Olá leitores,
No dicionário Aurélio, Liberdade é:
1. Faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a sua própria determinação;
2. Poder de agir, no seio duma sociedade organizada segundo a própria determinação, dentro dos limites impostos por normas definidas;
3. Faculdade de praticar tudo o que não é proibido por lei;
4. Estado ou condição de homem livre;
5. Independência; autonomia;
6. Permissão, licença;
7. Confiança, familiaridade, intimidade (às vezes, abusiva).
A liberdade, na ciência é a possibilidade da experimentação e o uso concomitante do raciocínio; na filosofia é o uso do bom senso; na religião é o discernimento; na arte, a liberdade é a inspiração e o uso da originalidade e, na sociedade é a igualdade e a solidariedade.
No dicionário Aurélio, controle é:
1. Ato ou poder de controlar; domínio, governo;
2. Autodomínio físico e psíquico;
3. Equilíbrio.
E controlar é:
1. Exercer o controle de;
2. Submeter a controle;
3. Manter o controle, conter-se, dominar-se.
E onde controlado é:
1. Submetido a controle;
2. Que tem controle;
3. Comedido, moderado;
4. Ponderado, prudente.
O reverso daquele que é submetido ao controle, o controlado, é o controlador. Esse indivíduo é o ponto central do texto de hoje. "Controladores" são criaturas que tentam fazer a vida acontecer do jeito que elas querem. Usam de simulações conscientes ou inconscientes e forçam os eventos de suas vidas a acontecerem quando e como desejam. Muitas vezes realizam suas "artimanhas" em segredo, usando técnicas indiretas. Agem sutilmente, educadamente e de maneira dócil e quase nunca são identificadas como "controladores". Em muitas circunstâncias não têm consciência do que fazem - é um hábito, um comportamento a que estão acostumadas. Vivem dessa maneira, sentem-se razoavelmente confortáveis com essa atitude, mas o que elas não sabem é que esse modo de ser faz-lhes mais mal do que bem. Em toda essa estratégia usada, há muito desgaste de energia, onde acontece a incapacidade de relaxar, a impaciência e a impossibilidade de "ficar sem fazer nada" - não conseguem meditar, ouvir uma boa música, admirar uma paisagem, ler um bom livro, ouvir seus interlocutores numa conversa.
O que os "controladores" não imaginam é que para dominarem os outros e o ambiente, eles necessitam viver distanciados de seus próprios sentimentos, pois eles creem inconscientemente que os mesmos poderiam deixá-los fracos, vulneráveis frente aos outros. Então acham melhor não se arriscar a mostrar o que sentem realmente. Preferem ter o poder sobre os outros e não que os outros tenham poder sobre eles. Se demonstrarem o que sentem podem vir a ser usados, desmascarados, maltratados e desse modo pode existir a possibilidade de qualquer pessoa ter poder sobre eles. Eles cuidam para ter sempre as rédeas da vida em suas mãos e então necessitam ordenar tudo e todos.
Há controladores mais fáceis de identificar - são duros, diretos, estão sempre dando ordens, são imponentes e possuem uma "aura" de poder e podem até ser temidos pelos incautos. Mas, há controladores difíceis de identificar como tais - são os que se fazem de vítima. Poderosos controladores, estes usam como recurso a "máscara da fragilidade". Mas na realidade, essa é uma outra tática para obrigar o outro "a fazer o que eles querem que seja feito."
Há algumas atitudes mentais que fazem parte da vida psicológica dos "controladores":
- Como sentem um vazio interior, controlam para satisfazer suas "falsas" necessidades de poder;
- Para se protegerem de uma possível humilhação, fazem com que se sintam respeitados (e muitas vezes, odiados) através do controle;
- Como se consideram socialmente inadequados (e muitas vezes, realmente, o são), fortalecem, pelo controle, seu desejo de impressionar terceiros;
- Receiam ser rejeitados, magoados, ridicularizados.
Como são inseguros, temem ser controlados (manipulados), obrigados a fazer o que não desejam ou temem ficar sobrecarregados com enormes responsabilidades. Assim "atacam" antes que os outros os ataquem; impõem-se aos outros antes que esses os controlem. Como na maioria das vezes não sabem que são inseguros ou que sentem medo, dominam os outros e as circunstâncias para amenizar ou, até "resolver" conflitos íntimos.
A maior ilusão de nossa vida é acreditar que podemos controlar a vida alheia. No afã de acreditar que somos livres quando controlamos os outros, fazemos exatamente o contrário. Imposição é o oposto da liberdade e esta elimina a independência do dominado e também daquele que domina, ou seja, nos tornamos dependentes daquele que dominamos.
A verdadeira libertação chama-se autocontrole. Atenhamo-nos a controlar a nós mesmos - nossas energias devem ser gastas para nossa evolução emocional, intelectual e espiritual. Não desgastemos nossas energias para comandar a vida dos outros.
A vida não deve ser um Comandar X Ser Comandado. Aqueles que "mandam", ou seja, que estão numa posição de autoridade devem tratar os outros com bondade e benevolência, porque são seus iguais frente a Deus. Devem usar de sua autoridade para erguer a moral alheia e não para esmagá-la com seu orgulho. Aqueles que são "controlados" devem compreender que quando delegam o controle de suas próprias vidas a outra pessoa, seja ela quem for (pais, filhos, cônjuges, namorados, parentes, amigos, chefes) estão renunciando ao mais importante direito inato: a liberdade. Sem ela, o livre-arbítrio não existe - a liberdade pressupõe auto respeito, dignidade e escolha. Quando não nos valorizamos, nos julgamos um "nada" frente ao mundo, com essa sensação virá um sentimento de grande vazio na alma, uma sensação de "não ser".
Finalizo com uma frase de Victor Hugo que aqui cabe ao nosso propósito: "O pior uso que se pode fazer da liberdade é abdicar dela."
Boa reflexão!
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