quarta-feira, 12 de junho de 2024

HONRAR PAI, MÃE, FAMILIARES, AMIGOS?

Caros amigos,

Hoje inicio relatando uma história.  Um rapaz tendo um casamento marcado sente-se infeliz com relação à pessoa com quem vai casar.  Quando indagado porque não o desmarca, responde que não deseja decepcionar pais e convidados.

Essa situação é mais comum do que imaginamos.  Num passado não tão distante, qualquer pessoa não tinha liberdade de se casar com quem desejasse (ainda é assim em alguns países).  Era necessário manter tradições em família.  Até há bem pouco tempo atrás ainda nos lembramos do casamento do Príncipe Charles com Diana Spencer/Lady Di.  Eles foram os primeiros da realeza do Reino Unido a divorciarem-se publicamente, sem que isso significasse um escândalo (ou não?).  Assim, na história temos muitos exemplos onde não havia a liberdade de escolha.

Entretanto, hoje em dia ainda temos pessoas que acabam se casando por conveniência, por tradições familiares, pelo desejo ou até imposição dos pais.  Muitas pessoas ainda escolhem e planejam "sua existência conforme os interesses, gostos e opiniões de familiares e amigos, relegando para último plano seus desejos e sentimentos mais sagrados."

Com a desculpa de honrar seus pais e respeitar amigos e familiares, muitas pessoas passam por cima de seus interesses e necessidades pessoais em nome de um falso amor - amor este que lhes trazem muito desgaste e sofrimento.

Nossas decisões e questões íntimas são intransferíveis.  Nossos valores, tradições e opiniões podem ser diferentes das tradições, valores e opiniões de nossos familiares e amigos.  Isso não significa que sejam melhores ou piores - apenas que são diferentes.  Algumas vezes o que os outros querem para nós pode não servir para nós.

Todos nós, sem exceção, queremos ser felizes - buscamos a felicidade e muitas vezes, fazemos escolhas equivocadas nessa busca e elas nos levam para o caminho oposto - ou seja, ficamos em desarmonia e esta nos traz infelicidade e depressão.  Para que possamos viver felizes o quanto merecemos (e todos nós o merecemos) de acordo com as leis do universo, para permitirmos o fluir desse direito à felicidade, não há como tentar agradar a todos ou fazer as coisas com base no que os outros vão pensar ou dizer.

A palavra de hoje é CORAGEM! Há que assumir a direção de nossa vida e responder pelas consequências de nossos atos e decisões.  A vida de qualquer pessoa é feita de escolhas, lembrando que quando não se escolhe, os outros o fazem por nós e as consequências, como já foi dito, podem trazer dor.

Somos seres dotados por Deus de livre arbítrio e devemos usar de nossa coragem para fazer uso dele.

Quando outros escolhem para nós a vida que eles acham ideal para nós, num primeiro momento, pode trazer certo alívio, principalmente se formos pessoas mais passivas que ativas.  Mas, com o tempo essa "muralha de segurança" cai por terra. Às vezes achamos que quando nos omitirmos de tomar certas atitudes, achamos que essa maneira de viver não trará sofrimento.  Ledo engano! Não há como negar que a omissão perante a vida pode também trazer aprendizado. Afinal de contas, através do sofrimento também aprendemos o que não devemos fazer, no caso a tal omissão, para vivermos em harmonia.

Entretanto se já estamos aprendendo que nos omitirmos de nossas responsabilidades traz, no futuro, dor e sofrimento, que tal colocarmos mãos à obra e começar hoje a agir em prol de nossa vida?

Para tanto, Anselm Grün, um monge alemão, nos sugere um exercício de reflexão com perguntas para fazermos a nós mesmos que nos ajudam a perceber o nosso grau de liberdade em relação aos outros:

"Você se sente interiormente livre? Em relação a quais pessoas você sente que não pode ser como realmente é? Em que aspectos ou condições você se deixa levar a situações sem saída?

Em que ponto os outros aspectos exercem poder sobre você? Reflita sobre os encontros com pessoas junto às quais você não se sente livre.  Como seria a conversa se você fosse inteiramente livre, se realmente dissesse o que está em você, se não se deixasse determinar pela pressão das expectativas alheias?"

Aquele que se entrega ao autoabandono nega seus propósitos e suas intenções na roda da vida.

Evitemos o autoabandono.  Honrar pai, mãe, familiares e amigos não é ser quem eles gostariam que você fosse - é ser quem você gostaria de ser, arcando com a responsabilidade de seus atos, vivendo a vida seriamente. Você é um ser único - não há no universo nenhum ser igual a você.

Então o que é honrar/amar pai, mãe, familiares, amigos...? É estarmos sempre gratos por tudo o que fizeram, gratos por eles existirem e terem cruzado nosso caminho em nossa existência.  Mas devemos reservar o direito de conquistarmos nossa autonomia e deixarmos claros a eles que seremos quem queremos ser e não preencher a expectativa deles de como deveríamos ser.

Apenas siga o seu caminho. Liberte-se de querer agradar a todos e faça o seu melhor.

Boa semana e boa reflexão!


 

Um comentário:

  1. Sensacional a escolha desse tema Sonia.
    Se fossemos mais corajosos para ir em busca da nossa felicidade, creio que evitariamos muitos desacertos familiares. Os desgastes e infelicidades seriam bem menores.
    Honrar a família sim, mas, se amar, resolveria muitos problemas.

    ResponderExcluir

VISITA A SÃO PAULO

Caros leitores, Este ano, em nossa ida para Sampa para visitar amigos que lá deixamos, visitamos 15 pessoas.  O ano passado ficamos 6 dias e...