem julgamentos prematuros, as pessoas geralmente lhe dirão tudo o que estão pensando; lhe contarão as coisas mais absurdas, incríveis e interessantes. Poucas de suas conversas serão entediantes. (Você, em realidade pode dizer se está realmente ouvindo ou não. Se a conversa é entediante, provavelmente você não está ouvindo.)"
"Quando contamos algo para alguém estamos reorganizando um evento que nos trouxe preocupação, algum trauma, algum desabafo e dessa maneira reavemos a situação para nossa própria reflexão pessoal." Já foi dito popularmente que temos dois ouvidos e uma boca - para ouvir mais e falar menos e, que nossa boca está mais próxima de nossos ouvidos do que dos ouvidos de nossos interlocutores, para que possamos nos ouvir e refletir no que falamos.
"Nós organizamos nossas mentes com conversações."
"Outro tipo de conversação é num workshop, por exemplo. As pessoas envolvidas nesse tipo de conversa discutem ideias para estruturar suas percepções e guiar seus atos e palavras. Há uma filosofia comum nesse tipo de grupo e antes de participarmos dele temos que ter em mente algumas informações."
"Você já sabe o que você sabe e, a menos que sua vida seja perfeita, o que você não sabe não é o suficiente. Você continua sendo ameaçado por enfermidades, decepções próprias, infelicidade, malevolência, traição, corrupção, dor e limitação. Você está sujeito a todas essas coisas e na análise final, isso acontece porque você não sabe como se proteger. Se você soubesse mais, você poderia ser mais saudável e mais honesto. Você sofreria menos. Você poderia reconhecer, resistir e até triunfar sobre a malevolência e o mal. Você não trairia um amigo, nem lidaria com políticos, negócios ou amor com falsidade. Entretanto, seu conhecimento atual não te fez perfeito nem te manteve seguro. Assim, o que você sabe é insuficiente, por definição - radicalmente e fatalmente insuficiente."
"Você deve aceitar esses fatos antes de conversar com alguém em termos filosóficos, ou no citado workshop, ao invés de convencer, oprimir, dominar ou até entreter. Para ter esse tipo de conversação é necessário respeitar a experiência pessoal de seus interlocutores. Você deve presumir que eles chegaram cuidadosamente a conclusões genuínas. Você deve acreditar que se eles compartilham suas conclusões com você, você pode ao menos agradecer ao fato de não precisar passar pelas mesmas experiências pessoalmente (aprender com experiências alheias pode ser mais rápido e muito menos perigoso). Você deve meditar, ao invés de buscar estratégias para alcançar a vitória sobre a fala do outro."
"Uma conversa como essa, onde o desejo por verdade prevalece - da parte de todos os participantes - existe verdadeiramente o ouvir e o falar. Nesta situação você está estável o suficiente para sentir-se seguro, mas flexível o suficiente para se transformar. Ali, você permite que novas informações te atinjam - permeando sua estabilidade, reformando e melhorando sua estrutura de personalidade e expandindo seu domínio de conhecimento."
"Assim, ouça, a você e àqueles com os quais você está falando. Sua sabedoria então consiste não no conhecimento que você já tem, mas na contínua procura por conhecimento, a qual é a mais alta forma de sabedoria. É por esta razão que a profetiza do Oráculo de Delfos na Grécia Antiga considerou Sócrates em sua alta conta, pois ele sempre buscava a verdade. Ela o descreveu como o homem mais sábio na Terra, porque ele sabia que nada sabia."
"Presuma que a pessoa com quem está conversando possa saber algo que você não sabe."
Muitas coisa para refletir hoje. Então boa reflexão!
Até!
Aprendi a ouvir os outros e a me ouvir, mas ainda cometo alguns deslizes e, às vezes interrompo a fala da pessoa com quem dialogo. O que me auxiliou em ouvir foi o CVV, o Counseling e o atendimento fraterno. Adotei a frase: melhor calar que mal falar.
ResponderExcluirRealmente, ouvir, muitas vezes não é fácil. Mas façamos o esforço para mudar essa atitude. É gratificante.
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