Caros leitores,
Esta semana foi realmente um período de reflexão sobre vários assuntos, porém hoje escolhi escrever sobre apenas um deles.
Numa das janelas de nossa casa, mais especificamente, na janela do escritório de meu marido, há um arbusto do lado de fora que dá flores arroxeadas parecidas com petúnias, ao qual nós aqui em casa conhecemos como "morning glory" (não sei o nome em português, se é que possui um).
Neste arbusto uma rolinha (em realidade, para mim, parece uma juriti, embora ambas são da família das columbídeas; a rolinha é menor com a cor rósea mais forte e a juriti é um pássaro um pouco maior com a cor rósea de tonalidade mais clara; bem, que seja; no texto continuarei chamando-a de rolinha) fez um ninho há umas três semanas atrás. Em realidade, o ninho foi construído pelo casal. Não sei se vocês sabem, mas o ninho desse pássaro é bem frágil, com poucos gravetos e folhas, bem rudimentar mesmo - nada de um ninho bem estruturado do sabiá e muito menos da casinha de adobe do joão-de-barro.
Assim, ninho terminado e a rolinha se posta nele aguardando o momento da postura dos ovos. Nesse ínterim durante uma semana choveu muito, ventou muito, muitas vezes chuva forte com grande quantidade de água caindo do céu, outras vezes, chuva mais amena embora constante o dia todo.
À noite, comentava com meu marido o que seria da pobre rolinha e seu ninho, sempre achando que iria encontrá-la morta. Encontrei nessa semana os ovinhos vazios no quintal, na grama - prova de que eles haviam nascido - então a dor de imaginar que algum dia desta semana iríamos encontrar filhotes mortos, caídos debaixo do ninho.
Entretanto, todos os dias ao abrir e fechar a janela, pela manhã e à noite, eu via a rolinha, impassível em seu ninho, sem arredar pé. Bem, foi o que pensávamos. Depois de uns dez dias, a chuva parou e percebemos que eles haviam nascido sim e estavam muito bem. Vimos um dia que a fêmea não cuidava o tempo todo do ninho - o macho vinha e cuidadosamente trocava de lugar com a fêmea - creio para que ela pudesse se alimentar, "esticar as pernas/penas", descansar.
Após umas três semanas, os filhotes já crescidos podiam ser deixados a sós no ninho e a rolinha fêmea ou macho, não sei ao certo, trazia vez ou outra alimento para eles - regurgitava um tipo de alimento mastigado, tipo papinha, e passava para eles pelo bico.
Era muito bom abrir a janela pela manhã e desejar bom dia para eles, e à noite, ao fechar a janela desejar boa noite.
Hoje, pela manhã já os vi tentando voar e até se aventurando a voar até um limoeiro que fica perto desse arbusto.
E, agora, no fim da tarde, já não os vejo mais - já saíram para a vida.
Foi um momento de tristeza e alegria ao mesmo tempo - foi bom enquanto os via crescendo e sendo cuidados, triste não poder vê-los mais, mas a alegria de saber que a natureza tem uma sabedoria própria, onde tudo ocorre como deveria ser no quesito instinto.
Aqui, fiquei a refletir em relação aos seres humanos - o bebê nasce, é ajudado e cuidado pelos genitores e na falta deles por outros que também exercem essa função; ele cresce com a ajuda de outros seres e depois "abandona" o ninho e vai viver a própria vida. Obviamente poderão haver exceções a essa jornada, mas via de regra é desta maneira que ela se dá.
O momento mais extraordinário na vida de um ser humano, na minha opinião, é quando ele começa a andar e a falar - primordialmente a falar. Não tive filhos e acompanhei pouco essa fase de outras pessoas.
Recentemente minha sobrinha mais velha tornou-se mãe. O filho dela hoje já tem dois anos - só o vi uma vez, em fevereiro deste ano (ele completou dois anos em março) - ela mora no exterior e só consegui vê-lo e conhecê-lo este ano. Felizmente, a internet nos ajuda a vê-los e falar com eles por vídeo. Então tenho acompanhado razoavelmente a evolução dele. É muito interessante ver um bebê crescendo - vocês já pensaram nessa maravilha da natureza? Em como nossa evolução, como espécie humana é fantástica e rápida? Num momento precisamos de toda a ajuda do outro e, de repente, após uma dúzia de anos já falamos, nos alimentamos sozinhos, escolhemos nossas roupas, nossos esportes, nossos amigos. E assim, depois de um tempo, escolhemos nossas profissões, nosso par e iniciamos nossa própria família.
Todo esse percurso humano deveria ser valorizado por cada um de nós.
A jornada de dois pássaros trouxe-me esta bela reflexão e espero que esse texto também tenha trazido a vocês uma reflexão similar - de como a vida de cada ser vivo do planeta vale a pena e de como a natureza é sábia. Congratulemo-nos com o Criador de toda essa maravilha chamada VIDA.
Boa reflexão!
P.S. Agora são 17:45 horas e os pássaros voltaram para o ninho. Ainda não o deixaram de vez, mas estão voando bem - vou fechar a janela e dar boa noite à eles - talvez pela última vez. Que sejam felizes e vivam bem suas vidas!
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