sábado, 26 de julho de 2025

VISITA A SÃO PAULO

Caros leitores,

Este ano, em nossa ida para Sampa para visitar amigos que lá deixamos, visitamos 15 pessoas.  O ano passado ficamos 6 dias e neste ano ficamos 7 dias.  Foram dias de muito movimento - o bendito metrô nos levou para muitos bairros - Chácara Santo Antônio (zona sul, meu ex-bairro - dois dias) não deu para colocar todos os amigos deste bairro no mesmo dia; Sumaré, Pinheiros, Barra Funda, Av. Paulista, São José dos Campos (rodoviária Tietê), Campo Belo, Centro da cidade.

Chegamos na quinta à noite depois de dez horas na estrada (ficamos parados duas horas devido a um "pane" no sistema do pedágio em Miracatu). O ônibus não paga pedágio pois está incluído na passagem, mas como "passar por cima" de carros, motos e caminhões? Sendo assim, a chegada  ao hotel às 20 horas (era para chegar o mais tardar 17.30 hs.) foi muito desagradável.

Na sexta feira, o dia seguinte da chegada, visitamos 6 pessoas - duas pessoas no café da manhã (casal adorável com gatos mais adoráveis...), duas pessoas no meio da manhã no sebo "Ao pé da letra" - parada obrigatória; fizemos um pacote de livros que o dono do sebo, grande amigo de longa data, enviará pelo correio.  Almoçamos com uma pessoa que eu não via desde os meus 18 anos aproximadamente - foi "resgatada" do CPP (Clube Paulista de Patinação) dos meus tempos de patinação. Tanto eu quanto ela relatamos nossas vidas (trabalho, família, casamento, filhos) desde essa época até hoje. Foi bem interessante!

No final da tarde desse dia marcamos com outra amiga na padaria na rua Vergueiro, perto do hotel onde estávamos hospedados.  Sempre ficamos no hotel Ibis Budget por estar ao lado da Estação Paraíso do metrô.

No sábado eu fui tomar café da manhã na casa de uma amiga no Butantã, enquanto meu marido foi matar as saudades da Biblioteca Municipal Mário de Andrade.  Depois nos encontramos para almoçar em Pinheiros.  Perto do local do almoço fomos em dois sebos e já comprei mais 4 livros.  No final da tarde tentamos fazer um lanche  no Shopping Paulista, pois não tínhamos agendado nenhum amigo para estar, mas sem sucesso - muita gente, muito barulho e então fomos comer na padaria "Moça Paulista" perto do hotel (aliás, praticamente comemos sopa lá todos os dias no fim da tarde).

No domingo só tínhamos compromisso às 15 horas então fomos caminhar na Av. Paulista - andamos de ponta a ponta - gostamos de ver os artesãos e seus trabalhos. Às quinze horas, nos dirigimos para o Sumaré para encontrar um casal que não víamos há muito tempo - foi uma boa visita, pois trocamos ideias similares e a casa deles é bem agradável.

Na segunda feira tomamos um ônibus para São José dos Campos no terminal Tietê (bendito metrô que nos leva a vários lugares) para visitar parentes - minha sobrinha mais nova e o marido estão morando temporariamente em Montreal, no Canadá e eles vieram matar as saudades dos pais (dela e dele) - almoçamos com eles e voltamos para Sampa para o hotel.

Na terça feira voltamos para a Chácara Santo Antônio para almoçar com uma amiga querida (bem, todos os nossos amigos são queridos...)e tomamos lanche no Campo Belo na casa de uma prima de minha mãe que eu não via há uns 25 anos.

Na quarta feira tínhamos o dia livre.  Na parte da manhã fizemos uma simulação - em outubro participarei  de um congresso perto do terminal Barra Funda - e como não conhecia o lugar, resolvemos ir até lá para que no dia do congresso eu não me perca "muito"...

Após o  almoço foi o momento mágico para mim - meu marido que é um grande conhecedor e admirador do centro de São Paulo me levou para um tour à Praça da República, Av. São Luiz, Av. São João - foi a primeira vez que vi o famoso Edifício Itália e o Copam (quase uma pequena aldeia).

A tristeza maior foi ver um coreto na Praça da República inteirinho sujo com urina e fezes.  Que pena que muitas pessoas não são educadas a preservar o patrimônio público - não há policiamento ostensivo para esse tipo de vandalismo... Em frente à esse coreto tirei foto de uma seringueira gigantesca maravilhosa (é a foto da capa desse texto).  O centro é bem arborizado, as ruas são largas e percebi o quanto Curitiba não tem muitas árvores no centro - temos a Praça Osório que as tem e a rua Comendador Araújo tem algumas árvores grandes.  Entendo que as ruas de Curitiba são mais estreitas e talvez por isso não tenha muitas árvores.  Amei ver o centro de Sampa - tomamos um cafezinho na esquina da Av. São Luiz com a Av. Ipiranga - foi mágico - parecia estar em outro país.

Na quinta feira voltamos sãos e salvos e felizes de ter estado com amigos - eles são o melhor nessa época de nossas vidas.

Boa semana!



 

sábado, 12 de julho de 2025

"ATÉ QUANDO CATILINA?"

Olá leitores,

Atualmente tenho visto, presenciado e ouvido tantas coisas estranhas acontecendo  no mundo e, principalmente no Brasil, que nada mais me surpreende.  Passados cinco anos da "fraudemia" e ainda existem pessoas dormindo em "berço esplêndido" (aliás essa expressão/frase deveria ser eliminada de nosso hino - talvez ela seja responsável por termos ficado adormecidos por tanto tempo).

Parafraseando uma figura política, da qual não vale a pena nomear, "A pandemia foi a melhor coisa que aconteceu..." - para mim e para muitas pessoas que "sobreviveram lucidamente" a ela foi um divisor de águas.  Aqueles que acordaram viram um novo mundo a se descortinar frente aos seus olhos - no bom e no não tão bom sentido.  

O mundo que achávamos que estávamos vivendo não é real. Tudo é uma simulação parecida com o filme "O Show de Truman" - a diferença é que nessa película o espaço da cidade é limitado.  A nossa "realidade" acontece no planeta como um todo.

Melhor eu me explicar.  Aquilo que acreditávamos ser a vida - nascer, estudar/brincar, namorar, arranjar emprego, trabalhar até se aposentar, se aposentar, envelhecer, morrer - não é bem assim.  Muitas "teorias da conspiração" surgiram e algumas delas não são teorias.

O melhor exemplo é o antigo livro de George Orwell "1984" (já escrevi um texto sobre ele) - outras obras deste autor também são muito boas; outro livro que trata dessa mesma realidade em outro contexto de uma maneira mais sutil é "A Revolta de Atlas" (também escrevi um texto sobre esse livro) onde Ayn Rand dá uma boa ideia (na minha opinião) de como poderemos sair dessa sinuca.  Livros à parte, quero compartilhar um pouco do meu "desabrochar" ou "acordar" desse sono que pareceu longo demais.  O termo "desabrochar" até serve melhor nessa fase pois foi como um "renascer" para uma nova realidade (mas qual é a realidade?).

Durante a "fraudemia", como não podíamos sair e ir onde quiséssemos, assistimos, meu marido e eu, muitos filmes, documentários, canais diferentes do YouTube e descobrimos um novo mundo: ETs, meditação (fizemos e fazemos muita meditação), geografia política (apelidada hoje de geopolítica), história dos povos e mais que tudo, tentamos e ainda continuamos a tentar compreender a NOM - Nova Ordem Mundial (também escrevi um texto sobre isso superficialmente).

Até entendo que o planeta está superpopuloso, mas há regiões sem excesso de pessoas - a maioria prefere as zonas urbanas, enquanto o meio rural escasseia de população.  Com a população excessiva num local também escasseia a instrução, o trabalho - também um causador de "adormecimento" - as pessoas leem menos, estudam menos e por conseguinte, raciocinam/pensam menos - atualmente pensar por si próprio virou egoísmo, individualismo, solitude - para o meio social temos que ter uniformidade, pensamento único, harmonia.  A diversidade (de sexos, não de opiniões) é buscada, mas a cada dia temos muitas brigas, revoltas, falta de paciência, tolerância com os diferentes (e hoje os diferentes são os que estudam, que leem, os mais velhos).  Os de opinião X não querem tolerar os de opinião Y - só aceitam a si próprios como pessoas tolerantes, os outros é que são intolerantes - é como o livro 1984 "Guerra é Paz".

Bem, parece até que saí do tema - mas não - o texto é um desabafo sobre como as pessoas são manipuladas (ainda sou uma delas em algumas áreas) e não percebem e se percebem preferem assim - o mundo ficou apático, eu diria até medíocre.  Não se pode falar nada às claras.  Só os corajosos, aqueles que não tem nada a perder, aqueles que entenderam que o mundo espiritual, a alma, o bem estar, o estar em paz dentro de si é o mais importante para a vida, conseguem se expor.  Para aqueles que já entenderam para onde o mundo caminha sabem do que estou falando.

A cada dia que passa fica mais difícil voltar ao normal (mas o que é o normal?).  Para mim, a moral é começo do "normal" - Onde podemos aceitar que matar, roubar, mentir, ludibriar, manipular é bom? Quando começamos a aceitar que "bandidos" fiquem "incomodando" a vida dos outros, onde precisamos colocar grades, cercas elétricas, câmeras, em nossas casas para podermos viver bem? Quando começamos a aceitar que alimentos processados em indústrias de grande escala são bons para nossa saúde? Quando começamos a aceitar que todo medicamento quimicamente modificado (às vezes até com derivados de petróleo) é bom para nosso tratamento ao invés de frutas, verduras, plantas medicinais, ervas naturais ou até tomar sol? Quando começamos a aceitar como normal termos animais "domesticados", presos em nossas casas sendo alimentados por ração e muitas vezes maltratados (imagine pássaros em gaiola com asas para voar...)? Quando começamos aceitar como normal retirar todas as árvores de uma rua porque "as folhas" entopem bueiros e sujam as calçadas? Quando começamos a aceitar o lixo acústico (eles chamam de música), a fumaça, o barulho de vizinhos como se isso fosse "direito" deles? Aonde está a polidez, o bom senso, o respeito de um ser humano por outro? Quando começamos a comprar compulsivamente roupas e objetos pois o "novo" nos traz mais conforto e faz-nos sentirmos especiais? E o que dizer do lixo acumulado no planeta do descarte de nossas roupas e objetos "velhos"? Quando começamos a tirar a terra, as plantas e árvores de nossas casas e começamos a substituí-las por cimento, lajotas, porcelanato, asfalto nas ruas porque isso é (ou era) o retrato do progresso? Até quando vamos aceitar pagar impostos/taxas sobre nossa casa própria, nosso carro, nosso trabalho? "Até quando Catilina?"

Pois é - acordei para  muitas coisas que não percebia como excrecências da dita raça "humana" - e achava tudo normal.  Hoje, pós-pandemia me vejo como "um cego em tiroteio" ou "um cachorro caído de um caminhão de mudança" como dizem.  Mas vou levando: aprendo a cada dia onde não quero estar e com quem não quero compartilhar minha vida, meus pensamentos, meus sonhos, minhas coisas e minha dores.  Compartilho com vocês, leitores do meu blog e acredito fazer "eco" em alguns poucos de vocês.

Desculpem o desabafo!

Boa reflexão!

Boa semana!

P.S.: A expressão "Até quando Catilina?" se encontra explicada em um texto do blog  de dezembro de 2024 intitulado "Megalópolis parte 1".

 


 

 

sábado, 5 de julho de 2025

"O ESTRANGEIRO"

 Caros leitores,

Nosso livro do mês, em nosso Clube de Leitura foi "O Estrangeiro" de Albert Camus, "um escritor, filósofo e jornalista franco-argelino (ele nasceu na Argélia) conhecido por suas contribuições à literatura e ao pensamento filosófico do século XX.  Em 1957, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura.

Em sua produção literária e filosófica, Camus destacou-se por abordar questões como a liberdade, a justiça e a responsabilidade individual.  Sua filosofia, frequentemente associada ao Absurdismo, enfatiza a contradição entre a busca humana por sentido e a aparente indiferença do universo.  Entre suas obras mais conhecidas estão "O Estrangeiro" (1942), "O Mito de Sísifo" (1942) e "A Peste"(1947).

No campo político, Camus posicionou-se contra o Totalitarismo criticando tanto o fascismo quanto o stalinismo.  Sua postura crítica em relação à União Soviética e ao Partido Comunista Francês levou a divergências com outros intelectuais, como Jean- Paul Sartre." (Wikipédia).

"O Estrangeiro" é denso, pesado, mas tem seu propósito - a reflexão.  Quando comecei a ler achei a linguagem do livro "pobre", direta.  Inclusive achei que tinha comprado uma edição adaptada/condensada - mas depois descobri, conforme fui lendo, que foi uma ideia proposital do autor - o personagem Meursault (o tal "estrangeiro") era uma pessoa assim - pouca reflexão, vivia de uma maneira simples, e aparentemente era uma pessoa insensível (era o que os outros o consideravam).  No funeral da mãe não mostrou grandes emoções, não chorou e depois do mesmo foi nadar.  Em tempo, a mãe vivia num asilo e ele pouco a visitava.

Não irei contar toda a história mas ele comete um crime lá pela segunda metade do livro e é condenado.  Entretanto, nas entrelinhas, ele foi condenado mais por sua insensibilidade (também ao cometer o crime) e não pelo crime propriamente dito. Em seu julgamento, o procurador afirmou "Acuso este homem de ter assistido ao enterro da mãe com um coração de criminoso".

Para mim, este livro fala mesmo sobre "a contradição entre a busca humana por sentido (entendo que o personagem não vê sentido nas coisas que faz) e a aparente indiferença do Universo" (como está no Wikipédia).  Ele comete o crime por causa do calor excessivo e a luz do sol do local em seus olhos, por sua falta de paciência com os outros - no interrogatório do juiz de instrução ele pensa "Como sempre que me quero desembaraçar de alguém que já nem estou a ouvir, fiz menção de aprovar", entre outros fatores, na minha opinião.

A leitura da obra não foi fácil, confesso.  Mas a discussão do grupo foi rica em reflexões.  O personagem é o estrangeiro do título, uma vez que seu comportamento é bem diferente do que se espera de um ser humano e por essa razão achei muito interessante a sua leitura.

Que tal ler e buscar sua própria reflexão?

Boa semana!



sábado, 28 de junho de 2025

VONTADE

Olá leitores,

Os dois textos anteriores "Baixa Estima" e "Vício" e o de hoje "Vontade" foram baseados no livro de Hammed "As Dores da Alma".  O texto de hoje é uma pequena conclusão dos dois anteriores.

A baixa autoestima e o vício estão ligados na medida em que eles são válvulas de escape, maneira de fugir à responsabilidade, de arcar com os próprios atos, de tomar a vida com as próprias mãos.  A fuga da realidade acontece por medo, por preguiça, por comodidade - fatores estes passíveis de serem descobertos fazendo-se uma profunda autoanálise.

Podemos dizer que a maioria dos vícios tem como origem o egoísmo.  Se a causa maior dos vícios está no egoísmo, parte do caminho está percorrido.  Resta compreender de que instrumentos o egoísmo faz uso para continuar existindo.  A partir do conhecimento das causas, pode-se chegar ao exercício da vontade.

Uma vez descobertas as causas da baixa autoestima e concomitantemente, dos vícios, como desenvolver a vontade?

Antes de mais nada observemos que a vontade é a expressão do livre-arbítrio e é constituída dos seguintes fatores dinâmicos:

Impulso

Surge no campo sentimental, e em nível emocional, surge a elaboração mental, plasmando ideias, prevendo obstáculos, ponderando possibilidades, articulando pensamentos e avaliando a própria capacidade de realização.  Parte importante da vontade, pois sem o impulso, não há concretização da mesma.

Autodomínio

Fase de combate dentro de cada um onde contornam-se dificuldades íntimas, exercendo domínio progressivo sobre as paixões e apegos, combatendo momentos de desânimo, e assim vencer os obstáculos criados pelas próprias fraquezas, limitações psicológicas, incertezas e receios.

Deliberação

Para deliberar é preciso conhecer amplamente as circunstâncias favoráveis e desfavoráveis do assunto em questão.  Há que se dinamizar em cada um o hábito de observar, analisar e avaliar os acontecimentos do dia-a-dia.  O hábito da análise coloca a imaginação e a criatividade em ação, ampliando assim a capacidade mental.

Determinação

É o primeiro ato da ação.  Mas antes da ação propriamente dita, deve-se programar as ações a serem formadas, relacionar os passos a seguir e empenhar-se em cumpri-los com rigor, firmeza, energia e coragem.

Ação

A ação é a concretização dos impulsos que foram articulados nos pensamentos.  É a ideia condensada, materializada numa realização.

Em resumo, a vontade é semelhante a um projétil tendo como alvo o conjunto dos vícios e defeitos.  A vontade não estaciona no impulso, prossegue no autodomínio, se firma na deliberação, começa a tomar forma na determinação e se concretiza na ação.

Todas essas etapas para exercer a vontade ocorrem de maneira rápida, dinâmica e até, em muitos momentos, inconscientemente.  Mas, para o iniciante na arte de exercer a vontade, há que se imbuir de disciplina, constância, otimismo - sem esses auxiliares, a autoestima não aparece o vício não é eliminado.

Boa reflexão!






 

sábado, 21 de junho de 2025

VÍCIO

Caros leitores,

De acordo com o dicionário Aurélio, vício é:

1. Defeito grave que torna uma pessoa ou coisa inadequada para certos fins ou funções.

2. Inclinação para o mal (nesta acepção opõe-se a Virtude).

3. Costume de proceder mal; desregramento habitual.

4. Conduta ou costume censurável ou condenável; libertinagem, licenciosidade.

5. Costume prejudicial.

A causa fundamental dos problemas encontra-se no psiquismo humano o qual comanda todo o organismo.

Alguns de nossos hábitos preferidos se formam em nossa vida. Em sua formação, eles podem ter servido como válvula de escape para baixar a ansiedade em situações difíceis.  Entretanto, o que funcionou muito bem em situações importantes de nossa vida, pode ser desnecessário em outros momentos, mas pode vir a ser reproduzido sem termos consciência disso.  Essa é a descrição da origem de vício.

O vício é um "erro de cálculo" na procura da paz e da serenidade, porque todos, sem exceção, queremos ser felizes e buscamos aquilo que nos acalma, que nos tira da angústia e da depressão.

Nesse sentido, podemos perceber que nosso mundo está moldado de acordo com nossos anseios interiores e baseados neles buscamos desenvolver atitudes cada vez mais adequadas e coerentes em favor de nós mesmos.

Por causa dessa visão unilateral, onde apenas enxergamos a nós mesmos como centros do mundo, em muitas ocasiões podemos não perceber nossa inadaptação à vida social, terreno fértil para algum tipo de vício.

Aquilo que à primeira vista, pode nos trazer "conforto", pode nos destruir.  Aqui "conforto" é visto como uma comodidade em adaptar-se ao mundo como ele se apresenta.  O viciado seria, então, um "conservador" temeroso de se lançar à vida, pois sente-se ameaçado pelo mundo.  O vício seria esse método defensivo assumido na vida para evitar o contato com o mundo, nesta forma inadequada de promover segurança e proteção para si próprio.

Em realidade, alguns vícios podem até trazer, momentaneamente, proteção e segurança contra o mundo, mas impedem que o indivíduo viva o que deve viver, dificultando desta maneira seu crescimento pessoal, social e espiritual.

Para compreender melhor como o vício se mantém falemos um pouco de crenças.  Crença é a ação de acreditar naquilo que convencionamos adotar como verdade.  Entretanto, algumas crenças são reais e outras não.  Para descobrir aquela que é verdadeira, o uso da razão, do raciocínio faz-se necessário.  Muitas vezes as crenças atravessam a história através de uma tradição ou costume criado por alguém.  Com o passar dos tempos, algumas são descartadas por sua inadequação com a época atual.  Mas existem aquelas que estão enraizadas na cultura de um determinado povo, de tal maneira que seja difícil questioná-las.

E é também baseados em crenças que muitos viciados são taxados de preguiçosos, indolentes, desocupados, "parasitas sociais", improdutivos.  Em verdade, os dependentes possuem esse "fardo" que lhes dá uma lassidão energética que faz com que passem a viver constantemente "embriagados na alma", por causa dos fluidos de tédio, fadiga e abatimento. Inconscientemente usam esse desânimo como estratégia psicológica para fugirem ao trabalho e enfrentar as suas vidas plenamente.  Eles adiam seus compromissos e dizem que no futuro agirão diferentemente, pois desta maneira, não admitem que não irão mudar.

Sócrates disse: "Não é ocioso apenas o que nada faz, mas também o que poderia empregar melhor o seu tempo." A ociosidade é uma porta aberta de fácil acesso a todas as viciações.

Mas, mais cedo ou mais tarde, essa a ociosidade lhes pesa e surge o desejo de progredir que os incita a atividade e eles então tornam-se felizes por poderem tornar-se úteis.

Agora lembro-me da história do escritor do livro "Um gato de rua chamado Bob" James Bowen. Ele era viciado, vivia precariamente e um dia um gato o adotou e por causa do gato, ele conseguiu livrar-se do vício, fez tratamento e escreveu o livro sobre a história dele e do gato. Ele comenta no livro que uma das coisas que ele mais ficou feliz foi quando com o dinheiro das vendas do livro ele conseguiu pagar seus impostos. Ele recebia uma ajuda do governo e ficou grato por poder "pagar" de volta aquilo que ele "entendeu" como sendo um empréstimo do Estado; sentiu-se bem de poder depender de seu próprio trabalho.  Engraçado, penso que em realidade, ele ficou feliz por conseguir fazer parte da sociedade, coisa que o deixava infeliz por viver à margem da mesma.

Mas como fazer com que o desejo de progredir surja mais cedo em nossas vidas? Bem, o homem é dotado de criatividade.  É um dos atributos mais importantes no ser inteligente.  Através da imaginação ele penetra os mais insondáveis terrenos das ideias.  Quando bem conduzida leva-o através do mundo da Física, da Química, da Biologia, da Anatomia, da Fisiologia, da Psicologia e desta maneira o impulsiona para a evolução.  Entretanto quando mal conduzida pode levá-lo a outros lugares.  Pela sua imaginação, ele pode criar carências, envolvendo-se dessa maneira nos prazeres, na absorção das sensações  e pode perder-se nos torvelinhos da vida de viciações como vimos anteriormente.  Então como livrarmo-nos dos vícios, ou até mesmo como evitá-los?

Se eles, primeiramente, fazem parte do mundo das ideias e do nosso mundo inconsciente, tratemos de descobrir suas causas.  Caso isso seja de difícil acesso, podemos nos perguntar qual a sua utilidade, a sua necessidade em nossas vidas.  Lembremo-nos de que além do fumo, do álcool, dos tóxicos, do jogo, da gula, dos abusos do sexo, outras formas de viciação podem ocorrer.  Por exemplo, excesso de limpeza e/ou organização, hábito de comprar roupas compulsivamente (averiguemos nosso guarda-roupa para constatar se não temos roupas em excesso), vício da maledicência, da crítica, do pré-julgamento, de reclamar de tudo, etc.  Esses podem tornar-se hábitos repetitivos, condicionamentos que aceitamos por comodidade muitas vezes sem quaisquer reações contrárias.  Nesses casos, a vontade exerce enorme influência na "cura" desses males.

Lembremo-nos também de que raramente estamos sozinhos nos vícios.  Temos também a companhia daqueles que se utilizam dos mesmos males.  Eles são fatores de indução para a contínua prática dos vícios.  

O objetivo maior na luta para combater os vícios é compreender razoavelmente as características dos mesmos e buscar os meios para eliminá-los.

Boa reflexão!


 





sexta-feira, 13 de junho de 2025

BAIXA ESTIMA

Caros leitores,

De acordo com o dicionário Aurélio, Estima é:

1. Sentimento da importância ou do valor de alguém ou de algo; apreço, consideração.

2. Afeição, afeto, amizade.

Portanto, baixa autoestima é o pouco ou nenhum valor ou consideração que se dá a si próprio.

Um dos sentimentos relacionados à baixa estima é o complexo de inferioridade onde o indivíduo sente-se inferior aos outros.  Em realidade, este sentimento foi inserido no inconsciente da criatura desde a infância provocando culpa, sensação de inadequação, constante frustração por causa da desvalorização da capacidade e habilidade pessoais por outras pessoas ou até pela própria pessoa.  Na maioria das vezes o indivíduo não tem consciência de sua baixa estima.  Ele sente-se inferior, mas não consegue compreender o motivo.

Alfred Adler, psiquiatra contemporâneo de Freud, afirma que "atrás das atitudes daqueles que se apresentam perante os outros com uma postura de superioridade, é possível a existência de um sentimento de inferioridade". Isso ocorre porque muitos tentam compensar seu sentimento de inferioridade exaltando ou exagerando a própria personalidade.  Podem ter tendência a arrogância, delírio megalomaníaco (mania de grandeza), preferência pela ostentação.

Lembremo-nos de que todos nós trazemos bagagem que nos foi transmitida pela família e pela sociedade.

Uma das raízes de todo complexo de inferioridade é o materialismo.

Quando acreditamos que tudo "ocorre por acaso", perdemos nosso valor interno e externo.  Não aceitamos a grande riqueza de nosso mundo interior e do Universo e não acreditamos na plenitude da Vida Maior, e desprezamos a Ordem Divina.  Se tudo acontece por "sorte", por acaso, de que adianta crescer obedecendo as Leis Naturais (Divinas) que regulam tudo e todos?

Voltaire disse que o "acaso não é, não pode ser, senão a causa ignorada de um efeito desconhecido."

O materialista precisa acreditar que é superior para compensar sua crença na pequenez da existência ou na falta de sentido em que vive.  Por outro lado, o ser espiritualizado sabe que não é pior nem melhor que o outro e sabe que cada um é tão bom quanto pode ser.  Ele age com os seus sentidos voltados para a Eternidade.

Sempre é possível transformar o estilo de vida (atitudes, comportamentos, crenças).  Nesse caminho há de se valorizar nossas forças interiores, aquelas que foram construídas no decorrer da vida.  Elas estão ao nosso dispor, já existem em nós por direito divino ("Vós sois deuses" afirmou Jesus).

Existe outro sentimento que advém do dito complexo de inferioridade: é o sentimento de auto piedade.  Este pode nos tornar doentes fisicamente.  Quando temos pena ou dó de nós mesmos, somatizamos essas emoções negativas em forma de doenças.  É a forma física de expressar uma atitude interna, ou mesmo um conflito.

Outro passo na cura da baixa autoestima é a expansão da consciência.  Os acontecimentos em si mesmos só têm sentido quando aprendemos a discernir o que há por trás dos aspectos físicos dos mesmos.  Quando não interpretamos os fatos da vida e o seguimento natural de seus destinos, nossa vida mergulha numa total falta de sentido.  A intenção da doença e seu objetivo nas pessoas de baixa autoestima aparece como alerta de que há uma descompensação psíquica (ou seja, o sentimento de inferioridade) e da necessidade de harmonização.

Aqueles que sentem auto piedade possuem pouca visão de seu ritmo interno, não valorizam seu mundo íntimo e nem desenvolvem o potencial inato (intuição, inspiração, percepção).

O maior sentido da vida é a conscientização da riqueza de nosso mundo interior.  Estamos todos em busca da perfeição, e para consegui-la trilhamos o caminho do autodescobrimento.  Somos essências divinas.

Para reconquistar a autoconfiança perdida, observemos algumas afirmações:

- Temos o potencial de tomar nossas próprias decisões e as tomaremos, respeitando as dos outros.

- Somos uma individualidade divina totalmente diferente dos outros.

- Fazemos as coisas porque gostamos e elas nos fazem sentir plenitude e não para agradar as pessoas.

- Novos relacionamentos estarão sempre acontecendo e para tanto não há porque ter medo de sermos abandonados.

- Fazendo uso do bom senso, as críticas e desaprovações não nos atingirão facilmente.

- A Luz Maior que há em nós é de extrema confiança - ela sempre nos guiará pelos melhores caminhos. 

Depende exclusivamente de nossa vontade vencer os obstáculos da baixa autoestima, que nos impedem de alcançar a plenitude das realizações pessoais de nossa vida.

Pensem nisso!

Boa semana!




 




 

sábado, 7 de junho de 2025

UM DIA ESPECIAL

Caros leitores,

Vocês já se perguntaram se vocês têm um dia da semana favorito? Aquele dia da semana que vocês esperam com uma certa ansiedade, uma expectativa de fazer, de realizar aquilo que gostam?

Pois para mim existe um dia do qual espero que sempre seja uma grata surpresa, com momentos especiais, com pessoas interessantes e muitas situações que trazem reflexões para o resto da semana.  Esse dia é o domingo.

No passado, nos meus dias de "trabalhadora do Brasil", quando trabalhava e estudava de segunda a sexta, eu preferia o sábado, pois era o meu descanso das atribulações da semana e onde eu passeava, via os amigos, ia ao cinema, ao teatro, ou jantava fora e namorava.  Nessa época, eu odiava o domingo.  Era o dia da preguiça, de acordar tarde, ficar em casa, muitas vezes sem vontade de fazer nada, aguardando a segunda feira, onde eu me sentia útil trabalhando e estudando, ganhando o meu dinheiro para gastar nos sábados e comprar coisas que hoje considero supérfluas.  Ah! A juventude! Muita ilusão, pouca realidade!

Hoje, mesmo aposentada continuo trabalhando - mas agora com coisas mais interessantes que me dão prazer de executá-las.  Sou psicóloga clínica (a maioria de vocês já sabe) e agora começo numa nova atividade - a partir do segundo semestre começo a trabalhar com radiestesia terapêutica (RT), mas isso é um assunto para outro texto.

Então hoje os domingos, ao invés de serem dias entediantes como o eram no passado, são meus dias prediletos.

Claro que nesse dia estou com minha alma gêmea (meu marido) e fazemos tudo juntos.

Como temos um encontro num grupo de estudo filosófico às 8 horas, acordamos às 4 horas para tomar nosso dejejum com calma e tranquilidade - gostamos de colocar os assuntos em dia no café da manhã - para depois de vestidos, arrumados, cama feita, louça lavada (pelo meu marido, thank God!) saímos às 7 horas para pegarmos o ônibus às 7:20 hs (não temos carro e preferimos assim).

Depois desse "bate papo" com o grupo, vamos assistir a uma palestra sobre espiritualidade em outro local (na qual sempre cochilamos um pouco, porque acordamos muito cedo e falamos e discutimos com o grupo das 8 horas assuntos densos e profundos e algumas vezes, dependendo do palestrante do dia, dá sono mesmo...)

Depois da palestra vamos ao "nosso" restaurante de domingo (ficamos amigos dos donos pois vamos a esse lugar aos domingos desde 2013). Aí começa a surpresa e a  aventura - após o almoço escolhemos um lugar para ir - podemos ir ao cinema (dependendo se existe algo que preste para ver), a um dos parques de Curitiba (são muitos), a um museu, visitar uns amigos (temos um casal de amigos que mora em outro município, aí temos que pegar um Uber), enfim, há muito que escolher na cidade.

Depois do passeio, vamos a uma cafeteria que chamamos de nossa num shopping. Ela fica no andar superior do mesmo e tem um salinha onde podemos tomar nosso cafezinho sossegadamente (a maioria das pessoas prefere ficar num outro espaço fora dessa salinha, no hall do shopping).  Só posso tomar café descafeinado (depois de um tempo nessa vida, meu estômago resolveu não aceitar o café usual), não como açúcar e não como glúten (esses dois ingredientes por escolha, pois percebi que meu organismo reage melhor a essa dieta).  Então nessa cafeteria tem tudo isso - café descafeinado, bolos e salgados sem glúten, sem lactose e o bolo de chocolate Lindt que degustamos todos os domingos é feito com açúcar de beterraba (o qual me dou licença de consumir uma vez por semana).  

Nesse local, meu marido e eu, discutimos sobre nossos planos futuros, sobre o que foi discutido no grupo de estudo, o que versava o tema da palestra e, se fomos ao cinema, discutimos sobre o filme.  É o momento de muitas reflexões e é por isso que gosto dos meus domingos atuais.

Para terminar esse dia que considero glorioso, vamos para casa no fim da tarde e então comemos pipoca e escolhemos um filme em algum canal de streaming.

Ao deitar, agradeço a Deus por esse dia esplêndido e durmo como um "anjo"!

E vocês, também têm um dia da semana que consideram especial? Contem-me vossas experiências.

Boa semana!






 

VISITA A SÃO PAULO

Caros leitores, Este ano, em nossa ida para Sampa para visitar amigos que lá deixamos, visitamos 15 pessoas.  O ano passado ficamos 6 dias e...