quarta-feira, 16 de março de 2022

IR E VIR

Caros amigos leitores,

Ultimamente muito se tem pensado sobre a liberdade de ir e vir que outrora tínhamos no meio social.  Com a pandemia ficou claro que nunca a tivemos - havia a ilusão de nos acharmos livres de tudo e de todos.  É certo que dependemos uns dos outros em muitas circunstâncias da vida, entretanto essas "circunstâncias" obedeciam à nossa livre vontade ou à nossa necessidade.

Por exemplo, se tenho fome, tenho a necessidade de me alimentar, então se moro numa casa, compro alimentos e os preparo; se não os quero preparar vou até um restaurante e me alimento;  se não moro numa casa e não tenho os meios para comprar os alimentos posso tentar contar com a ajuda de alguém para suprir essa necessidade básica - assim creio ter exemplificado a liberdade de ir e vir no quesito necessidade.

Durante a pandemia essa liberdade nos foi tirada por aqueles que acreditavam que deveriam nos proteger de nós mesmos e nos proteger uns dos outros e então, esses também  nos convenceram de que nossos corpos não nos pertenciam e que nós não saberíamos como nos proteger sem a ajuda deles. O argumento era que não havia hospitais suficientes para cuidar de toda a população caso fôssemos livres para circular aonde nos aprouvéssemos.  Assim a solução era deixar todos trancafiados em suas moradias (e quem não as tivesse?) e caso alguém contraísse a temida enfermidade não "poderia" tomar nenhum medicamento e ficaria isolado em casa.

Em toda essa história pregressa há controvérsias.  Cada pessoa ainda tem a liberdade de acreditar no que quiser.  Mas o fato concreto é que perdeu-se a liberdade e a "capacidade" de ir e vir.

A capacidade de ir e vir é uma conquista de indivíduos libertos de suas paixões, que sabem que sua caminhada em direção aos seus objetivos dependem exclusivamente de suas responsabilidades perante si próprios e ao mundo. Paixões aqui incluem todos os nossos sentimentos que nos aprisionam às já mencionadas "circunstâncias" - tais como a inveja, a raiva, o orgulho, o egoísmo. Ao refletirmos sobre cada um desses sentimentos conseguimos compreender como eles nos "tiram" a liberdade de ir e vir.  Reflitamos juntos sobre eles.

Se invejo um objeto que uma pessoa possui irei pautar minha vida, momentaneamente ou não, em direção a obter esse objeto e, dependendo do tamanho desse objeto dispenderei muito tempo nessa empreitada ao invés de caminhar em direção aos meus objetivos mais nobres.  Claro está que algumas vezes posso invejar a característica de uma pessoa que considero positiva e posso vir a tentar copiá-la para fazer dela uma característica minha.  Mas será que estarei cumprindo o meu "destino" ou ao contrário, por não me aceitar como sou, transformar-me-ei numa cópia malfeita dessa pessoa?

A raiva me leva a perder meus objetivos fazendo com que eu busque vingança; o orgulho me faz galgar locais muito altos com perigo de queda desastrosa; o egoísmo me fecha no meu mundo íntimo criando dificuldades para o meu crescimento pessoal, emocional e até espiritual.

O poder, a dominação, a necessidade de controle também são algemas de vida. Aquele que é livre não necessita dominar os outros - a liberdade é um sentimento oposto à vontade de controlar e possuir.  Muitos acreditam que só serão reconhecidos por seus valores internos, quando dominam os outros.  Isso denota falsa liderança, insegurança e falso conhecimento do mundo e de si mesmos.

Carl Gustav Jung, o psicólogo suíço, disse em seu livro "Psicologia do Inconsciente": "Onde impera o amor, não existe vontade de poder; e onde o poder tem precedência, aí falta o amor."

Quando conseguirmos nos libertar dessas "paixões" conseguiremos caminhar, ir e vir com mais leveza.

Aqueles que nos aprisionaram por medo, incerteza, excesso de controle e poder, não imaginaram que muitos de nós, prisioneiros de suas atitudes, acabassem refletindo sobre a liberdade de ir e vir - foi uma oportunidade valiosa para mudarmos nossos comportamentos de agora em diante.

Aqueles que não conseguiram refletir sobre isso ainda estão prisioneiros.  Mas outros resolveram mudar de rumo em direção aos seus objetivos maiores.

Já pensaram nisso?

Boa semana!







Um comentário:

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