quarta-feira, 31 de maio de 2023

VOCE FAZ USO DO LIVRE ARBÍTRIO?

Olá leitores,

Quando uma pessoa se torna opressora de si mesma podemos fazer uso da expressão corriqueira "fulano/a não precisa de inimigos - ela/ele consegue fazer tudo sozinho/a." Dentro dessa pessoa ocorre uma verdadeira guerra que pode trazer consequências mentais, físicas e/ou emocionais.

Então como nós fazemos isso, porque o fazemos e como nos livrarmos da auto opressão?

A pergunta inicial, fácil de ser respondida, é: quem é que liga e desliga o fio condutor de nossos pensamentos e sentimentos? Somos nós, não é mesmo? Vocês poderiam perguntar: mas eu conheço uma pessoa que faz tudo o que o marido diz para fazer sem questionar.  Essa pessoa usa o livre arbítrio? Eu diria que sim - ela decidiu que faria tudo o que o outro manda - talvez movida por medo, preguiça/comodidade, interesse.  Neste caso, o livre arbítrio está oculto no medo, na preguiça/comodidade, no interesse.  Neste caso até podemos afirmar que ela pode se auto oprimir, porque decidiu entregar seu livre arbítrio para outra pessoa.  Bem, tudo isso ocorre em nível inconsciente.  A dor, o sofrimento que advém de fazer o que o outro quer são reais, ou seja, conscientes.  Esse tipo de pessoa sofre, mas não entende o porquê de tal sofrimento.  Cabe a ela realizar uma análise de sua vida, de sua pessoa, de sua personalidade a fim de descobrir a gênese de sua existência sofrida.

O que dizer da pessoa que faz uso do seu livre arbítrio plenamente - ou seja, o oposto da personalidade anterior? Essa pessoa faz somente o que quer, o que gosta, o que a satisfaça, passando por cima das regras sociais e familiares.  Essa pessoa também é passível de auto oprimir-se?  Eu diria que não - este é mais um caso de egoísmo e orgulho exacerbados.  Ela também terá uma existência sofrida, pois nunca levará em conta a opinião, o sentimento, a ideia dos outros e nós sabemos que, uma vez vivendo em sociedade, há que se obedecer a certas leis, regras do convívio social;  esse tipo de pessoa pode frustrar-se ou até irritar-se frente a alguns contratempos.  Sabemos que muitas vezes, para viver em harmonia devemos acatar opiniões, sentimentos e ideias alheias.

Bem, então que tipo de personalidade está mais propensa a auto opressão?  Bem, são as pessoas que se autocensuram, com sentimentos de culpa, de recriminação, com complexo de inferioridade - são indivíduos irresponsáveis pelo próprio destino.  Este tipo de personalidade é muito parecido com o primeiro tipo apresentado - aquela criatura que não faz uso do livre arbítrio, isto é, nas duas situações são pessoas que não fazem uso de seu livre arbítrio inconscientemente - só que no caso anteriormente explicado ela o faz por medo, interesse e/ou preguiça/comodidade e, neste caso mais complexo, o faz por insegurança, culpa, baixa auto estima, auto recriminação - são como eu chamo de "vítimas profissionais" - os famosos Hardys "ó vida, ó azar" ou aqueles que dizem "tudo eu".

Essas pessoas, tanto o primeiro caso como este caso, são pessoas que ignoram que possuem livre arbítrio e com este a capacidade de mudarem suas vidas. Esses auto oprimidos sentem-se injustiçados pelos outros, são facilmente influenciados  pelo meio externo - pena que são influenciados negativamente, pois não conseguem ver a realidade como ela é.  Só conseguem ver a injustiça que lhes ocorre, então não conseguem ver nada de bom, só de ruim.

Aqui quero fazer um parêntese: lembremo-nos de que irradiamos vibrações ou ondas que se propagam ao nosso derredor.  Nós emitimos aquilo que pensamos e sentimos e outra pessoa que esteja na mesma sintonia, capta nossos sentimentos/pensamentos.  

Pessoas auto oprimidas têm uma vida difícil - possuem dificuldade de enxergar a realidade - não conseguem analisar, discernir e sentir a vida como ela é - lhes falta uma "visão sistêmica" da vida humana.  Como sua capacidade de análise está obstruída elas não conseguem fazer uma síntese de experiências vividas - não conseguem perceber que já realizaram muitas coisas positivas na vida as quais poderiam impulsioná-las em direção a uma existência mais plena.

As doenças psicossomáticas existem neste contexto.

Para cultivarmos a auto opressão basta semear culpas, mágoas, críticas, ilusão, baixa auto estima, dependência, etc. em nosso campo emotivo, intoxicando, por nós mesmos, nossa vida íntima.

Então, como nos livrar da auto opressão? Através do exercício da auto observação analisando nossos pensamentos, emoções, atos e atitudes.  Entretanto, esta visão interior não pode usar de acusações e julgamentos e sim usar da observação imparcial e objetiva.  A verdade deve ser conhecida tal como é.  Quando nos conscientizamos de nossa maneira de pensar, nosso mundo interior fica mais claro e podemos mais facilmente administrar nossas atitudes psíquicas.  Desse modo, aprendemos a raciocinar e nesse raciocínio conseguimos mensurar o tamanho de nossas dificuldades e conflitos existenciais.  É por este motivo que é tão importante ter consciência de quanto ignoramos da vida dos outros e da nossa própria vida.  Quando percebemos que não sabemos tudo, exercitamos a humildade e em exercitando-a há um incentivo na busca do aprendizado e da sabedoria.

Platão, filósofo grego, discípulo de Sócrates, mestre de Aristóteles, tem uma frase muito boa que nos traz grandes reflexões: "As pessoas ignorantes não procuram sabedoria.  O mal da ignorância está no fato de que aqueles que não são bons nem sábios estão, apesar disso, satisfeitos consigo mesmos.  Não desejam aquilo de que não sentem falta."

Quando estudamos a nós mesmos saímos do circuito fechado no qual nos encontramos e nos permitimos desenvolver nossas habilidades que dormitam em nosso mundo íntimo. Quando habitamos o mundo da auto ilusão interpretamos atitudes, fatos, sensações de maneira errônea, tomando-as por coisas completamente diferentes.

E, finalmente, junto à auto-observação, exercitemos a auto aceitação.  Esta deve ser serena e honesta.  Quando admitimos o que somos e o que sentimos, sem nos condenarmos ou punirmos, facilitamos a conscientização de nossos desacertos e de nossa ignorância - e, quando descobrimos as fontes que perturbam nossa existência, poderemos fazer as mudanças necessárias em nossa personalidade para vivermos uma vida mais plena.

E então, você faz uso do livre arbítrio?  Se não, espero que essas dicas possam ser úteis para que você faça uso dele.  

Boa reflexão!






  




 

sexta-feira, 26 de maio de 2023

"O MÉDICO E O MONSTRO"

Olá leitores amigos,

Nesse mês, nosso Clube de Leitura discutiu o livro do escocês Robert Louis Stevenson "O médico e o Monstro". O livro foi escrito em 1886 e, de acordo com a breve biografia do autor contido no livro, ele buscou a inspiração de escrever essa ficção científica num sonho que ele teve.

Em minha opinião, o livro é bem escrito e mesmo sendo curto (86 páginas, na edição integral, Editora Martin Claret), o autor, com maestria, conseguiu situar bem o bairro de Londres, a casa, a rua e os poucos personagens - tudo muito propício ao leitor em usar sua imaginação.  Inclusive, um dos objetivos do clube de leitura é o uso da visualização e da imaginação, o sentir a história e a problemática dos personagens, e esse livro cumpriu bem o seu papel.

Para não tirar a surpresa daqueles que ainda não leram o livro, a resenha do mesmo será mais concisa.

A história trata do bem e do mal e suas implicações no meio social através de dois  personagens principais - Dr. Henry Jekyll, médico e Edward Hyde, seu protegido.  Conforme a história vai se desenrolando, o leitor irá se inteirar da personalidade desses dois personagens principais e compreender, ou melhor, refletir sobre o bem e o mal que se encontra em cada um de nós.

Eu já conhecia a história , embora nunca tivesse lido o livro.  Agora que o fiz, minha compreensão sobre ela completou-se.

Bora ler o livro?

Boa semana!


 

domingo, 21 de maio de 2023

ESTILO DE PERSONALIDADE

Caros leitores,

Hoje, primordialmente, discorrerei sobre o tema Personalidade. No dicionário Aurélio, personalidade é: 1. Caráter ou qualidade do que é pessoal; 2. O que determina a individualidade duma pessoa moral; 3. O elemento "estável" (o grifo é meu) da conduta duma pessoa; seu modo habitual de ser, o que a distingue de outra; 4. Traços típicos; originalidade.  Embora uma das definições coloque personalidade como elemento "estável" acredito que, em realidade, não é bem assim.

Na minha opinião, a personalidade de um indivíduo tende a transformar-se no decorrer da existência.

Para Jung, criador da psicologia analítica, a Personalidade é "a realização máxima da índole inata e específica de um ser vivo em particular.  Personalidade é a obra a que se chega pela máxima coragem de viver, pela afirmação absoluta do ser individual, e pela adaptação, a mais perfeita possível, a tudo o que existe de universal, e tudo isso aliado à máxima liberdade de decisão própria."

Quando crianças temos como que um período onde, por observação (através dos cinco sentidos, ou até pelo sexto sentido, a sensibilidade natural do ser humano), vamos apreendendo novas aquisições para nossa personalidade.

Observamos pais, irmãos, parentes, professores, amigos; também imitamos algumas de suas atitudes para melhor nos adequarmos à  vida que se descortina, ou até mesmo para sermos aceitos como parte dessa  realidade.  Mais tarde, na adolescência começamos a tentativa de compreensão e de triagem daquilo que somos com aquilo que queremos ser.  E é na fase madura, adulta, que nossa personalidade se solidifica.  Mas, isto não quer dizer que não mais nos transformaremos até o fim da existência; apenas quer dizer que essa transformação poderá ser mais trabalhosa, dependendo das características de nossa personalidade  (flexibilidade, orgulho [teimosia], crença, rigidez, etc.).

Bem, voltemos agora nosso olhar à fase infantil.  Jung considera que "a psicologia  dos pais e educadores é de importância decisiva no processo de crescimento e do amadurecimento da criança,..." Muitos pais acreditam que a criança deva ser direcionada à força para determinadas atividades.  Assim, a criança de hoje tem uma agenda atribulada - escola, lição de casa, balé, inglês/idioma, esportes, instrumento musical, informática, etc.  Alguns creem que se devam oferecer todas as alternativas e então a criança poderá escolher aquilo que quiser; outros creem que se ela não tiver todas essas atividades, ela estará se atrasando ou se desatualizando em relação às outras crianças.

Pais têm a importante tarefa de conduzir filhos nesta vida em direção ao seu crescimento pessoal/espiritual.  Para esta empreitada eles devem usar de todos os meios para observar, compreender, ajudar, ensinar seus filhos.  Entretanto, devem fazer isso dando liberdade para que seus filhos possam dar os primeiros passos - a ideia é ajudá-los a andar e não andar por eles, ou até mesmo querer que eles andem por cima dos pés paternos/maternos.  Jung afirma que "a personalidade jamais poderá desenvolver-se se a pessoa não escolher seu próprio caminho, de maneira consciente e por uma decisão consciente e moral."

Como pais e adultos já temos noção do que é bom para nossos filhos, mas há pais que são por demais severos, onde sua autoridade é exercida sobre os filhos de forma tirânica.  Devemos dosar nossas atitudes para com os pequeninos, usando de bom senso.  Também há pais que, ao contrário, relaxam essa vigilância acreditando que a criança tem capacidade total para escolher ou fazer o que bem entender - e então essa criança poderá, no futuro, sentir-se abandonada, rejeitada.  Temos que seguir o caminho do meio.

Num jogo de tentativa e erro a criança observa, tenta copiar, muitas vezes se engana, se confunde, tenta novamente até conseguir.  Ela erra, mas aprende.  Pais são necessários nestes momentos de erro - podem emitir opiniões, sugestões, oferecer auxilio.  Os pequeninos aprendem a viver neste mundo, também através da manipulação, - apalpar, pegar, mexer, reconstruir, desfazer, etc.  E é neste rol de atividades que eles compreendem, memorizam, selecionam e raciocinam.  Foi assim que todos nós aprendemos até chegar aqui.

Assim, no caminhar da criança são muito úteis, o elogio ou o aplauso como estímulos para o seu crescimento tendo cuidado nos exageros, para não criar um adulto com valorização ilimitada e confiança exagerada em seus potenciais internos.  Claro que um elogio merecido e sincero realça o valor do que foi feito e também encoraja a dedicação e a força de vontade na realização do ato.  Crianças que foram educadas à base de medo, ameaças e  coerção têm em  seus futuros uma existência social desastrosa.

Hammed, um pensador,  afirma que adultos que possuem um "estilo de personalidade" baseado na insegurança, com ares de "nunca estar agradando ou satisfazendo" tiveram pais autoritários, tirânicos, muito exigentes e severos, causando sensação de inferioridade no ambiente familiar.  Esses indivíduos possuem, inconscientemente, uma sensação inexplicável de inadequação e submissão, uma mentalidade medrosa e acanhada.  Vivem na dependência do que os outros pensam deles e buscam elogios e a aprovação que não tiveram quando crianças.  Eles possuem baixa autoestima, não têm confiança em si mesmos e com isso outros têm o controle sobre eles.  Assim, precisam muito da aprovação dos outros para compensar as carências de seu mundo interno.  Para resumir, Hammed afirma que "o adulto que vivenciou na infância um regime de disciplina severa e de insuportável prepotência por parte de parentes pode desenvolver uma personalidade de "excessiva solicitude", zelo e cuidado, buscando constante aprovação dos outros." Por outro lado, Jung afirma que "Alguém que se baseia num relacionamento positivo com os pais encontrará pouca ou nenhuma dificuldade em relacionar-se com o outro;..."

Tomemos como exemplo a criança birrenta ou chorona que é assim para suprir sua necessidade de carinho e atenção.  Ao tornar-se adulta, se ela continuar a manipular os outros para conseguir zelos e cuidados, poderá estar fazendo um desserviço à sua própria evolução, pois estará fazendo uso de uma maneira inadequada de se relacionar.  Os princípios vitais de qualquer relação humana, ou seja, a espontaneidade e a sinceridade estarão sendo deixados de lado.  A manipulação pode ter sido útil em alguns momentos de sua vida, mas ao crescer, essa atitude não só lhe causará desencontros, falsidade, raiva e frustração no convívio com os outros, como também impedi-la de encontrar maneiras saudáveis e maduras de convivência.

Bem, parece que deu para ter uma ideia de estilos de personalidade diferenciados.  Muitas atitudes nos foram formadas a partir da infância e de nosso relacionamento com outras pessoas, entretanto, sempre podemos realizar modificações em nossos comportamentos e concomitantemente em nossa personalidade, uma vez que nos conscientizarmos que determinadas atitudes não nos fazem bem.  Nesse quesito o autoconhecimento é imprescindível. 

Boa reflexão!



 







 

sábado, 13 de maio de 2023

CLAREZA DE PENSAMENTO

 Olá leitores,

Hoje falaremos sobre a clareza de pensamento - as palavras já o dizem - a pessoa tem os pensamentos claros, tudo flui, ela é simples, todos a compreendem, ela fala pouco e o pouco que fala é compreendido por todos e todos podem usufruir de seus pensamentos - enfim ela é autêntica, clara, verdadeira.  Não confundir aqui a pessoa verdadeira com a verdade.  A pessoa verdadeira é aquela que diz o que pensa, que é coerente com seus princípios, mas que pode estar equivocada quanto à verdade em algumas circunstâncias.

Um pensador, Hammed, afirma que clareza de pensamento é uma característica das pessoas que tratam as "coisas simples com a merecida importância e as coisas importantes com a devida simplicidade". Parece difícil de entender, não é mesmo? Então vamos destrinchar essa ideia.  Vamos buscar um exemplo.

Imaginemos uma pessoa que possua um alto cargo numa empresa e suponhamos que essa pessoa possua a característica da clareza de pensamento.  Então, ela tem na casa dela um jardim, onde ela cuida dele com grande importância, ou seja, rega três vezes por semana se não há chuva, separa um dia por mês para aparar a grama, podar as árvores, arbustos e flores, coloca adubo e vitaminas onde for necessário e quando pode e o tempo está bom, senta-se no banco do jardim para meditar, ler, admirar seu jardim e os pássaros - essa pessoa trata as coisas simples (o jardim) com importância.  No trabalho junto à empresa, essa pessoa trabalha com afinco, seriedade, disciplina, delega tarefas que não necessitam de sua presença, explicando/ensinando o que devem fazer.  Quando surgem contratempos, contrariedades, enfim problemas a resolver, ela os resolve com simplicidade, calma, paciência, sabendo que tudo se resolverá a seu tempo. Ela trata as coisas importantes com simplicidade.

Aqui podemos ter ideias diferentes - a importância de cada coisa somos nós que nomeamos e esta história em realidade poderia estar invertida, ou seja, o jardim não seria mais importante que o trabalho na empresa? Embora saibamos que tudo muda, que nada é permanente, será que o jardim não é mais durável/permanente que a empresa? Ou será o contrário? Bem, é óbvio que depende da importância que damos a um e outro e, dependendo dessa importância, aquele que eu cuidar melhor durará mais/estará em melhores condições, certo?

Bem, este é um exemplo prático que não traz nuances mais detalhadas sobre a vida desse indivíduo - falamos apenas de duas facetas de sua vida.  Na realidade ele parece uma pessoa perfeita, mas não se falou se tinha problemas com a família, com os filhos, com os amigos, com sua saúde, etc.

Agora tentemos mesclar essas duas características, a da pessoa autêntica com a da pessoa que trata as coisas simples com importância e as coisas importantes com simplicidade.  Imaginemos então uma pessoa ideal, que coloca as coisas nos seus devidos lugares, tolerante, paciente, possuidora de uma fé construtiva, enfim uma pessoa praticamente quase sem defeitos, buscando fazer o melhor que pode em todas as circunstâncias e que mais que tudo, sabedora de que está no mundo para aprender, ensinar, trocar vivências com seus semelhantes e buscar uma melhoria de si mesma.  Essa pessoa não seria a união dessas duas características citadas no início do parágrafo?

Blaise Pascal, escritor francês, matemático, filosofo do século XVII afirma o seguinte: "A eloquência é a arte de dizer as coisas de tal maneira que aqueles a quem se fala possam entendê-las sem esforço, cansaço, nem dificuldade, antes com interesse e prazer suficientes para que o amor-próprio os leve de boa vontade a refletir sobre elas."

Na psicologia há um mecanismo de defesa chamado compensação - este leva o indivíduo a desenvolver certas atitudes para suprir suas supostas deficiências.  Daryl Sharp em seu livro "Léxico Junguiano", afirma que a compensação é um processo natural para estabelecer ou manter o equilíbrio dentro da psique.  Muitas pessoas acreditam que para expressarem qualquer tipo de mensagens, tanto na fala como na escrita precisam usar frases empoladas juntamente com pomposo conhecimento ou literatura exibicionista.  Será que talvez estas pessoas não estejam compensando seu sentimento de baixa estima? Talvez elas achem que se falarem ou escreverem de maneira mais difícil elas serão mais aprovadas pelos outros.

Para resumir os dados de hoje sobre a clareza de pensamento, pode-se dizer que "o segredo da libertação de todos os males está na autodescoberta e na aceitação de si mesmo." Não devemos evitar olhar para nossas imperfeições, achando que se não as percebemos elas nos abandonarão.  Ao contrário, quando não as percebemos, elas dirigem a nossa vida e até podemos viver satisfatoriamente, mas esta satisfação será temporária e precária.  Olhando para elas de frente, não necessitaremos compensá-las, ou até projetá-las nas pessoas e na coisas.

Ao agir autenticamente, nossa vida fica ao nosso alcance no âmbito consciente e assim podemos transformar nossas deficiências em atitudes positivas.  Quanto mais mudamos interiormente de maneira positiva, mais crescemos.  Conforme vamos crescendo e amadurecendo espiritualmente, nossos pensamentos vão se tornando mais claros, mais simples, buscando importância nas situações, coisas e pessoas em nosso dia-a-dia. Para que nossas deficiências sejam mudadas/transformadas, elas necessitam antes de tudo, serem corajosamente aceitas e entendidas.

Hoje se falou na clareza de pensamento através da maneira como nos comunicamos.  Ela também é passível de análise.  Perguntemo-nos: somos claros ao expor um problema? Ou somos prolixos, nos perdendo na fala e nosso interlocutor também fica perdido? Falamos com doçura, calmamente, com voz no tom adequado ao local da comunicação? Ou falamos com pressa, comendo letras e palavras, ou até aos gritos, achando que os outros não nos entendem? O nosso modo de comunicação condiz com nosso íntimo. Uma das maneiras de suavizar nossa vida interior é aprender a falar com clareza, calma, com vagar, paciência.  Ou então, no caminho do crescimento aprendamos a ouvir primeiramente para depois falarmos melhor. Pensemos nisso!

Boa semana!




 


quarta-feira, 3 de maio de 2023

BEN-HUR

Caros leitores,

Em janeiro, no meu aniversário meu marido presenteou-me com um livro - minha eterna paixão!

Ao desembrulhar o presente, tive uma ligeira decepção momentânea.  O livro era Ben-Hur. Eu tinha assistido ao filme, a nova versão, não aquela estrelada por Charlton Heston - esta versão mais antiga, fiquei sabendo que muitos cavalos haviam sido mortos durante as filmagens.  A versão mais moderna pôde-se usar efeitos especiais computadorizados e esta "matança" involuntária não ocorreu.

Como não tinha apreciado tanto assim o filme, imaginei que o livro também poderia ser meio entediante.  Mas, um livro é um livro e eu, praticamente, leio tudo o que me cai nas mãos - então, comecei a lê-lo.

Todas as histórias, filmes, livros que têm relação com Jesus Cristo eu me interesso - sou apaixonada por esse personagem da história - traz diretrizes para viver com dignidade, responsabilidade e bem estar interior.  O título completo do livro é "Ben-Hur - uma história dos tempos de Cristo".  Sendo assim, como meu marido sabe dessa admiração que tenho por Jesus, ele deve ter escolhido esse livro como presente para mim por causa do subtítulo.

Felizmente li o livro.  Ele é muito bem escrito, de longe melhor que o filme (aliás, como todos os livros quando são transpostos para a tela). O livro é da Editora Amoler e foi lançado em 2022, com uma bela encadernação, bonita capa azul, acompanhando um marca página com o mesmo motivo e cor da capa.  Felizmente o interior do livro  também é bom (não só a capa). Parabenizo a tradutora  Tássia Carvalho pelos inúmeros rodapés com os dados históricos e geográficos - ficamos conhecendo melhor aquela região onde se passa a história.  Outro detalhe que me chamou a atenção foi a descrição das paisagens dos locais - não imaginava que aquela parte do globo fosse tão formosa em sua natureza - há descrição das flores, das árvores, principalmente as frutíferas, e seus aromas particulares - talvez àquela época esses locais fossem mais bonitos do que na atualidade.

O livro foi escrito em 1880 por "Lew Wallace (1827-1905). Ele foi um escritor, militar, advogado e diplomata dos Estados Unidos.  Na carreira militar e política, serviu na Guerra de Secessão (com as forças da União), foi governador do Território do Novo México (1878-1881) e ministro encarregado de negócios na Turquia (1881-1885)."

"Há algumas lendas sobre a fé do general Lew Wallace e sobre como escreveu um romance épico religioso.  Mas o próprio autor conta - no prefácio de seu livro "O primeiro Natal" (1899) - que foi apenas depois de uma conversa no trem com o agnóstico Robert G. Ingersoll que percebeu que precisava conhecer mais sobre sua fé, pois apesar de ter frequentado a Igreja Metodista ao longo de sua vida, sempre foi indiferente à religião e possuía poucas certezas sobre o assunto.  Resolveu então escrever um livro para ter uma motivação a mais para o estudo das Escrituras, o que resultou em sua obra-prima, "Ben-Hur - Uma história dos tempos de Cristo (1880)", e em "uma convicção que representa a crença absoluta em Deus e na divindade de Cristo." (transcrito da orelha da capa de trás do livro).

Eu recomendo esse livro para quem gosta de histórias de aventura e, embora seja considerado um livro épico, ele também traz muitas reflexões.  Ele inicia com a visita dos três reis magos à Jesus - e no decorrer da história, o protagonista, Ben-Hur, encontra-se com o Cristo em duas ocasiões. Jesus e Judá Ben-Hur são contemporâneos e praticamente têm a mesma idade.

O tema central da história é um amigo traído buscando vingança.  Entretanto, há muitas surpresas até o final.

Bora ler o livro?

Boa semana.






 

VISITA A SÃO PAULO

Caros leitores, Este ano, em nossa ida para Sampa para visitar amigos que lá deixamos, visitamos 15 pessoas.  O ano passado ficamos 6 dias e...