Olá leitores,
Atualmente, em nossa querida Terra estamos passando por muitos momentos de revolta; diria que é quase impossível alguém que esteja ciente dos fatos não ter seu momento de revolta por alguma coisa. Então, achei um texto de uma palestra que ministrei em outubro de 2019 numa instituição espiritualista sobre o tema. Ela foi baseada num livro de Ermance Dufaux, sendo assim partes desse texto em itálico são de autoria dela. Talvez ele possa elucidar um pouco esse sentimento, quase uma emoção, e trazer reflexões e algumas sugestões para amenizá-la, se é que isso é possível...
Comecemos a compreender o sentimento da revolta.
Revolta: 1. Manifestação (armada ou não) contra autoridade estabelecida; levante, levantamento, motim, insurreição, rebelião. 2. Grande perturbação moral causada por indignação, aversão, repulsa.
Revoltado: 1. Rebelde, insubmisso, indignado. 2. Bras. Diz-se de pessoa inconformada, que se sente alvo de injustiça ou de preterição.
Dufaux inicia seu ensinamento trazendo uma ideia positiva sobre a revolta.
"Revolta é um sentimento que faz parte do grupo das emoções mobilizadoras que, na ecologia emocional, são as emoções cujas finalidades luminosas são: agir, entrar em atividade, realizar e criar alternativas sadias diante daquilo que não se concretiza conforme sua vontade ou intenção. Em outras palavras, ela serve para motivar a busca de soluções, quando as coisas na vida não acontecem como você necessita ou deseja."
Essa função da indignação, da revolta, denota a nossa não indiferença com os fatos da vida. É saudável reconhecermos situações com as quais não concordamos principalmente se as mesmas não estão de acordo com o que pensamos. A apatia não é um bom sentimento quando estamos a caminho de nosso crescimento espiritual. Ao contrário, devemos estar atentos às coisas que ocorrem ao nosso derredor e em nossa sensação/reação em relação a elas. Em nossa jornada ascensional essa atitude atenta nos auxilia a entendermos o que ainda precisamos mudar para nos sentirmos mais felizes e pacíficos.
Entretanto, a revolta também pode trazer, em contrapartida, sensações/reações de insatisfação, de contrariedade. Muitas vezes, há a dificuldade de digerir o ocorrido e por causa disso, a perturbação emocional que advém do fato, pode nos levar "a caminhos interiores muito dolorosos."
A revolta, nesse contexto, "é uma das expressões da mágoa que sustenta a raiva embutida diante das situações e que, se não for tratada, pode prolongar-se por uma vida inteira em um sentimento de fixação tóxica e desgastante." Nesse momento aparecem a irritação, a teimosia, o mau humor, a ansiedade - estados estes que repercutem também no corpo físico.
"No corpo físico, uma das regiões propensas a sofrer os efeitos dessa energia destrutiva é a região da garganta, que sofre com doenças respiratórias, causando, na maioria das vezes, uma sensação de sufocamento. No campo psíquico, a revolta é, sem dúvida, um dos caminhos para a depressão e doenças afins."
Para algumas pessoas, "a revolta é uma dificuldade que se tem para assumir uma raiva contra si mesmo, por não ter feito boas escolhas, não ter acertado o quanto gostaria ou não ter planejado os caminhos mais apropriados para suas metas e sonhos."
A função da revolta não é ficamos presos com essa dor, ao contrário, sua finalidade em nossa vida é tomarmos atitudes na vida prática, buscando rever comportamentos que possam ser modificados no que diz respeito à nossa maneira de ver a vida, nosso passado e a nós próprios.
Assim, "a revolta é um pedido de revisão de conceitos, de interesses, costumes e, sobretudo, de atitudes." Mudanças em nossas vidas trazem a libertação de situações que impedem nosso crescimento - muitas pessoas podem não concordar com essa assertiva, pois se tem a impressão que as mudanças nem sempre são para melhor, entretanto, acreditamos nas leis divinas onde "nada acontece por acaso", pois por causa da sintonia, do magnetismo, somos atraídos para as situações que precisamos exatamente para modificar certos comportamentos e hábitos e assim continuar evoluindo. Ou como diria melhor o pequeno príncipe de Saint-Exupéry " precisamos dos problemas por causa das dádivas trazidas por eles" (mais ou menos isso).
Esses processos de mudança num primeiro momento podem trazer estranheza, certo desequilíbrio e às vezes até tristeza que aparentemente não nos pertence. Contudo, existem hábitos/comportamentos perniciosos que estiveram conosco por muito tempo que nos estranhamos quando há uma mudança, e podemos até sentir certo vazio quando esse comportamento/hábito não existe mais em nós.
Essa mudança libertadora deve vir acompanhada do perdão. Dufaux afirma "perdoar, sobretudo, você mesmo, reconhecendo sua parcela de responsabilidade nos seus dissabores e desgostos, e tocar sua vida para frente. Se você se soltar dessas amarras de seu passado e de sua forma de ver as coisas, sua vida será bem melhor."
Quando nos revoltamos ficamos como que "cegos" para a realidade que nos cerca, imersos em nosso ego acreditando que a maneira que pensamos é a melhor e a única - nos fechamos para o mundo, não refletimos - é como se tivéssemos escamas em nossos olhos que nos impedem uma visão renovadora.
Quando mudamos nosso foco, nosso comportamento, podemos compreender que a revolta apenas quer nos mostrar um novo caminho. Lembremo-nos de que nem sempre as coisas precisam ser do nosso jeito.
"Tempos ruins também passam. Tudo pode mudar, dependendo do seu olhar."
Boa reflexão!
Até!