terça-feira, 4 de outubro de 2022

MECANISMOS DE DEFESA - CICLOS DE TEXTOS SOBRE SENSIBILIDADE HUMANA - PARTE 5

Caros amigos leitores,

Hoje falaremos sobre a importância do conhecimento de nossos sentimentos e emoções.  Para este aprofundamento, vejamos as definições dessas duas palavras, de acordo com o dicionário Aurélio:

Sentimento: 1. Ato ou efeito de sentir (-se); 2. Faculdade de conhecer, perceber, apreciar, percepção, noção, senso; 3. Disposição afetiva em relação às coisas de ordem moral ou intelectual.

Sentimentos: 1. O conjunto das qualidades morais do indivíduo.

Emoção: 1. Ato de mover (moralmente); 2. Abalo moral, comoção.

Todas as vezes que uma situação se nos apresenta temos uma emoção frente a ela, que por sua vez traduz um sentimento e este nada mais é que o reflexo de nossa história de vida, ou seja, nossas experiências passadas, nossa busca de sentido na vida presente e a construção de nosso potencial futuro.

Cada vez que sentimos  alguma coisa, essa sensação nos mostrará uma característica de nossa personalidade.  Novamente falamos aqui do autoconhecimento.  Então, frente a um sentimento não podemos nos intimidar ou fingir que não o estamos percebendo - ao contrário devemos deixá-lo simplesmente FLUIR. Qualquer julgamento precipitado poderá distorcer o aprendizado do mesmo.  Como vamos realmente realizar mudanças em nossos comportamentos ou atitudes, isto é, em nossa personalidade, se não queremos saber quem somos nem quando estamos "a sós" com nós mesmos, no recôndito de nossos seres?

Freud enumerou mecanismos de defesa que usamos quando não queremos ou não conseguimos aceitar algumas características em nossas personalidades.  Esses mecanismos, como a palavra já diz, "defendem" o ego da ansiedade de ter que enfrentar os obstáculos e percalços da existência.  Eles são úteis temporariamente, quando ainda não temos bagagem suficiente para enfrentar a viagem da vida.  Porém, eles são um obstáculo ao crescimento, uma vez que aquilo que não quero ver, também não posso mudar.

Rapidamente vamos citar alguns que nos interessam aqui e defini-los para compreendê-los.  São eles: Repressão, Negação, Racionalização e Projeção.

Repressão: Para não entrar em contato com a realidade tanto externa quanto interna, com esse mecanismo o indivíduo evita a realidade.  Esse mecanismo afasta da consciência uma ideia, evento ou percepção que possa provocar ansiedade e com isso torna-se impossível uma solução.  Mas, os elementos reprimidos continuam a fazer parte do indivíduo.  Exemplos temos de repressão, algumas doenças psicossomáticas, tais como asma, artrite, úlcera, etc.  Há também a possibilidade de um cansaço excessivo, uma vez que o indivíduo gasta energia para reprimir o que não quer ver.  Não seria mais útil e producente usar esta energia para autoconhecimento para mudar padrões de comportamento que estão trazendo sofrimento?

Negação: Neste mecanismo o indivíduo simplesmente exclui a realidade.  A negação é a tentativa de não aceitar na realidade um fato que o perturba.  Um exemplo desse mecanismo é quando uma pessoa vai contar um acontecimento, recorda dos fatos de forma vívida, entretanto depois mais tarde pode lembrar-se do incidente de forma diferente e pode dar-se conta de que a primeira vez que contara o fato estava usando da construção defensiva, ou seja, negava as características do mesmo.

Racionalização: Na racionalização o indivíduo redefine a realidade - é o processo de encontrar motivos aceitáveis para pensamentos e ações inaceitáveis.  As seguintes afirmações podem ser consideradas exemplos de racionalizações; as afirmações entre parênteses são as possíveis razões não expressas:

1. "Eu só estou fazendo isto para o seu próprio bem." (Eu quero fazer isto para você.  Eu não quero que me façam isto.  Eu até mesmo quero que você sofra um pouco).

2. "O experimento foi uma continuação lógica do meu trabalho anterior." (Eu comecei com um erro, mas tive sorte quanto ao fato dele ter dado certo).

3. "Eu acho que estou apaixonado por você." (Estou "ligado" no teu corpo, quero que você relaxe e se "ligue" no meu).

Projeção: Com este mecanismo de defesa, o indivíduo "coloca" sentimentos internos no mundo externo.  Esse mecanismo já foi visto em textos anteriores.  Quando critico o outro numa característica que me incomoda é porque também tenho esta característica em mim, mas não a reconheço como minha.  Para características positivas isto também é válido.  Quando elogio ou admiro exageradamente uma característica alheia é porque eu também a possuo, mas não a percebo ou a aceito como fazendo parte de minha personalidade.

Como foi dito antes, esses mecanismos podem e devem, em algumas circunstâncias e com alguns indivíduos, fazer parte de suas vidas.  Entretanto, com o conhecimento de si e do mundo que o cerca, e com a maturidade espiritual, não há mais necessidade de fazer uso deles.

Como a causa de tudo está dentro e não fora de nós, quando conhecemos os verdadeiros motivos de tudo que impele nossas ações, temos como dirigir nossos sentimentos, conseguindo vislumbrar o que é certo fazer e assim decidindo o que é melhor para nosso crescimento interior.

Quando alguém não percebe claramente os sentimentos que antecedem suas ações, altera sua percepção das pessoas e situações, porque está preso num quarto escuro de sua "casa mental" - lá onde forças envolventes o enredam, tirando o comando da vida de suas mãos.

Para que isso não ocorra, devemos fazer de nossos sentidos, nossos aliados, pois que são guias de interpretação de nossa vida interior.

O desconhecimento de nós mesmos nos leva a uma abundância de comportamentos, e, por conseguinte, a uma confusão de "eus" incoerentes.

Mas, devemos nos animar e nos alegrar porque nossos "sentimentos inadequados" são nossos grandes mestres.  Quando temos uma conduta invejosa numa determinada situação, podemos transformá-la em atitude oposta, ou seja, a admiração.  Tudo são uma questão de oportunidade, percepção, vontade e disciplina - a oportunidade Deus nos concede, a percepção que a busquemos com discernimento, e, a vontade e a disciplina que nos habituemos a elas para realizar nossa caminhada ascensional com mais facilidade e consciência.

A conduta invejosa pode nos oferecer uma grande oportunidade para o crescimento íntimo e uma vida mais madura social e espiritualmente.

Os enganos do passado podem se transformar nas virtudes do presente e, se hoje ainda falhamos com disciplina, vontade e conscientização, no futuro, provavelmente, acertaremos.

O texto acabou saindo longo e denso, mas espero que tenham entendido o básico.  Para compreendermos melhor a sensibilidade humana, esses mecanismos são de uma grande ajuda.  A pergunta que fica no ar é: para que preciso de autoconhecimento? Para ter uma vida mais leve, mais tranquila e com a sensação de estar realizando o melhor que posso para caminhar em direção à felicidade e ao objetivo almejado.

Boa reflexão e boa semana!

Até!













 






 

Um comentário:

  1. Não defini se utilizo mecanismos de defesa por imaturidade, fuga, zona de conforto ou covardia.🤔

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