Leitores amigos,
Domingo passado, meu marido e eu fomos ao cinema - assistimos "Pássaro Branco". Pela sinopse e pelo trailer pareceu ser um filme interessante, embora a temática não me agradava muito - a ocupação nazista de 1942 na França. Quem viu um filme da Segunda Guerra enfocando o nazismo, viu todos. A ideia é sempre a mesma - nazistas perseguindo judeus, espiões de ambos os lados, fugas, mortes, torturas e por aí vai.
Entretanto este filme me trouxe algumas reflexões, talvez pela maneira como a história foi montada.
A base central do filme é a bondade, embora tenha sido traduzido como gentileza. A meu ver "kindness" em inglês seja melhor traduzido para o português como bondade.
No dicionário Aurélio temos:
Gentileza = amabilidade, delicadeza, ação nobre.
Bondade = benevolência, qualidade ou caráter de bom.
Atualmente, eu entendo que a palavra bondade não é muito usada e eu até diria é uma palavra com peso muito maior do que a palavra gentileza - aliás, essa última está na moda por causa do "mantra" "gentileza gera gentileza", assim como bondade atrai bondade.
Claro que ambas as palavras podem ser usadas como sinônimos, mas na essência que fica são atos de pessoas boas.
Nos quesitos guerra e nazismo, tive outro insight. Agora que parece estarmos na eminência de uma nova guerra mundial (espero que não), busco uma nova elucidação do porquê elas ocorrem. A internet nos faz acreditar que os "donos do mundo", os ditadores querem uma nova guerra para diminuir a população ou até para fazer uso (finalmente...) das armas mais potentes/nucleares que eles criam/criaram. Talvez as guerras sejam apenas resultado de mentes doentias, muitas delas com corações cheio de maldade. Com certeza existem muitas razões para esse tipo de atitude, mas o que me chamou a atenção no filme foi a maldade "gratuita" de jovens não judeus contra jovens judeus (embora em todos os filmes de nazismo essa atividade ocorre) - estudavam todos na mesma classe em Paris, mesmo durante a ocupação alemã e, de repente, foi dada a ordem para prenderem todos os judeus e que estes fossem colocados em campos de concentração. Então jovens franceses que não eram judeus começaram a perseguir os colegas judeus - a ordem é dada de cima e não houve questionamento - simplesmente aqueles de índole má começaram a perseguição dos judeus, na minha leitura do filme.
A mídia da época (mídia de Hitler, comandada por Goebbels; nós também atualmente temos uma mídia que começa com a mesma letra...) fez com que todos acreditassem que judeus eram pessoas que não prestavam, que não eram seres humanos e que deviam ser eliminados.
Tudo isso me transportou para os dias de hoje no Brasil, onde a mídia colocou a esquerda e direita em lados opostos da vida - quem é de esquerda não tolera quem é de direita e vice-e-versa. O mais interessante de tudo - não há questionamento ou mesmo reflexão - é como se você tivesse que escolher um lado e caso você não se identifique com nenhum dos dois, você é considerado um "morno", um banana, um "em cima do muro". Afinal de contas nossa mão esquerda e nossa mão direita fazem parte do mesmo corpo, ou não?
O filme fecha com chave de ouro nos encorajando a praticarmos a gentileza onde estivermos para que a cada dia de nossa existência faça sentido para nós e assim possamos chegar ao fim dela sendo reconhecidos como uma pessoa boa. Em realidade, não apenas pelo reconhecimento, mas também pela boa ação, pois quando usamos de bondade para com todos que cruzam nosso caminho, sentimo-nos muito bem e em paz.
Agora lembrei-me que existe um outro filme que traz uma pessoa boa transformando-se, pelas circunstâncias, em soldado nazista: "Um Homem Bom" com Viggo Mortensen.
Reflitamos!
Boa semana!