Caros leitores,
Domingo passado assistimos no cinema, meu marido e eu, um filme muito bonito, comovente, que me trouxe uma reflexão interessante, sobre uma circunstância que eu nunca havia dado importância. Conforme vamos enfrentando altos e baixos da existência, nossa mente, com o passar dos anos vai ficando mais aguçada e, nossas reflexões vão nos tornando mais sábios, se é assim que ouso me expressar. Claro está que o exercício constante da leitura, o assistir a filmes e documentários e palestras sobre temas gerais, sem contar com encontros e conversas com amigos, nos trazem uma miríade de ideias e reflexões. Nosso raciocínio fica mas apurado e muitas coisas que não faziam sentido, hoje o fazem.
O filme que me trouxe uma elucidação de um fato foi "Uma Vida - A História de Nicholas Winton". Aí vai um pequeno resumo transcrito literalmente de uma resenha de uma sala de cinema:
"A história real de Nicholas Winton, que, em 1938, visitou Praga e se deparou com famílias vivendo em condições extremamente precárias e sob a constante ameaça de uma invasão nazista. Em uma corrida contra o tempo, Winton e um improvável grupo de apoio trabalharam incansavelmente para resgatar o maior número de crianças possível antes do fechamento das fronteiras. Em 1988, Winton vive assombrado pelo destino das crianças que não conseguiu levar em segurança para a Inglaterra. Somente após um reencontro surpreendente com algumas dessas pessoas resgatadas, ele finalmente começa a se reconciliar com a culpa e o sofrimento que carregou por cinco décadas."
A película começa com a esposa do protagonista pedindo para o marido arrumar a "bagunça" do seu escritório em casa (muitos livros jogados, papéis e pastas para todos os lados - parecido com o escritório do meu marido em casa...). Havia uma pasta de couro jogada numa gaveta que a esposa disse peremptoriamente: "Dê um fim nisso..."
Essa pasta continha um álbum com todos os dados e fotos das crianças que ele havia resgatado de Praga (na antiga Tchecoslováquia, hoje República Tcheca) e também seus nomes e as famílias as quais elas haviam sido entregues.
Numa reviravolta do filme ele acaba entrando em contato com um importante jornal da Inglaterra e, com essa pasta em punho, sua história é contada num programa de TV.
Assim ele consegue reencontrar muitas das crianças, hoje adultos com mais de 50 anos de idade aproximadamente, e ele com 80 anos de idade nesse período.
No início do texto afirmei que tive uma reflexão de uma ideia a qual não havia pensado antes. Pois bem. Essa ideia é a seguinte: atentemos para a importância de documentos antigos - se ele não tivesse guardado a pasta, ele não poderia ter encontrado as "crianças" do passado e por conseguinte não aliviaria sua culpa e talvez nem teria vivido até os 106 anos, como ele viveu. Sua convivência com elas após tê-las encontrado durou até o fim de sua vida.
Sua culpa se devia ao fato de que o último trem com mais uma "carga" de crianças não conseguiu sair de Praga - os nazistas fecharam a fronteira e elas e seus pais pereceram nas câmaras de gás. Entretanto ele havia resgatado 699 crianças.
Outro detalhe importante que me chamou a atenção é que famílias inglesas se dispuseram a adotar essas crianças resgatadas e nenhuma delas ficou sem uma família/um lar, pois os pais/os adultos não foram resgatados - somente as crianças.
O filme é realmente muito comovente (baseado em fatos reais, e ao final aparecem as fotos dos protagonistas reais). Eu recomendo e como diz o título "One Life" - "Uma Vida" vai de encontro à citação originada do Talmude Judaico "Quem salva uma vida salva o mundo inteiro".
Boa semana!
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