Olá leitores,
O nosso quarto livro do "Clube de Leitura" foi "Esaú e Jacó" de Machado de Assis. Nunca tinha lido Machado de Assis - me perdoem os seus leitores - em meus tempos de ginásio (uma parte do que se chama hoje de ensino médio), no quesito literatura só li José de Alencar e se me lembro razoavelmente, também li Franklin Távora - li bastante Júlio Verne, Agatha Christie. Sim - líamos autores estrangeiros também.
Quando fiz a lista dos livros do "Clube de Leitura" de 2022, achei interessante incluir clássicos de países diferentes e para literatura brasileira escolhi Machado de Assis exatamente porque nunca havia lido nada dele (em realidade havia lido alguns contos, mas não foram significativos para mim). Com o tempo, aprendi que só existem praticamente duas categorias de leitores dele - os que o admiram muito e o amam de paixão e os que o odeiam a tal ponto de nem quererem ouvir seu nome.
Há muitos livros dele e me perguntaram porque escolhi este que nem é tão famoso ou até mais lido. "Dom Casmurro", "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Quincas Borba", por exemplo são os mais lidos e conhecidos.
Assim, escolhi "Esaú e Jacó" porque quando li a resenha, a mesma descrevia o livro como sendo a história de dois irmãos gêmeos que não se entendiam. Então achei que poderia ser um bom livro para discussão. E, não me enganei. Foi uma boa discussão. A maioria não apreciou muito o livro, mas o propósito do "Clube de Leitura" está sendo alcançado. Depois de quatro livros já percebo os participantes com vontade de ler os outros livros e até propuseram que no próximo ano, fosse colocado mais um livro de Machado de Assis para investigar se o seu etilo desse livro seria o mesmo em outro de sua autoria. Quando resolvi criar esse clube foi exatamente com a intenção de auxiliar no crescimento mental, intelectual e criativo daqueles que dele quisessem participar - me incluo nesse rol, mesmo porque coloquei livros na lista que eu não tinha lido.
Bem, vamos ao livro - é uma comédia de costumes - Machado de Assis é prolixo em sua escrita, o seu conhecimento do idioma é extraordinário - aprende-se muito com ele. O livro foi escrito em 1904 e ele retrata jocosamente o evento da proclamação da república do Brasil, onde estariam inclusos no próprio acontecimento, os personagens do livro. Em realidade, o desentendimento dos irmãos é porque um é republicano e o outro é monarquista.
Há muitas histórias paralelas dentro do enredo principal, onde Machado retrata de maneira hilária por vezes, as diversas situações de um país que muda sua forma de governo monarquista para republicano. O grupo também sentiu falta das descrições dos locais do enredo e por este motivo, foi difícil visualizar as cenas.
Muitas frases e colocações me fizeram rir e o livro me pareceu mais leve, no entanto, em outras passagens me pareceu enfadonho.
Quatro frases que separei me fizeram rir. São elas:
"A abolição é a aurora da liberdade; esperemos o sol; emancipado o preto, resta emancipar o branco" - parte de um discurso de um dos irmãos, o republicano.
"Não lhe queria mal decerto; podia até querer-lhe bem, se houvesse um muro entre ambos" - no momento de uma possibilidade de que um dos irmãos pensou em fazer as pazes com o outro.
"A ocasião faz o furto; o ladrão já nasce feito" - uma correção que o Conselheiro Aires, um dos personagens, faz do provérbio "A ocasião faz o ladrão".
"Eu, sem mexer um pé, inspiro respeito" - o personagem Batista, um político, se gabando de sua honradez.
Outro detalhe que me chamou a atenção foi os nomes dos personagens - quase todos nomes bíblicos ou religiosos: Pedro, Paulo, Agostinho Santos, Batista, Perpétua, Natividade.
Para terminar concluo que o livro não foi um dos melhores e nem piores que li. A leitura não foi difícil, e creio que não estou nem do lado dos que o odeiam e nem do lado dos que o admiram. Achei Machado de Assis, por este livro, um escritor mediano. Claro, ainda tenho que ler outras obras dele para uma melhor análise de sua obra.
Quem desejar ler esse livro, pode fazê-lo sem medo.
Boa semana!
Muito interessante seu ponto de vista sobre a obra.
ResponderExcluirGrata. Já leu esse livro?
ExcluirLi, mas já faz muito tempo. Uma hora dessas vou dar mais uma espiada, agora com novo olhar.
ExcluirOi Sonia, só atualizando.
ResponderExcluirNão li este livro. Pela sua descrição, Sônia, vejo o antagonismo em nosso cenário político. Pouca mudança desde a Proclamação da República.😜
ResponderExcluirConcordo plenamente. Já tinha percebido esse detalhe. Grata por apontá-lo.
ExcluirEle se baseou na Bíblia no capítulo dos irmão Esaú e Jacó que eram bem diferentes e não se davam muito bem tb,um era religioso e acreditava e seguia as leis de Deus e o outro não tava nem aí, quebrava todas as leis de Deus, era um devasso ,preguiçoso. Interessante essa possível influencia
ResponderExcluirEstou ciente disso. A introdução do livro explica esse detalhe. Grata.
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